Editor Chefe da Revista Opiniões
Op-AA-03
A CIA, a Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos, prevê que dentro de 15 anos, a economia do Brasil será maior que a maioria dos países da Europa. Órgãos das Nações Unidas prevêem que o Brasil será o maior país agrícola do mundo em dez anos. Dezenas de outros relatórios de competentes e renomadas entidades mundiais fazem citações, com uma segurança nunca antes a nós dedicada, prevendo um cenário de crescimento e estabilidade realmente maravilhoso para o país.
Quase todas estas citações lastreiam-se em um avanço sustentado pela agricultura nacional. No que depender da performance do setor sucroalcooleiro, tais previsões tem enormes chances de viabilizarem-se. Segundo uma recente pesquisa de um dos maiores fabricantes de fertilizantes do mundo, com filial no Brasil, nada menos que 41 novas usinas deverão entrar em funcionamento nos próximos 5 anos, representando um aumento de 12% do número de unidades instaladas no país.
Quase a totalidade de tais projetos embasam sua segurança na ampliação do mercado externo. Segundo especialistas, o Brasil tem condições de quadruplicar sua produção de álcool a médio prazo, e o mercado mundial é comprador deste imenso volume de aditivo/combustível. Tudo estaria maravilhoso se não fosse um pequeno detalhe: Não temos estradas e portos para escoar esta produção e fazê-la chegar até os compradores.
O último relatório anual da Confederação Nacional dos Transportes, CNT, sobre a situação das rodovias brasileiras, mostra que 75% delas estão deficientes, ruins ou péssimas. Das 20 melhores estradas brasileiras, 19 estão instaladas no estado de São Paulo e destas, 18 são operadas por concessionárias. Outro estudo, da Fundação Getúlio Vargas, aponta que para o Brasil chegar perto da média latino-americana de malha de transportes, será necessário construir 9.800 quilômetros de estradas a cada ano, durante os próximos 30 anos.
A situação geral dos portos, salvo ilhas de eficiência, é igualmente dramática. Segundo a ABDIB, Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústrias de Base, se o Brasil estivesse pleno em infra-estrutura, poderíamos ter um crescimento de 7% a 10% do PIB. Assim, não existe assunto agrícola mais importante a ser discutido no momento do que estradas, pontes, armazéns e terminais. As plantas ideais no momento são as construtivas.
Em parte por nosso aprendizado, em parte pela pressão das oportunidades e necessidades do mundo externo, hoje temos uma organização um pouco mais consciente e já podemos falar em PPP´s como algo viável. Mas este remédio não serve para todos os males. Para discutir este assunto montamos um time composto pelos maiores especialistas em logística do país.
Faz parte deste grupo executivos do transporte rodoviário, ferroviário, marítimo e fluvial, de administração de portos e de operações portuárias, fornecedores, comercializadores e produtores e, completando o time, um grupo de atualizados executivos construindo e estruturando uma visão estratégica do assunto. Cada um deles escreveu um artigo expressando a sua opinião sob a ótica do segmento que atua, obviamente, defendendo os interesses que representam.
Embora possam ser conflitantes, antagônicas, complementares, convergentes e, muito raramente, coincidentes, são, certamente, maduras e embasadas. O ponto comum é que todos eles sabem que embora possam, ao final, estar remando não exatamente para o rumo que cada um desejaria, todos devem remar para o mesmo lado. Nada funcionará sem parceria, equilíbrio e consenso.
O objetivo da revista Opiniões é descobrir assuntos que precisam ser discutidos, localizar pessoas que ao longo dos anos de trabalho desenvolveram uma bagagem realmente respeitável de conhecimento e provocá-los a exporem as suas opiniões. Assim completamos mais uma tarefa, dispondo ao leitor esta multiplicidade de opiniões, para que nela se lastreie na construção de sua própria opinião a respeito das atitudes requeridas para a solução deste gravíssimo problema nacional. Boa leitura. Boas decisões. Fiquem em Paz.