Ripasa
Op-AA-02
O segmento de papel e celulose papel é um grande consumidor de energia elétrica. O grupo Ripasa não foge a essa regra, sendo um grande consumidor de energia elétrica e térmica – aproximadamente 60 MW e 380 t/h de vapor, acrescentando-se mais 13 MW e 50 t/h de vapor nas outra unidade do grupo. Na fabricação de celulose, do cozimento da madeira resultam extrativos que queimados em caldeiras apropriadas, geram em torno de 70% do vapor consumido.
A operação de caldeira auxiliar, onde são queimados cavacos de madeira oriundos das sobras do processamento florestal, produz outros 15% de vapor, restando apenas 15% a serem complementados por caldeira a óleo pesado. O vapor gerado, antes da sua utilização no processo industrial passa em turbinas geradoras produzindo 45% de toda a energia elétrica consumida na unidade principal.
Caso a Ripasa produzisse apenas celulose, ela seria praticamente auto-suficiente em geração de energia elétrica. Como no site da fábrica de celulose também operam duas máquinas de papel e uma de papel revestido, a demanda de energia elétrica é maior que a gerada e há a necessidade de compra de energia elétrica. Na ocasião do racionamento de energia de 2001, a Ripasa tinha uma capacidade de geração de apenas 12 MW perante um consumo de 40 MW.
A fábrica elaborava o seu plano de expansão produtiva incentivado pela crescente demanda de celulose, a nível mundial, a partir de 1999. Diante da situação foi necessária a revisão da estratégia, antecipando-se o projeto de instalação de outro turbo gerador, cuja casa de força foi implantada num prazo recorde de 7,5 meses desde o fechamento da licitação até o “primeiro giro” da máquina.
Apesar de certa complexidade técnica, essa realização foi um sucesso e permitiu rapidamente aumentar a capacidade instalada de geração para 48 MW. Não obstante ter sido dado um passo importante, outras possibilidades de investimento para atingir a auto-suficiência em energia elétrica têm sido analisadas, seja pelo empreendimento de implantação de PCH ou a implantação de sistema de ciclo combinado, usando-se gás natural e/ou eventualmente associando-se a empresas voltadas ao setor de geração e interessadas em comercializar o excedente de energia obtida.
Essas possíveis configurações terão o objetivo de assegurar que as unidades produtivas do Grupo Ripasa possam assegurar a continuidade dos planos de expansões sem ameaças devido à escassez de suprimento, ou mesmo de uma tarifa elevada na compra da energia elétrica suplementar. A percepção que se tem é a de que os incentivos até aqui verificados não são suficientes para uma efetiva aplicação de capital para o aumento da capacidade de geração.
Este atraso na retomada dos investimentos no setor de geração de energia deve criar dificuldades na avaliação de viabilidade para os futuros planos de aumento de capacidade no setor já que o crescimento lento da oferta de energia não será suficiente para atender o crescimento econômico previsto para os próximos anos.
Uma política de incentivo mais eficiente deve ser elaborada pelas autoridades governamentais para ampliar a capacidade de geração e distribuição de energia elétrica num curto prazo, evitando-se assim restrição ao crescimento industrial do País. Desta forma espera-se que os órgãos regulamentadores estabeleçam programas de incentivos ao desenvolvimento desse potencial através de:
Com o franco crescimento do setor de papel e celulose no país, o cenário é favorável para que a Ripasa possa dar continuidade ao seu plano de expansão produtiva. Isso gera oportunidades para que novos conceitos e tecnologia moderna sejam empregados em substituição aos processos obsoletos em termos elétricos e, portanto, o emprego de melhores índices de eficiência energética:
Existe um enorme potencial e oportunidades para o aumento da eficiência no uso de energia nos processos das indústrias de celulose e de papel. Um grande número de tecnologias que visam à redução de consumo já estão sendo empregadas e outras ainda estão sendo desenvolvidas. A redução do consumo específico de energia nos processos de fabricação de celulose e de papel pode ter efeitos e desdobramentos importantes. Primeiro que diretamente conduz a um menor impacto no meio ambiente.
Concomitantemente proporciona a alavancagem de tecnologia de cogeração com combustíveis do próprio ciclo produtivo com significativa diminuição da energia externa suplementar. O setor possuirá a condição e a capacidade de sustentar as operações com auto-geração de energia a partir de fontes renováveis de biomassa e talvez utilizar estas mesmas fontes renováveis para produzir excedente e exportar.
Os sistemas de geração baseados em biomassa têm se desenvolvido de forma a eliminar as desvantagens relativas aos processos tradicionais de geração de energia por combustíveis fósseis. Daí a vantagem do setor de celulose e papel dado que esta fonte de energia, a biomassa, está disponível no seu ciclo produtivo. A crescente competição no mercado de comercialização da energia elétrica deverá criar oportunidades para o setor negociar, em condições vantajosas, a energia produzida a partir da biomassa. Portanto há que planejar as estratégias de negócio considerando a possibilidade de diversificar os investimentos de capital para este setor da economia participando como um dos principais fornecedores de energia de fontes renováveis.