A reinvenção de um negócio pressupõe que algo deu errado ou precisa ser readequado para o êxito ou ainda se adequar a uma nova realidade. Pois bem, seja de uma forma ou de outra, o ponto de partida é ter a visão da necessidade da mudança e a coragem para aceitar e planejar as melhorias. Gerir negócio no Brasil não é uma tarefa fácil; as adversidades são constantes e as regras do jogo não são bem definidas, beirando o limite da insegurança jurídica em muitas áreas, como trabalhista, tributária, ambiental, entre outras.
Especialmente no nosso setor sucroenergético, após a crise de 2008, o cenário vem se deteriorando para a maioria das empresas desse ramo, devido, principalmente, aos erros de direcionamento governamental e a gestões ineficientes. Determinados modelos de negócio ou unidades de produção sucroenergética são insustentáveis ou inviáveis, sejam pela escala, logística, região em que estão instaladas, produtividade ou pela própria estrutura de capital onerosa e com duração inadequada.
Nosso setor demanda capital intensivo; sendo assim, é um item ao qual acionistas e gestores devem ficar muito atentos, pois pode absorver toda a geração de caixa ao longo do tempo e comprometer os fluxos da companhia e dos acionistas. O cuidado com a estrutura de capital adequado e a disciplina orçamentária deve fazer parte importante do dia a dia na condução da empresa com o comprometimento de todas as áreas. Em destaque principal no jogo, estão: a eficiência, a produtividade e os custos compatíveis.
A busca pela eficiência e produtividade deve permear toda a equipe e ser um rosário constante nas ações do dia a dia. A redução de custos, que não pode ser analisada separadamente, é ainda mais complexa, pois mexe muito com as pessoas, uma vez que demanda ações que nem sempre é de fácil execução, como cobrança rígida e direta aos colaboradores para as mais variadas tarefas, mover os mais estáticos, além de corte de gastos adicionais em mão de obra e busca contínua por suprimentos com melhor custo-benefício.
A mão de obra está atrás apenas do custo da matéria-prima e se destaca como item de despesa de maior relevância, que deve ser trabalhado da melhor forma possível no sentido da eficácia total. Um bom controle de todas as operações, via um sistema de informática eficaz e uma equipe atenta às apurações de custos e resultados, é a única forma para medirmos e avaliarmos a performance do negócio e os drivers da evolução ou não das operações da empresa. O mercado de nossos produtos vem na contramão dos demais, pois, mesmo em meio à crise brasileira, sinaliza preços promissores no curto e médio prazo.
Com ele, as oportunidades começam a aparecer para as empresas que estão “com a casa em ordem”, sendo a hora para agregar valor e surfar essa onda de bons preços. Agilidade, rapidez e assertividade nas decisões de venda dos produtos impactam muito os resultados e, por isso, demandam dose importante de planejamento, conhecimento e acompanhamento do mercado diariamente. Uma comunicação bem-feita com toda a equipe é a única forma de alinhamento do grupo para o objetivo maior, a rentabilidade.
Os valores positivos do grupo devem ser cultivados e perpetuados; sabemos que cada empresa tem uma história diferente e cada qual com seus limites, sua forma de trabalho, profissionalização total ou parcial, enfim, nem sempre a solução ou a receita de uma serve para outra. A atenção aos riscos do negócio também deve fazer parte de destaque na matriz de atuação, cuidando para que sejam mitigados ou monitorados da melhor maneira possível. Acredito que o caminho para a melhoria das gestões esteja baseado numa série de pilares fundamentais: disciplina, planejamento, foco, comprometimento, governança, visão correta do negócio, treinamento, programas evolutivos internos e externos à companhia, dentre muitos outros.
Há, hoje, muito suporte de consultorias, cursos, programas, treinamentos, enfim, uma série de recursos disponíveis para o aumento da qualificação técnica e da melhoria do relacionamento interpessoal das equipes. Um ponto importante é não ir atrás desses suportes somente após a empresa entrar em crise. Da mesma forma, a manutenção de um clima motivador, sério, com uma meritocracia adequada e uma boa dose de desafios factíveis são os combustíveis que irão estimular o grupo a mover-se rumo ao sucesso e à realização pessoal. A busca por novas formas e processos de produção com a utilização de todo o potencial tecnológico possível, atualmente, faz todo o sentido e é o norte a ser seguido!