O Combustível do Futuro tem tudo para se tornar o maior programa de descarbonização da matriz de transportes e mobilidade do planeta. A sanção do Projeto de Lei do Combustível do Futuro, no dia 08 de outubro de 2024, foi o ápice de um grande sonho, que se consolidou nos últimos dois anos com a união do setor automotivo nacional.
Pode-se dizer, como enfatiza o governo, que se trata do maior programa de descarbonização da matriz de transportes e mobilidade do planeta e que veio para substituir os combustíveis fósseis no transporte terrestre, marítimo e aéreo por combustíveis sustentáveis e limpos no Brasil.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse que o programa irá destravar investimentos em diversas áreas e colocar o país na liderança global para uma transição energética no mercado de descarbonização do setor de transporte. Se isso efetivamente acontecer, o Combustível do Futuro pode ser determinante para o futuro do setor de transporte e de mobilidade no Brasil, e tudo isso apenas reconhecendo o valor estratégico dos biocombustíveis e implementando uma solução brasileira para a descarbonização.
Em um evento, há dois anos, comentei com o grande embaixador dos biocombustíveis, Plinio Nastari, presidente da Datagro, que eu parecia estar vendo um sonho se realizar com toda aquela mobilização. Há anos buscávamos um maior engajamento das indústrias em investimentos que pudessem não só evidenciar as qualidades desses combustíveis, mas, também, mostrar a capacidade tecnológica e a competitividade frente aos combustíveis fósseis.
Com a união do setor produtivo agroindustrial, somados ao automotivo, à academia, à Embrapa e aos trabalhadores, foi possível visualizar o “Movimento de Baixo Carbono Brasil”, um grande sonho voltado a todas as fontes de biocombustíveis do nosso país, que é reconhecido em todo o mundo pelas variadas opções sustentáveis de energia e de mobilidade.
É esta capacidade que, nos últimos anos, com os avanços tecnológicos mais recentes, tem dado origem a novos produtos e processos, como o combustível sustentável para aviação (SAF, na sigla em inglês), o gás biometano, o biogás, os veículos flex e híbrido, a célula de combustível e toda combinação de mobilidade.
Mas, além das iniciativas de fomento à descarbonização e mobilidade sustentável, a Lei do Combustível do Futuro veio promover a integração de diversas políticas públicas relacionadas ao setor de transportes, como a Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio), o Programa de Mobilidade Verde (Mover) e o Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos (Proconve).
Com a implementação do MBCB – Acordo de Mobilidade de Baixo Carbono para o Brasil, vimos entrar em ação a busca pela mobilidade verde ou, como se tem dito, a busca pela desfossilização, e isso em uma velocidade nunca vista. E agora, com a sanção do Combustível do Futuro, que consolidou o ciclo de vida do combustível, “do berço ao túmulo”, isso vem coroar a posição do Brasil e a sua importância na transição energética em todo o mundo, com soluções inovadoras para enfrentar os desafios da mudança climática.
Além de toda a preservação promovida, como o país do combustível limpo, que praticamente zera a emissão de gases poluentes em sua mobilidade terrestre com o etanol, o biodiesel e outras opções, estamos trabalhando para conquistar o mesmo na mobilidade aérea e, no futuro, nas indústrias.
A história dos biocombustíveis no Brasil começou com o uso de etanol nos veículos, depois vieram os veículos flex, o híbrido e o biogás, a mistura gradativa na gasolina e no diesel e, por fim, a célula de combustível. Também vemos o crescimento vigoroso do etanol de milho, que, além de combustível e energia elétrica, é fonte de alimento para aves, suínos e bovinos, agregando valor à produção do grão e que nos tornarão um grande exportador de proteína animal, gerando emprego, renda e tributos ao país.
Com os projetos aprovados, o caminho será de aumento da mistura de etanol à gasolina, iniciando para 30% e podendo chegar até 35%, isso após a realização de mais pesquisas e testes, pois uma mistura maior de etanol aumenta a octanagem da gasolina. Outra medida importante prevista na lei, entre as inúmeras propostas, é que as montadoras poderão regular o motor dos veículos flex para o etanol e não para a gasolina, como é feito atualmente.
Todas essas ações fortalecem a produção nacional de biocombustíveis, reduzindo as emissões de carbono no setor de transporte e mobilidade, ao mesmo tempo em que impulsionam a economia, gerando empregos e aumentando a segurança energética do país, também com o fornecimento de energia elétrica para as indústrias e cidades. Uma matriz energética limpa e competitiva. E isso deve ser motivo de orgulho para todo brasileiro, num contexto em que o Brasil segue com uma das matrizes elétricas mais limpas do mundo, com 89,2% sendo produzida a partir de fontes renováveis.
Os primeiros passos já foram dados, mas muito ainda há por vir. E, para que o sonho efetivamente se torne realidade, há muito ainda a ser feito pela pesquisa, pelo governo e pela iniciativa privada, investindo no Combustível do Futuro para que este se torne o nosso presente, contribuindo para a economia do país, para a saúde da população e para a preservação do meio ambiente.
Certamente, em um futuro próximo, os nossos veículos serão Carbono Positivo, ou seja, toda a cadeia produtiva dos biocombustíveis, ao final, será reconhecida pela captura do carbono.