Diretor da Herbicat
OpAA70
O novo patamar nos pede uma produtividade acima de 100 t/ha e uma vida média ponderada de mais de 3 anos, com o objetivo de alongar para mais anos (com produtividades boas) e canaviais com mais cortes. Em tecnologia de aplicação, temos que obter o melhor resultado ou eficácia da aplicação com o menor custo e impacto possível. A seguir, trataremos de algumas tecnologias que poderão ajudar nisso.
Mapeamento de ervas: No passado, era necessário deixar pontos sem aplicação dos herbicidas para fazer os levantamentos das ervas presentes em uma área. Hoje, com as imagens via drones e sistemas usando inteligência artificial, podemos fazer levantamentos de grandes áreas medindo a variação espacial (reboleiras) de diversas ervas daninhas.
Com essa metodologia, podemos decidir melhor a escolha dos herbicidas e a forma mais adequada de controle. Esses processos estão em grande evolução e serão uma grande ferramenta de apoio no controle de problemas diversos dentro do canavial.
Hoje, podemos identificar, com uma precisão maior que 90%, as reboleiras de mucuna, a mamona, o complexo das ervas trepadeiras, as gramíneas de grande porte na cana alta (colonião), entre outros exemplos de análises.
Devemos trabalhar com 2 épocas de levantamentos das ervas daninhas na área, mas cada um poderá começar no momento que achar mais adequado.
O ideal é que façamos um voo antes da colheita para identificar se existem grandes problemas com ervas trepadeiras ou gramíneas de grande porte. Quando necessário, se faz uma aplicação antes da colheita, usando drones ou até mesmo automotrizes, dependendo da altura da cana. Nessas aplicações com drones, devemos tomar mais cuidado com o uso de herbicidas (exemplo: 2,4-D), devido a culturas sensíveis vizinhas. Usando esse mapeamento, podemos fazer um plano de controle de ervas no talhão, realizando a aplicação dos herbicidas pré-emergentes, ajustando produtos e doses mais indicados, de acordo com a necessidade.
Devemos realizar mais um levantamento, próximo de 60 dias após a aplicação ou depois da chuva (busca por ervas escape da aplicação convencional). Com esses dados, é possível tomar a melhor decisão da necessidade da catação no talhão.
Essa regra pode ser alterada de acordo com o departamento técnico do usuário, mas tem se mostrado eficiente na racionalização das aplicações de herbicidas.
Aplicação de taxa variável: Utilizando os dados de argila e matéria orgâica do solo, realizados nos levantamentos de ambiente de produção e pedologia, podemos fazer aplicações de doses diferentes dos herbicidas. Muitos controladores de pulverização que equipam os pulverizadores atuais podem realizar aplicações em taxa variável.
No passado recente, testes realizados não tiveram o sucesso desejado, pois a decisão da dose do herbicida não se baseia unicamentenas características do solo, é necessário ter maior conhecimento das ervas presentes na área, com a visão da sua distribuição espacial.
Assim, se somarmos a distribuição espacial das ervas e os dados das características do solo, os resultados serão melhores. Esse é um caminho para controlar o uso racional dos insumos.
Ciclo de controle das ervas daninhas: Nas aplicações dos herbicidas pré-emergentes, o uso de controladores ou sistemas que possam fazer o reforço nas áreas de maior banco de sementes é uma alternativa, como já foi tratado. Com a segunda avaliação pós-aplicação, podemos verificar a necessidade de reaplicações em catação.
A segunda aplicação não deveria existir, porém, em alguns talhões, devido ao clima, problemasdos pulverizadores, falhas nas aplicações e mesmo pelo comportamento de algumas espécies de ervas, é necessário e obrigatório, para alongar a vida útil de um talhão.
Pela dificuldade de mão de obra, a catação passou a ser feita em diversos níveis e de formas diferentes. No caso de gramínea em pós-emergente, precisa ser feita localizada, com aplicações manuais, veículos especiais com sensores ou outro processo de localização. Na maioria das vezes, as ervas remanescentes estão na linha da cana, o que dificulta o uso de sensores de verde. No caso das folhas largas, normalmente se encontram formando reboleiras. Dessa forma, uma aplicação específica em faixa pode ser mais eficiente. A escolha da técnica e do equipamento de aplicação é fundamental. Para ervas como grama-seda, as reaplicações deverão ser com maior frequência e podem se beneficiar de todas as técnicas apresentadas.
Controle de outras pragas: Hoje, temos à disposição métodos de aplicação que se adaptam a várias condições. Porém existe a cigarrinha, Sphenophurus, a broca, outras pragas e problemas nutricionais que precisam ser controlados. Em canaviais de maior porte, o uso dos equipamentos automotrizes passou a ser uma realidade. Se quisermos chegar aos patamares de produtividade almejados, as aplicações precisam gerar resultados. Isso depende de uma visão mais ampla relacionando cultura, problema, momento da aplicação, produto, entre outras condicionantes para seleção da técnica e do equipamento em uso. As misturas de adubos foliares com os inseticidas para cigarrinha, em canas de maior porte, aplicados sobre a lavoura, não apresentam as melhores condições para acertar o foco da aplicação para cigarrinha. Aqui é necessário o uso dos pingentes localizando essa aplicação na base da cana.
O cuidado na seleção do equipamento e da técnica é fundamental, mas precisamos sair da ideia "da moda" e buscar o que entrega a eficácia necessária, a custo adequado, com segurança do pessoal e ambiental.
Conectividade e gestão de máquinas: A evolução dos equipamentos permitiu ter relatórios das operações, onde conseguimos analisar se o realizado estava de acordo com o planejado. Precisamos saber, em tempo real, a operação e poder interferir caso seja necessário. A conectividade das máquinas com gestores em tempo real ajudará nessa evolução. O 5G poderá ser uma boa opção, porém demandará uma enormidade de torres para formar uma rede no campo que possa suportar esse trabalho. O 4G/Lte 700 poderá ser uma opção viável, exclusiva para trafegar dados de máquinas, usando uma banda especial para enviar sinais de alerta críticos em pontos de baixa capacidade de sinal.