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Luiz Lacerda Biagi

Diretor da Sermatec

Op-AA-10

Amigos para sempre

Quando o William Domingues, Editor da revista Opiniões me ligou, convidando-me para escrever o Editorial de abertura da revista desta edição, com tema livre, onde deveria me preocupar em falar muito mais sobre a minha experiência de vida do que da minha experiência profissional, de imediato eu me lembrei de uma frase de Dalai Lama: “Viva uma vida honrada e boa. Assim, quando envelhecer, e relembrá-la, você poderá aproveitá-la, uma segunda vez”.

Voltando para casa nesse fim de semana, na parada no posto, encontrei o Rodrigo Lyra, filho do Bob Lyra e neto do Carlos Lyra. Eu me lembrei de uma amizade que nasceu na Usina Caeté, há muitos anos atrás, e que me une, até hoje, a essas pessoas. Naquele tempo, já se falava “negócios são negócios, amigos à parte”, mas eu misturei completamente. Os amigos foram sendo feitos nas relações de trabalho, nas viagens longas onde a gente ia visitar o cliente, ficávamos hospedados na casa dele, porque os hotéis não eram adequados, ou não existiam.

No Brasil, principalmente em Pernambuco, Alagoas e Bahia, grandes amigos surgiram nessas visitas, às vezes longas, que duravam até semanas. No Nordeste, aprendi muito, com pessoas muito competentes nas usinas de açúcar. Quando eu voltava para São Paulo, sempre dizia: “Sorte que o pessoal do Nordeste não descobriu São Paulo. Quando isso acontecer eles vão tomar conta aqui do sul, pois competência eles têm.” Depois tive vontade de conquistar novos mundos, novos clientes, novas tecnologias. Então passei a viajar para a América Latina, América Central, Europa e Estados Unidos.

Novamente misturei negócios e amigos. Não aprendi a ser diferente. Para facilitar, tive ainda a felicidade de pegar o tempo da internet, podendo manter contato, com maior facilidade, com tanta gente querida. O assunto que mais me interessa agora são as soluções para as empresas familiares, principalmente, a sucessão e o projeto de Gestão Corporativa. Tenho participado de várias reuniões sobre o assunto e recentemente estive na França, num curso especial sobre o tema.

As empresas vão precisar focar muito nessa área, para resolverem seus conflitos familiares futuros, que serão determinantes para suas sobrevivência. Antes do curso, passando pela estrada entre Madrid e Barcelona, deparei-me com um “mar” de moinhos, gerando energia a partir do vento. Fiquei muito feliz e pensei: “Apesar de tudo, somente o ser humano é capaz de criar coisas que trazem soluções tão incríveis como essa... Gerar energia elétrica economicamente viável com o vento!

Por soluções como esta, vale sempre acreditar! Com relação à expansão industrial em nosso setor, as empresas brasileiras, como um todo, estão concentradas na melhoria e no aprimoramento de suas tecnologias. Nas empresas de nosso Grupo, os principais equipamentos que fabricamos, como caldeiras, difusores e redutores, estão recebendo uma série de melhorias, com grande ganho de produtividade e durabilidade.

Ainda estão sendo construídas usinas com tecnologia antiga, como, por exemplo, baixa pressão das caldeiras, o que não é bom para o futuro desse setor. Falando em geral, considero que a necessidade de expansão do setor é maior do que a atual, pois a demanda de álcool, nos próximos anos, deverá superar a produção, somente para o mercado interno.Todos os países do mundo estão se organizando para melhorar o seu mix de combustível.

No futuro, outros combustíveis vão ser usados com maior eficiência como energia eólica, energia elétrica (com baterias para carros mais leves e com carga para até 1.000 km), gás, baterias solares mais eficientes, etc. O ser humano não quer mais ficar dependente de uma única fonte de energia, como o petróleo. O fato é que existe um leque muito grande de novas tecnologias sendo oferecidas no mercado.

Visitei uma feira na França e fiquei impressionado com a quantidade de novas soluções para os problemas do dia-a-dia, como aquecimento de água de casa, energia solar, biodiesel feito na fazenda, etc. Não sei se as grandes empresas desse setor terão futuro, pois as soluções mais inteligentes, estão sendo aquelas caseiras, dentro da dimensão humana. Quem viver verá! Enquanto isto, vamos vivendo as oportunidades de se fazer negócios. Negócios e amigos.