O setor sucroenergético brasileiro passou por muitas transformações nos últimos anos. Depois de um período de crise que ocasionou o fechamento de muitas usinas, o setor dá sinais de retomada de crescimento devido ao mercado de etanol estar mais favorável e à perspectiva do Renovabio. Mas os empresários do setor ainda estão longe de ocuparem uma posição confortável.
São inúmeros desafios que precisam ser superados diariamente para manter competitivo um negócio que requer capital intensivo, está sujeito a variações climáticas, é regido por leis governamentais que mudam com muita frequência e não possui políticas definidas na matriz energética nacional.
Na Jalles Machado, localizada em Goianésia-GO, a competitividade da empresa se deve ao modelo adotado ao longo da sua história, pautado principalmente em altos padrões de governança e em inovação. A primeira safra foi em 1983, com a produção de etanol. Em 1993, iniciamos a produção de açúcar. Depois, fomos pioneiros na cogeração de energia em Goiás. Iniciamos a produção de açúcar orgânico, de levedura e da linha de saneantes.
Em 2011, inauguramos a Unidade Otávio Lage, ampliando a nossa atuação no setor, uma fábrica moderna e de alta eficiência, com foco em cogeração. Isso nos permitiu, em 2015, firmamos uma parceria com a Albioma, uma empresa francesa com expertise em cogeração a partir da biomassa da cana-de-açúcar, na termelétrica da Unidade Otávio Lage, o que nos possibilitou iniciar o processo
de recolhimento de palha e ampliar a cogeração nessa planta industrial. Por meio da parceria, vendemos 65% da termelétrica por 20 anos.
Foi uma saída que encontramos para otimizar o nosso processo de cogeração e também conseguir capital para enfrentar um período difícil no setor. Também buscamos diversificar a nossa produção, evitando, assim, ficarmos muito concentrados em um só produto. Trabalhamos com produtos de varejo para agregar maior valor e fidelizar clientes com nossa marca própria. A nossa localização, no norte goiano, possibilita vendas para as regiões Norte e Nordeste. Focamos na qualidade dos nossos produtos, buscando mercados diferenciados. Possuímos várias certificações que nos possibilitam vender no exterior e buscar outros nichos de mercado.
Investimos em tecnologias visando à alta performance agrícola e industrial. Possuímos grande volume de área irrigada com pivôs, gotejamento e carretel, para mitigar os riscos climáticos que podem afetar a produção agrícola. Temos parcerias com institutos de pesquisa de cana-de-açúcar para desenvolvimento de novas variedades adaptadas às condições de cerrado.
Somos parceiros da Embrapa no desenvolvimento de novas tecnologias de irrigação e de universidades em diversos outros projetos de pesquisa. Investimos em agricultura de precisão, buscando sempre aliar a tecnologia com a alta eficiência operacional e a redução de custos.
Investimos em softwares de gestão, como o SAP, governança e transparência. Criamos uma área de relações com investidores, somos auditados anualmente pela S&P e Fitch para apurar nosso rating de mercado, realizamos auditorias trimestrais nos balanços da companhia e realizamos emissões públicas de Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) no mercado de capitais.
Sempre procuramos fazer uma gestão enxuta, focada na redução de custos, e ter uma gestão eficiente com a liquidez de caixa da companhia. Valorizamos os nossos colaboradores, pois é fundamental ter bons profissionais e uma equipe motivada e produtiva. Além disso, sempre buscamos práticas e tecnologias sustentáveis para minimizar o impacto da nossa atividade econômica e respeitamos as pessoas, mantendo um bom relacionamento com a comunidade local.
O apoio e a confiança dos nossos acionistas também têm sido um diferencial para que possamos superar desafios. Dessa maneira, à medida que a empresa foi crescendo, o nível de profissionalização e governança foi aumentando. É muito importante que as usinas do setor se transformem em empresas com alto grau de gestão, com uma alta administração competente sendo capaz de tomar decisões acertadas, de acordo com as melhores práticas do mercado e que garantam a perpetuidade do negócio.
Fazendo a lição interna, fica mais fácil estar preparado para superar os desafios externos e também as oportunidades que podem surgir no caminho. Além disso, a união dos empresários e dos líderes do setor sucroenergético nacional resultou em um marco importante: o Renovabio.
Enxergamos inúmeras possibilidades e estamos muito confiantes de que será uma política que reconhecerá os benefícios da produção de etanol, sobretudo na descarbonização do planeta, dando condições de o setor voltar a crescer e se desenvolver, aumentando a sua competitividade.
O setor também deve estar atento ao momento político do Brasil. O próximo presidente terá papel fundamental para a continuidade de políticas para o setor, como o Renovabio. Assim, é importante estarmos atentos às propostas dos presidenciáveis para apoiarmos o mais comprometido com a geração de energia limpa, a produção de combustíveis renováveis e a geração de empregos no interior do País.