Me chame no WhatsApp Agora!

Celso Torquato Junqueira Franco

Presidente da UDOP - União dos Produtores de Bioenergia

AsAA17

Apresentação - Anuário de Sustentabilidade 2017
O termo Sustentabilidade passou a ser pauta de importância nas últimas décadas. Com o fim das grandes guerras e a intensificação do desenvolvimento econômico, observamos forte crescimento populacional, aumento no consumo de energia e alimentos e início da exaustão de alguns recursos naturais em locais de grande concentração populacional.

A maioria dos países já ocupa toda a extensão de terras agricultáveis para produção de alimentos. Nas últimas décadas, a ciência tem procurado explicar os impactos que o uso dos recursos naturais causam ao clima, tanto com relação ao desmatamento quanto às emissões de gases de efeito estufa.

Estudos indicam que a manutenção das emissões nos níveis atuais pode elevar a temperatura média da Terra em torno de 2ºC, provocando significativas alterações nos ambientes de produção agrícola e no nível do mar. É fundamental equilibrarmos a ocupação do solo e o uso dos recursos naturais, com objetivo de viabilizarmos a sustentabilidade dos sistemas de produção responsáveis pelo abastecimento de alimentos, água e energia. 
 
Após a divulgação dos riscos de impacto ambiental no planeta, as principais lideranças mundiais buscam alternativas para a manutenção das condições climáticas, preservando, assim, as condições essenciais para a vida. Serão necessários esforços da ciência e da tecnologia, suportados por políticas públicas de âmbito global, buscando equalizar os interesses com regimes regulatórios e tributários, responsáveis por direcionar a produção e o consumo, minimizando os efeitos indesejáveis à sustentabilidade do planeta.

Paralelamente, precisamos viabilizar economicamente o uso de fontes renováveis de energia, que levem a uma redução gradual no volume de emissões. Atualmente, a cana-de-açúcar e seus derivados correspondem a cerca de 17% da energia produzida no Brasil, com o etanol e a bioeletricidade, produzida através da queima da palha e bagaço da cana.

Estudos indicam que atualmente aproveitamos apenas 15% do potencial para a bioeletricidade do setor sucroenergético, considerando também a geração com biogás proveniente da biodigestão da vinhaça. Cerca de 4% do consumo de energia elétrica é proveniente do setor sucroenergético, quando, na verdade, poderia ser 26% com 100% do potencial. Acreditamos que o Brasil possa continuar sendo a principal referência mundial no uso de combustíveis automotivos. 

Dentre as tecnologias em desenvolvimento para propulsão de veículos, a célula de combustível é a que apresenta melhores números, tanto com relação à eficiência (0,7 MJ/km), quanto às emissões (14 gCO2eq/km), quando utilizado etanol como combustível. Seguramente, essa é a melhor solução para ser disseminada no Brasil, pois já dispomos de infraestrutura de distribuição de etanol, o grande gargalo para qualquer outro país. 
 
Nossa tradição do uso da terra criou seus lemas ao longo da história: “A terra não é herança e sim empréstimo que tomamos de nossos filhos”. As regiões mais tradicionais na produção agrícola brasileira vêm ano após ano melhorando sua condição produtiva. Práticas de conservação de solo, correção de pH, plantio direto, rotação de culturas, dentre outras, garantem mais que as condições originais do solo, possibilitando incremento de produtividade, redução de riscos por intempéries e sustentabilidade garantida.
 
O uso da tecnologia vem incrementando o cuidado com o solo, permitindo não apenas a melhoria das condições físicas e químicas do solo, mas também as condições biológicas, com incremento de microrganismos responsáveis por um maior equilíbrio do ecossistema de produção, resultando em menor impacto das pragas e doenças, com menor utilização de defensivos e fertilizantes.

Com todo mérito aos institutos de pesquisa, Embrapa e Escolas de Engenharia Agronômica, podemos afirmar que o produtor brasileiro tem aparato e conhecimento para produzir com técnicas que garantam não somente as condições de produção para as futuras gerações, mas, principalmente, garantir que toda produção atenda a todos os requisitos de saúde exigidos pela legislação.
 
Com boas práticas e produção responsável, o Brasil conquistou confiança no exigente mercado internacional, sendo hoje o maior exportador de açúcar, proteínas animais, café e suco de laranja, sendo o agronegócio brasileiro responsável por um volume de exportações de US$ 86 bilhões em 2016, enquanto a balança comercial fechou com saldo de US$ 47,7 bi. 
 
Simplificando, podemos sintetizar Sustentabilidade como sendo a garantia de que os recursos naturais explorados hoje não comprometam os sistemas de produção para as gerações futuras, promovendo bem-estar econômico e social para as comunidades. O Agronegócio brasileiro é um exemplo para o mundo de sistema de produção responsável e sustentável.