Presidente da Canaoeste e da Orplana
Op-AA-42
O Brasil realizou sua eleição, que culminou com a reeleição da presidente Dilma Rousseff. Há muita ansiedade sobre mudanças no quadro do governo, pois os novos personagens darão o tom dos próximos quatro anos. O sentimento, hoje, é mais de espera do que de expectativa, pois estas virão com o novo quadro de dirigentes. O que sabemos é tudo o que aconteceu com o setor e o País nos últimos anos e o que foi feito para ganhar as eleições.
Bem, mantida a presidente, acredito que a linha mestre das diretrizes governamentais não vão se alterar muito. O que esse governo quer para o Brasil não vai ter grandes mudanças. Alguns ajustes poderão ser realizados, mas um setor como o nosso não deve esperar muita coisa. Temos que seguir em frente fazendo nossa parte e perseverando junto ao governo para que ele faça a dele.
É preciso ver os interesses de todo o País e não de um ou outro segmento. Temos que levar em conta que temos bons fundamentos para o setor prosperar. Vejo, também, que temos que avançar nos ganhos de produtividade e rendimentos industriais, na logística, para que o setor seja mais competitivo, e, juntos, fazermos um esforço para que o governo implemente políticas públicas que permitam aos empresários viabilizar o bioetanol, a bioeletricidade, a alcoolquímica, de forma sustentável, contemplando o econômico, o social e o ambiental.
Dentre os fatores que nos animam a seguir em frente, podemos destacar:
São recursos que estão aí e certamente irão acontecer. Produzimos 85 toneladas de cana por hectare. Por circunstâncias e fatores contrários à nossa vontade, caímos para 68-71 toneladas de cana por hectare. Mas temos tecnologia para chegarmos a 100-110 toneladas de cana por hectare. A pesquisa existente permite alcançar esses ganhos.
Quanto ao etanol, com a produção de segunda geração, poderemos sair dos 7 mil litros por hectare para 10 mil litros por hectare. Isso também já é possível. Por quê? Temos um setor de pesquisa trabalhando incansavelmente para que esses fatos aconteçam (Embrapa, CTC - Centro de Tecnologia Canavieira, IAC - Instituto Agronômico, Ridesa - Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético, Unicamp, Esalq), instituições de pesquisa mundialmente renomadas e que são orgulho dos brasileiros.
Mais uma vez, insistimos, estamos falando de produção sustentável, de biocombustíveis, de bioeletricidade, de autossuficiência. Esse é o lado bom da história. Podemos crescer, expandir os negócios! Por outro lado, se as coisas não vão bem, o que acontece? Custos de produção que subiram muito, puxados por legislações trabalhistas e ambientais; problemas climáticos; logística; insegurança jurídica; mecanização da lavoura; automação da indústria; queda de produção; preços baixos, etc.
Esta é a lição de casa do setor. Atacar esses problemas para, com ganhos de produtividade e redução de custos, tornar-se competitivo. Há muito o que fazer de nossa parte. O lado bom é que podemos fazer. Pesquisa, linhas de crédito e tecnologia nós temos. Fica faltando a parte do governo para que tudo isso aconteça. Afinal, o que o governo quer do setor? Qual a participação do bioetanol, da bioeletricidade na matriz energética do País? Qual a política para os combustíveis?
O setor, de forma organizada, tem que insistir na volta da CIDE (Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico), na equalização do ICMS para o etanol entre os estados, na implementação do nível de mistura para os 27,5% de etanol na gasolina, na melhoria da eficiência dos motores flex. Não são muitas as ações fundamentais para a retomada do crescimento do setor sucroenergético.
Com novos nomes no governo, quem sabe o diálogo melhore, e os fatos aconteçam. Como as mudanças devem ser anunciadas entre final de dezembro ou início do próximo ano, aproveito para desejar a todos um Feliz Natal e/ou um Próspero Ano Novo.