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Gustavo Bonini

Diretor de Relações Públicas da Scania Latin America

OpAA72

É hora de acelerar
É incontestável que chegamos a um momento de inflexão no sistema de transporte e logística. O ponto de partida para a transformação está em um ecossistema que tenha a possibilidade de gerar energia suficiente a partir de fontes sustentáveis e que faça frente ao diesel. Isso passa prioritariamente pela utilização de combustíveis renováveis, como o biometano.
 
No Brasil, caminhões pesados e ônibus contribuem com cerca de 8% das emissões líquidas de CO2, consomem 15% de toda a energia demandada no País, e 90% de todo o combustível utilizado pelo modal rodoviário comercial é o diesel. Adicionalmente a esse cenário, em uma perspectiva de tempo, até 2050, a pressão pela demanda de transporte aumentará em até duas vezes, ou seja, é preciso ir além de conter as emissões, mas impedir que ela dobre. Esse é o grande desafio. Estamos diante de uma situação quase irreversível. É preciso agir agora. Ainda demandamos do nosso ecossistema mais do que a capacidade de regeneração do planeta.

Se nada for feito para mudar esse cenário de crise climática e ambiental, o mundo provavelmente excederá 1,5 °C de aquecimento nas próximas duas décadas, dez anos antes das avaliações anteriores apresentadas pelos relatórios do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).

Por outro lado, temos um histórico importante no Brasil, com o único programa de etanol amplamente adotado no mundo, o Programa Nacional do Álcool (Proálcool), além do RenovaBio, um marco para a expansão dos biocombustíveis, e outros movimentos do poder público, como o Metano Zero, anunciado recentemente pelo Governo Federal. Protagonizar essa transição para uma economia de zero carbono é sim uma equação difícil, mas estamos diante do potencial brasileiro para o biometano, principalmente oriundo do setor sucroenergético. 

É hora de gerar escala em iniciativas que saiam do papel, com ”o que temos que fazer”, e que coloquem em prática esforços ”de como vamos fazer” essa transição acontecer no País, levando em consideração a nossa vocação, o desenvolvimento socioeconômico e as fontes de energia. O Brasil tem uma enorme oportunidade para contribuir e liderar essa mudança no setor de transporte e logística. 

Há uma longa estrada a ser percorrida e que está sendo construída por uma agenda positiva e convergente entre o poder público, por meio de políticas de incentivo à sustentabilidade, pelas empresas privadas do setor automotivo, pelo agronegócio e por produtores de biocombustíveis, e também pela academia. Para evoluir com o biometano no transporte comercial e dar escala para essa solução, é preciso ter sinergia e um fator adicional: a velocidade. Acelerar decisões e ações. Não temos tempo a perder.

Políticas públicas e desenvolvimento tecnológico são dois dos propulsores que definirão os caminhos possíveis para 2050. Esse ”novo modelo produtivo” para uma matriz energética de baixo carbono exige inovação e mudanças de ordem legal, fiscal e regulatória. Além disso, para aproveitarmos melhor nossa competência de produção do combustível, é preciso de maior capilaridade de gasodutos, infraestrutura e, antes de tudo, acreditar na solução e na viabilidade da demanda do setor, fatores fundamentais para direcionar investimentos e pavimentar um caminho seguro até atingirmos as metas de redução de emissões.

Para que o Brasil lidere essa economia de zero emissão em todo o ecossistema de transporte e logística, há uma jornada para desbravar o mercado de energia renovável que faça frente ao diesel, que seja viável para a sustentabilidade financeira, econômica, social e ambiental das partes envolvidas. O biometano está disponível. 

É uma das principais alternativas para a segurança na matriz brasileira, com grande potencial e tendência de crescimento. Hoje, o País teria a capacidade de substituir aproximadamente 70% do consumo de diesel, dos quais metade vem do setor sucroenergético. Esse é o caminho que a Scania escolheu trilhar ao colocar protagonismo no aqui e agora, ao mesmo tempo que continua trabalhando para fomentar outras tecnologias para o futuro.

Há de se destacar também que esse potencial e a sinergia do setor, conectando a produção do etanol e do biometano, reforçam ainda mais a oportunidade de expansão desses dois biocombustíveis, verdadeiros vocacionais brasileiros.

Isso nos leva a investir e acreditar no biometano, pois nos daria uma redução na dependência de combustíveis fósseis e resolveria as questões de descarte de resíduos. É o único combustível disponível que tem origem em passivos ambientais e que pode se tornar um ativo energético a partir de resíduos do agronegócio, urbanos e de saneamento.

Neste momento, em que já temos disponíveis no Brasil as tecnologias para produção de vários combustíveis renováveis, bem como para fabricação de veículos movidos por substitutos dos derivados de petróleo, é hora de reunir todo esse aparato de tecnologias com as políticas públicas existentes, assim como as novas que tragam incentivos adicionais ao uso de combustíveis verdes. 

A tecnologia está pronta para caminhões e ônibus, e dos combustíveis também. Há demanda pelos nossos veículos movidos a gás, e os indicadores de crescimento avançam, enquanto o incentivo à produção e o uso sustentável do biometano seguem no mesmo rumo, a exemplo Programa Nacional de Redução de Emissões de Metano, o Metano Zero, que prevê investimentos para a construção de novas plantas de produção no País.

É crucial agir e acelerar a transição. É um fato que teremos uma convivência harmônica de todas as tecnologias, incluindo a eletrificação, mas não podemos depender apenas de uma única matriz energética. Não podemos repetir essa história. Portanto, com o contínuo investimento em biocombustíveis e dando destaque ao biometano, o País pode liderar essa mudança e ser o protagonista no transporte sustentável.