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Cláudio Luiz Yoshii

Gerente de Produção da Vale do Ivaí

Op-AA-07

Manutenção de usinas

Há alguns anos atrás, as unidades industriais de processamento da cana de açúcar, operavam de cinco a oito meses durante a safra e de quatro a sete meses na entressafra, dois períodos distintos, com atividades de gerenciamento específicas, que na safra mostrava um parque industrial com tempo ocioso, e na entressafra um longo período para se fazer toda a manutenção.

Com a mudança das políticas governamentais e a desregulamentação do álcool, muitas das destilarias, transformaram-se em usinas com destilarias anexas, na busca da produção de escala, e atualmente muitas delas têm, em seu planejamento estratégico, o objetivo de agregar novos produtos derivados da cana de açúcar.

Na safra, como na entressafra, temos grandes oportunidades de melhorar a disponibilidade dos equipamentos e reduzir custos de manutenção, no entanto, uma mudança de “pré-conceitos” e “cultura empresarial”, dentro do setor específico industrial, deve acontecer, já que as ações da engenharia de manutenção são adotadas para proporcionar um maior tempo disponível das máquinas e dos equipamentos em uso na usina, a um custo mais acessível.

Este trabalho descreve algumas dessas ações, propostas para atenuar as dificuldades encontradas na rotina dos períodos descritos anteriormente. Na Vale do Ivaí, o processo de mudanças não foi diferente, um trabalho de engajamento de todos, determinação, trabalho de times, quebra de barreira entre departamentos, simplificação de processos, responsabilidade, delegação e desenvolvimento de lideranças, só está sendo possível com o envolvimento e o comprometimento de toda a equipe industrial.

Este trabalho teve início em 1994, com a implantação das ordens de serviços de entressafra, onde o objetivo era ter o controle de todos os trabalhos de manutenção a serem realizados, assim como todo o material necessário para ser comprado e também a determinação da quantidade de horas-homens necessários para a realização dos serviços. A princípio, algo aparentemente simples e óbvio para um gestor industrial, mas somente após muitas adequações e anos de trabalho e monitoramento da informação, chegamos a um modelo adequado.

Conseguimos levantar os recursos humanos e econômicos, além dos prazos para a realização dos trabalhos de manutenção da entressafra, com seis meses de antecedência. A responsabilidade pelo planejamento global da manutenção fica a cargo do setor de Planejamento, Desenvolvimento e Controle – PDC, e os trabalhos operacionais ficam centralizados no setor de Planejamento e Controle de Manutenção – PCM, no qual todos os serviços são registrados, ou seja, os serviços de manutenção e de melhoria, onde se tem o histórico de cada máquina e equipamento com o auxilio de um software para o gerenciamento.

O aumento do período da safra, para nove a dez meses, e a redução da entressafra para dois a três meses, com um bom planejamento e controle da manutenção têm função estratégica dentro da corporação. Com prazos de execução menores, a tradicional e antiquada manutenção, onde 100% dos equipamentos passavam por intervenção, tornou-se impossível de ser realizada, além de ser economicamente inviável e tecnicamente inadequada.

Novas técnicas e conceitos de manutenção preventiva e preditiva foram sendo aplicados, com o objetivo de elevar a disponibilidade e a confiabilidade dos ativos industriais. Estamos implantando na Vale do Ivaí, para a conquista da excelência empresarial, o Programa de Melhorias e Resultados Industriais – PMRI, que tem como base, o Planejamento Estratégico da Manutenção e os modelos integrados da Manutenção Produtiva Total - TPM, Controle da Qualidade Total - TQC, Boas Práticas de Fabricação - BPF, Teoria das Restrições – TOC e o Housekeeping - 5S.

O PMRI é um método de trabalho com foco em resultados, adotado através de pilares de sustentação do programa e atividades em pequenos grupos, que busca o direcionamento das pessoas para as estratégias de melhoria em cada processo produtivo, tendo como meta a falha zero e quebra zero de equipamentos, associado ao defeito zero nos produtos e perda zero nos processos.

Esta conquista diária, de melhoria de resultados, através da manutenção, atua diretamente na qualidade, custo e prazo final do produto acabado. O programa PMRI reúne o seguinte conjunto de ações:

1. Manutenção autônoma
2. Manutenção planejada
3. Melhoria específica
4. Manutenção da qualidade
5. Controle gerencial do processo
6. Educação e treinamento
7. Melhorias das áreas administrativas e indiretas
8. Segurança e regulamentos
9. Boas práticas de fabricação – 5S
10. Gerenciamento de energia

A manutenção no PMRI é vista como função estratégica, ou seja, produzir produtos com qualidade e produtividade em cada unidade industrial é conseqüência do gerenciamento da empresa, orientado para o homem/equipamento/processo, já que ele é o principal meio de produção do sistema produtivo. Nesse propósito, está sendo desenvolvida, nas equipes da produção e manutenção, durante o trabalho de implantação do programa, a questão chave da competitividade para a Vale do Ivaí, que é como a confiabilidade do homem/equipamento/processo pode ser integrada ao plano de produção, a fim de aumentar a eficácia e eficiência de sua utilização em termos anuais na usina, para atender a demanda, prevenindo e reduzindo perdas, isto é eliminando tudo aquilo que não agrega valor, mas custo.