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William Domingues de Souza

Editor Chefe da Revista Opiniões

Op-AA-07

O Brasil, a agricultura e o meio ambiente

Nos últimos 200 anos houve um violento aumento na temperatura de nosso planeta. Em média, a temperatura da superfície terrestre aumentou de 0,3 a 0,6 ºC em relação à era pré-industrial. Em todas as regiões do planeta estão sendo registrados records de aumento da temperatura, trazendo consigo tempestades, furacões, ciclones, chuvas em grande quantidade, enchentes, bem como longas secas e estiagem sem fim.

Todo este descontrole e desarmonia não é obra do acaso ou capricho da natureza. Esta tendência está diretamente ligada às atividades humanas, provocando um aumento do nível de gases de efeito estufa presentes na atmosfera de nosso planeta. O dióxido de carbono, o famoso CO2, é um dos principais destes gases. Ele é liberado por uma série de atividades, dentre as quais a geração de energia para a atividade industrial e de transporte, através da queima de combustíveis fósseis, como carvão, gás e petróleo.

Durante muitos anos, tenho lido relatos de cientistas de todos os cantos do mundo alertando para toda a sorte de catástrofe que nos aguarda, se não forem tomadas imediatas medidas restritivas à manutenção desta situação. O mínimo necessário destas atitudes estão descritas no Protocolo de Kyoto e é público o desleixo com que este assunto tem sido conduzido pelas grandes potências. Leia-se, principalmente, os Estados Unidos.

O brasileiro, de um modo geral, não têm idéia da importância da cana e do álcool neste assunto. Dias atrás reli um estudo que me foi enviado pelo Cientista Professor Romeu Corsini, do Centro de Pesquisas de São Carlos, fazendo uma série de avaliação, dentre as quais uma interessante comparação entre os danos causados pela combustão da gasolina e do álcool.

Combustão da gasolina: Pelos seus cálculos, em uma equação estequiométrica da combustão da gasolina, representada pelo octano, a combustão de 1 litro de gasolina (0,74 kg) no motor, retira da atmosfera 2,597 kg de Oxigênio (O2) e lança nesta mesma atmosfera 2,285 Kg de CO2.

Se admitirmos que cada veículo rode 20.000 km por ano e que consuma 1 litro de gasolina para cada 10 km, na média, cada veículo adicionará por ano 4.570 Kg de CO2 na atmosfera e queimará 5.194 Kg de Oxigênio. Os 600 milhões de veículos existentes no mundo, lançarão, por ano, na atmosfera do planeta, 2,73 trilhões de Kg de CO2 e retirarão no mesmo período, 3,11 trilhões de Kg de Oxigênio da atmosfera.

Combustão do álcool: Pela mesma base de cálculo, a combustão do álcool, representada por 1 litro de etanol (0,8 kg) no motor, retira da atmosfera 1,669 kg de Oxigênio e lança   1,53 Kg de CO2. Mas a maior vantagem está por vir. Na fotossíntese ocorrida quando do crescimento da biomassa vegetal necessária à produção de 1 litro de álcool, considerando não apenas a cana limpa, mas também as folhas, ponteiros, raízes e algumas perdas, é retirado da atmosfera o equivalente a 8,8206 Kg de CO2 e acrescentados nesta mesma atmosfera 6,4116 Kg de Oxigênio.

Descontando dos ganhos da fotossíntese o dano causado pela queima do combustível, e também considerando os 0,765 Kg de CO2 gerados pela fermentação de 1,6 Kg de açúcar, necessários à produção de um litro de álcool, teremos como resultado final o seqüestro de 6,5256 Kg de CO2 e a injeção na atmosfera de 4,747 Kg de Oxigênio, para cada litro de álcool queimado no motor.

Baseado nesses cálculos, conclui-se que um motor a álcool compensa a poluição em CO2 causada por 3 motores a gasolina. Em termos práticos, quando tivermos, no mundo, um terço de veículos a álcool estaremos compensando toda a poluição dos 600 milhões de veículos que usam combustível derivado de petróleo.

Para afinar estes números ainda poderíamos considerar o CO2 da decomposição da palha no campo, da queima do bagaço nas caldeiras, da fermentação das dornas e até do diesel consumido pelas máquinas no campo. De toda forma o balanço ainda será positivo. O álcool comprovadamente é um prodigioso despoluidor, retira o gás carbônico da atmosfera e ainda a enriquece com um valioso acréscimo de oxigênio.


Boa leitura.
Até a próxima.
Fiquem em Paz.