Secretário de Desenvolvimento de PE
Op-AA-03
Com exportações anuais atingindo 700 mil toneladas de açúcar no Porto do Recife e um parque de tancagem no Porto de Suape, com capacidade para 470 mil toneladas de granéis líquidos e terminais em águas profundas, Pernambuco tem capacidade instalada suficiente para atender às demandas de exportação do setor sucroalcooleiro do Nordeste e condições privilegiadas de logística e infra-estrutura para ser um dos grandes pólos logísticos do País.
Suape conta com 32 km de ferrovias e 41 km de rodovias próprias, interligadas às malhas regionais, uma privilegiada situação geográfica em relação às rotas marítimas e aos principais mercados nordestinos e terminais marítimos de águas profundas. Da infra-estrutura disponível apenas o modal ferroviário carece melhorias, pois é precária a situação em que se encontra a malha ferroviária regional, explorada pela Companhia Ferroviária do Nordeste (CFN).
No caso das mercadorias destinadas aos portos pernambucanos, a velocidade média na malha não ultrapassa 10 km/h e isto poderá comprometer o sucesso de projetos de curto prazo já em execução e que representam suporte essencial para a crescente demanda de exportações de produtos agrícolas do Nordeste, exigindo, portanto, uma rápida solução de pesados investimentos em trilhos, locomotivas e vagões.
Porém, projetos que já representam ou representarão um expressivo crescimento da demanda logística no Nordeste vêm fazendo com que a CFN desperte para o trunfo em mãos. Vamos a um primeiro exemplo de demanda. Entre os produtos agrícolas em ascensão no Nordeste está o óleo de soja produzido na nova fronteira agrícola do sul do Piauí. É esta fronteira que vem abastecendo a refinaria de óleo de soja localizada no Porto de Suape.
Ou seja, a produção regional vem substituindo as importações de óleo de soja provenientes do sul do Brasil e do Mercosul e de óleo de palma do sudeste da Ásia. Eram estas importações que anteriormente supriam a refinaria. Esta nova rota de suprimento exige que o óleo de soja siga por 500 km de rodovias até Teresina (PI), onde é embarcado em vagões da CFN, que seguem para o Porto de Suape, via Fortaleza (CE), a uma velocidade de 10 km/h, demorando 10 dias, num trajeto de cerca de 2.000 km.
Enquanto isso, pelo trajeto previsto para a Ferrovia Transnordestina, de Eliseu Martins - região produtora, até Suape, não se ultrapassa a metade dessa distância. Este é um bom termômetro da importância estratégica da Transnordestina, que, ao que tudo indica, vem tendo tratamento prioritário pelo Governo Federal e Banco do Nordeste.
Enquanto isso, Suape já aprovou o projeto de construção da plataforma de recepção ferroviária para o óleo de soja, ante a expectativa de início das exportações desse produto, por via marítima, até países da costa do Pacífico da América do Sul. Suape também já se prepara para entrar com força total na movimentação de cargas sólidas do setor agrícola. Já foi aprovada pela administração portuária, a construção de um terminal combinado de grãos agrícolas e fertilizantes, que será operado pela iniciativa privada, através de licitação internacional.
O projeto vem sendo avaliado por investidores estrangeiros e nacionais, inclusive pela própria CFN, podendo estar operando em 24 meses após o lançamento dos editais para seu arrendamento. Com 300 metros de cais dedicado e área de retaguarda superior a 200 mil metros quadrados, o terminal poderá receber navios com calado operacional de até 14,5 metros.
O terminal poderá acomodar, ainda, mais 300 metros de cais e mais de 200 mil metros quadrados de retaguarda para atender exportações de açúcar e de gipsita e gesso do Pólo Gesseiro do Araripe-Pernambuco, em navios de até 100 mil toneladas de carga, gerando significativas economias de escala nos fretes atualmente praticados para o açúcar nos embarques a partir de outros portos nordestinos que não comportam embarques superiores a 30 mil toneladas.
Outro segmento em que Suape se prepara para atuar é o de minério de ferro, com início de embarques previstos para o segundo semestre de 2005. As operações serão realizadas no terminal que a Mhag Engenharia e a holding Camargo Corrêa começam a construir no início deste ano. A primeira fase exigirá o transporte ferroviário de quatro milhões de toneladas anuais desde as minas nos Estados da Paraíba e Rio Grande do Norte, até Suape, com o compromisso da CFN em eliminar os gargalos existentes.
A segunda fase deste projeto contempla a construção de um novo terminal, já em definição de conceitos, que terá significativo impacto no escoamento da produção agrícola regional, uma vez que poderá atender aos maiores navios graneleiros, com calado operacional superior a 20 metros. Com retaguarda superior a 400 mil metros quadrados, a segunda fase do terminal de minério poderá acomodar um novo terminal de grãos e tancagem específica para atender às exportações regionais de álcool e poderá ser operacionalizado em 30 meses, a partir do lançamento dos editais. Assim, o caminho para viabilizar Pernambuco como uma das grandes estruturas logísticas do Nordeste e do País está traçado e passa necessariamente pelos portos de Suape e do Recife e pela revitalização da malha ferroviária regional.