Diretor de Vendas e Marketing da Auteq Telemática
Op-AA-41
A crise do setor sucroenergético vem se arrastando desde a crise internacional em 2009 e já é considerada por economistas como a pior dos últimos 40 anos. Para garantir a competitividade no setor sucroenergético, as usinas devem gerenciar os custos de produção. Mas é muito mais que isso, na verdade. As unidades agrícolas que não fizerem bem essa lição de casa serão absorvidas por grupos maiores, que investem em tecnologias para o gerenciamento da sua operação.
No setor sucroenergético, 75% dos custos da operação são provenientes do campo, da área agrícola, e, nessa fatia, a mecanização é responsável por 70% dos custos. Daí a importância clara da gestão de frota, que possibilita a redução de custos de combustível e manutenção, maior disponibilidade de equipamentos, gerando correto dimensionamento da frota, e redução do pisoteio da soqueira, otimizando a produtividade da cana.
As medidas previstas para médio prazo se anteciparam devido ao atual cenário por dois grandes motivos: a necessidade de redução de custos e do acompanhamento a distância da operação no campo pelos gestores de grandes grupos. A adesão ao sistema de gestão de frota é crescente no Brasil e já acumula mais de 25 mil equipamentos monitorados. Trata-se de um crescimento exponencial nos últimos três anos, devido à necessidade dos grandes grupos de gerenciamento da sua operação agrícola.
Esse setor em crescimento traz, além disso, novos provedores de tecnologia para o mercado e promove a profissionalização dos colaboradores, desenvolvendo áreas de atuação voltadas para aplicação das novas tecnologias. Hoje, as usinas estão formando departamentos específicos para atender às novas necessidades tecnológicas, responsáveis por mapear as operações de maior relevância, verificar os seus indicadores e definir a solução tecnológica a ser aplicada para obter o melhor resultado.
Grande parte das usinas segue a evolução natural de trabalho com gestão de frota, que é utilizar o computador de bordo para enviar dados coletados no campo para o escritório, analisando esses registros operacionais para gerar relatórios gerenciais, visando à redução dos custos operacionais. Algumas usinas que estão localizadas em regiões com cobertura GPRS satisfatória já evoluíram para um acompanhamento on-line dos seus equipamentos, recebendo informações de posicionamento e status da operação, o que o mercado batizou como rastreamento.
Outra solução que vem ganhando espaço é o Certificado Eletrônico de Cana, que tem por missão eliminar papeis e fazer o monitoramento da colheita de cana. Os registros operacionais, o rastreamento e o certificado eletrônico são fundamentais para o gerenciamento da frota, porém o desafio é subir mais um degrau. É aí que a gestão da frota é mais vital. A gestão da frota é um dos pontos que a estratégia logística precisa considerar para a eficácia da empresa.
Cada vez mais, as empresas que dependem do desempenho das suas frotas reconhecem as vantagens de fazer essa gestão e procuram ferramentas de modo a aumentar a sua produtividade. Uma boa gestão não envolve somente a redução de custos de combustível, peças e manutenção, mas o bom desempenho dos equipamentos, sem comprometer a qualidade, garantindo a segurança e satisfação dos stakeholders.
Olhar só o equipamento para garantir o menor custo de combustível e o menor custo de manutenção não é suficiente no entanto. É preciso olhar a operação logística como um todo e a integração entre os equipamentos para garantir o melhor desempenho logístico e a redução de custos. Reduzir litros por hora em um equipamento é a primeira fase de um projeto de redução de custos, mas é preciso reduzir litros por tonelada de toda a operação para garantir a real redução de custo dentro da atividade agrícola da usina.
Em síntese, não basta apenas trazer os dados do campo, é preciso uma ferramenta que possa orientar a tomada de decisão. O fato de saber onde está o equipamento é um dado importante, mas a qualidade do trabalho executado por ele pode indicar a necessidade de mudança no contexto da operação. Pode, por exemplo, alterar a posição do malhador numa frente de colheita.
O principal requisito do setor é ter um Controle de Operações Agrícolas, com visibilidade de toda a operação, de modo a tomar ações de forma proativa. Para ter um sistema eficiente, há dois desafios: definir a melhor forma de transmissão de dados do campo para o escritório e dispor de uma ferramenta que auxilie a tomada de decisão. Essa ferramenta deve ter relatórios, análises comparativas e dar suporte à logística. Deve trazer melhorias também à interface com o usuário e à automatização das operações.
O setor almeja ter total confiabilidade das informações que vêm do campo, sem a intervenção do operador. O maior desafio é trazer as informações do campo para o escritório e, para isso, a solução deve contemplar um leque completo de meios de comunicação, como: wi-fi, bluetooth, satelital, propiciando total cobertura na frente de trabalho.
Podem ser empregadas também novas tecnologias: acelerômetros, rádios M2M, cercas eletrônicas para haver confiabilidade das informações automatizadas no campo. O software que pode receber os dados do campo deve ter um business inteligence, deve ser responsivo podendo ser visualizado em tablets e smartphones e ser facilmente integrado a softwares corporativos, garantindo a rápida tomada de decisões, apresentando informações relevantes para os gestores da operação.
Caso estivéssemos discutindo em uma mesa redonda este tema de gestão de frota há dois ou três anos, talvez fosse unânime a posição de que tudo isso que apresentamos fossem os principais requisitos do nosso setor para o gerenciamento da frota, porém imaginávamos que realmente aconteceria somente daqui há muitos anos. Hoje, felizmente, podemos dizer que essa tecnologia foi disponibilizada pelo mercado fornecedor ao setor sucroenergético.