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Daniel Costa Lopes

Vice-presidente de Sustentabilidade e Novos Negócios da FS

OpAA83

Brasil na vanguarda da transição energética: o papel do etanol e da tecnologia BECCS
A transição energética global é uma necessidade urgente e inadiável. A crise climática exige ações concretas, e os países que liderarem essa transformação não apenas reduzirão impactos ambientais, mas também fortalecerão suas economias e sua posição no cenário internacional. O Brasil, com sua matriz energética renovável e avanços legislativos estratégicos, tem o potencial de ser um dos protagonistas dessa mudança.

A recém-aprovada Lei Combustível do Futuro, aliada a tecnologias inovadoras como BECCS (Bioenergia com Captura e Armazenamento de Carbono), posiciona o país na vanguarda da produção de biocombustíveis sustentáveis. O resultado? A possibilidade de produzirmos em solo brasileiro o primeiro etanol carbono negativo do mundo, um marco para a descarbonização do setor de transportes.
 
O Brasil e seu papel estratégico:
O setor de energia responde por grande parte das emissões globais de CO2, tornando sua transformação essencial para a mitigação das mudanças climáticas. De acordo com o Balanço Energético Nacional (BEN) 2024, elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) em parceria com o Ministério de Minas e Energia (MME), as fontes renováveis representaram 49,1% da matriz energética brasileira em 2023.
 
Além disso, o país se destaca na produção de biocombustíveis, em especial o etanol, que tem sido um motor da sustentabilidade no setor de transportes há décadas. O etanol brasileiro, produzido a partir da cana-de-açúcar e, cada vez mais, do milho de segunda safra, possui um balanço de carbono altamente favorável quando comparado à gasolina.
 
Agora, com novas tecnologias de captura e armazenamento de carbono, o país se prepara para dar um salto ainda maior na redução das emissões. Esse avanço ocorre em um momento crucial, quando a necessidade de alternativas sustentáveis se torna imperativa para alcançar as metas de descarbonização estabelecidas pelos acordos internacionais, como o Acordo de Paris.
 
A Lei Combustível do Futuro:
O compromisso do Brasil com a transição energética ficou ainda mais evidente com a aprovação da Lei Combustível do Futuro, um marco regulatório que estabelece diretrizes para o desenvolvimento de biocombustíveis avançados e para a descarbonização do setor de transportes. A legislação incentiva o uso do etanol e do biodiesel, amplia a participação dos combustíveis renováveis na matriz energética e promove o desenvolvimento do SAF (Combustível Sustentável de Aviação).
 
Além disso, a lei fomenta a pesquisa e implementação de tecnologias como a captura e estocagem de carbono, que tornam os biocombustíveis ainda mais sustentáveis. Com isso, o Brasil se coloca como referência mundial em políticas públicas voltadas para um transporte mais limpo e eficiente, abrindo caminho para um modelo energético cada vez mais alinhado às exigências ambientais globais.
 
BECCS: captura e armazenamento de carbono como revolução energética:
Um dos mais promissores avanços para a descarbonização do setor de combustível é o BECCS (Bioenergy with Carbon Capture and Storage). Essa tecnologia permite que o CO2 gerado na produção do etanol seja capturado e armazenado no subsolo, em camadas geológicas profundas, impedindo sua liberação na atmosfera. Esse processo transforma o etanol convencional em um combustível com balanço negativo de carbono, ou seja, que remove mais CO2 do que emite ao longo de seu ciclo de vida.
 
A implementação de BECCS no Brasil reforça a posição do país como líder em inovação sustentável. A captura e o armazenamento de carbono não apenas ampliam os benefícios ambientais do etanol, mas também abrem novas oportunidades econômicas, como a comercialização de créditos de carbono e a atração de investimentos internacionais voltados para tecnologias de mitigação climática.

O primeiro etanol carbono negativo do mundo: um marco histórico:
Graças ao avanço do projeto de BECCS, o Brasil será o primeiro país a produzir etanol carbono negativo em larga escala. Isso representa uma verdadeira revolução na indústria de biocombustíveis e coloca o país em uma posição estratégica na agenda climática global. O etanol carbono negativo pode ser uma solução viável para reduzir as emissões no setor de transportes, especialmente em mercados que buscam alternativas sustentáveis à gasolina e ao diesel.
 
Além dos benefícios ambientais, essa inovação tem um impacto direto na economia nacional. Com o fortalecimento do etanol como alternativa de baixo carbono, o Brasil pode expandir sua participação no mercado internacional de combustíveis sustentáveis, gerando empregos e consolidando sua posição como referência global em bioenergia.

A transição energética é uma necessidade urgente e, ao mesmo tempo, uma oportunidade única para o Brasil demonstrar sua capacidade de inovação e liderança no cenário global. Com a Lei Combustível do Futuro, o desenvolvimento de BECCS e a produção do primeiro etanol carbono negativo do mundo, o país está pavimentando o caminho para um modelo energético mais sustentável, competitivo e alinhado às demandas do século XXI.

O futuro da energia limpa passa pelo Brasil. O momento de agir é agora.