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José Carlos Mello Rego

CODESP – Santos

Op-AA-03

Santos na busca de novos mercados

O incremento nas exportações brasileiras vem se refletindo na movimentação física do Porto de Santos, o maior da América Latina, que fechou 2004 com um índice de crescimento anual beirando os 15%, já trabalhando em um patamar de quase 70 milhões de toneladas. Destacam-se nesse cenário os embarques de açúcar e álcool, que aumentaram, respectivamente, 32% e 142% nesse período.

Essa tendência requer uma infra-estrutura adequada para atender com eficiência a zona de influência do Porto de Santos. Para isso buscamos os recursos necessários junto ao Governo Federal, que somados à participação da iniciativa privada tornarão possível transformá-lo num modelo portuário para a América Latina.

O setor privado estará direcionando recursos para construção de dois grandes terminais, sendo um multiuso, para atender a necessidade na movimentação de veículos, e outro para granéis de origem vegetal e fertilizantes – o TGG, na margem esquerda do Porto, para atender à demanda na produção agrícola do Centro-oeste.

Para aprimorar a logística do Porto de Santos está prevista, também, a construção de um estacionamento com infra-estrutura adequada para caminhões, inclusive com central de fretes, que supra, plenamente, o fluxo a ser gerado pelo crescimento na movimentação de cargas. Para atender à demanda do setor sucroalcooleiro estão sendo aplicados recursos na ampliação da capacidade de armazenagem dos terminais de açúcar da Cosan, Teaçu e Copersucar e na construção do Terminal de Álcool de Santos, o TEAS, que integra o Terminal Intermodal de Santos, o TIS.

Esse novo terminal contará com estrutura independente para embarcar álcool, óleos vegetais e produtos químicos. O TEAS será a primeira plataforma exclusiva para álcool no mundo e consumirá investimentos de R$ 27 milhões, com capacidade para armazenar 40 milhões de litros em sua primeira fase, prevista para entrar em operação até março.

As perspectivas de ampliação da área plantada nos canaviais para atender à crescente demanda por álcool nos mercados externos, determinadas por diversos fatores, dentre os quais o acordo firmado em Kyoto para reduzir a emissão de poluentes, a expansão do mercado de veículos bi-combustíveis e a economia proporcionada com a adição de álcool à gasolina estimulam o setor privado a investir em infra-estrutura para embarque desse produto nos portos.

Em Santos, além do TEAS, quatro outras áreas arrendadas para operação de granéis líquidos receberam investimentos da ordem de R$ 20 milhões. Já os investimentos em infra-estrutura com aporte do Governo Federal priorizam a dragagem de aprofundamento e as avenidas perimetrais das margens esquerda e direita.

Para 2005 incluímos em nosso orçamento investimentos com recursos do Tesouro Nacional da ordem de R$ 138 milhões, que contemplam etapas das avenidas perimetrais das margens Direita e Esquerda e continuidade da implantação das medidas de segurança previstas pelo Código Internacional para Segurança de Navios e Instalações Portuárias, o ISPS Code.

Estaremos investindo, ainda, com recursos próprios, R$ 12,5 milhões na infra-estrutura terrestre. A CODESP está consciente da importância de assegurar acesso terrestre adequado ao complexo portuário santista, que garanta rapidez na saída e entrada de mercadorias e permita ampliar sua área de influência. As avenidas perimetrais darão, dentro da zona portuária, o suporte necessário para viabilizar essa meta.

Nas vias externas, vemos como fundamental a viabilização do tramo sul do Rodoanel e o acesso do modal ferroviário, que é peça fundamental para garantir a sustentabilidade da nossa zona de influência e sua conexão com o Porto de Santos. Dentre as iniciativas deflagradas com esse objetivo destacam-se a construção da Ferronorte e o trecho sul do Ferroanel que facilitarão a ligação da região Centro-oeste do País ao Porto de Santos, considerada vital para o crescimento das exportações brasileiras.

Acredito que essas medidas atendam às necessidades do momento. Entretanto, é absolutamente indispensável planejar a ampliação das instalações do Porto de Santos, a fim de assegurar que todo o conjunto de medidas que temos em andamento para aumentar nosso mercado seja sustentado por uma base física que permita, em primeiro lugar, incrementar o movimento de cargas que se produzirá e, em segundo, seu tratamento de acordo com as exigências operacionais da logística e a intermodalidade que o amplo mercado brasileiro impõe.

Com estas iniciativas pretende-se ganhar acessibilidade física e comercial aos importadores e exportadores das áreas abrangidas pela área de influência do Porto de Santos, onde existe um potencial de carga que queremos dar garantias de bons serviços. Agora, mais do que nunca, pretendemos que a distância geográfica não seja o fator que determine a nossa abrangência, mas sim a maneira de prestar serviços diferenciados e eficientes.

Para isso precisamos ter em mente o fato de que a concentração do tráfego marítimo em poucos portos acentuar-se-á no futuro e estar na lista dos eleitos pelos grandes grupos de armadores significa um desafio para o Porto de Santos, por integrar uma atividade que se tornou extremamente competitiva. Esse cenário mostra que o desenvolvimento do nosso país depende de mantermos em Santos uma infra-estrutura portuária adequada para viabilizar o comércio exterior, oferecendo expectativas de futuro a nossos clientes e respondendo a suas necessidades. Esta é a nossa missão e a chave do seu crescimento.