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Guilherme Laager

CVRD e ANTF

Op-AA-03

Retrospectiva do transporte ferroviário

Apartir de 1996, o Governo Federal concedeu 28.671 km das principais malhas ferroviárias para o transporte de carga, equivalente a cerca de 96% do Sistema Ferroviário Nacional, que totaliza 29.798 km de extensão. Em termos de carga transportada, as malhas concedidas representam a maior produção da América Latina, tendo movimentado 339 milhões de tu (toneladas úteis) e produzido 185,5 bilhões de tku (tonelada quilômetro útil), em 2003.

Para 2004, as concessões ferroviárias atingiram 377,8 milhões de tu e 212,7 bilhões de tku. A previsão para 2005 é movimentar 402,1 milhões de tu e produzir 225,8 bilhões de tku. O ano de 2004 é o marco da concretização do trabalho realizado pelo no setor ferroviário, após o processo de desestatização, atingindo os seguintes resultados:

 

  • Captação em torno de R$ 2 bilhões, tendo no 1o semestre de 2004 aplicado R$ 813 milhões, equivalente a 76% do total investido em 2003;
  • Acréscimo de 16% na produção do 1o semestre de 2004, em tku, em relação ao mesmo período de 2003;
  • Redução de 18% do índice de acidentes, medido em acidentes/milhão de trem-km;
  • Transformação do Patrimônio Líquido negativo em positivo, com exceções de 2 das 11 concessões ferroviárias passadas à iniciativa privada.

Assim sendo, as oito Associadas da ANTF, concessionárias prestadoras dos serviços públicos de transporte ferroviário de onze malhas concedidas, conquistaram destaque pela importância dos seus serviços na cadeia logística do País, sendo vital para o escoamento da produção industrial e agrícola, bem como para alavancar a competitividade do país no comércio exterior.

Deste modo, as associadas da ANTF, América Latina Logística, Brasil Ferrovias, Companhia Ferroviária do Nordeste, Companhia Vale do Rio Doce, Ferrovia Centro-Atlântica, Ferrovia Paraná, Ferrovia Tereza Cristina, e MRS Logística, vêm promovendo o crescimento da produção do setor ferroviário, tendo como principais conquistas as seguintes:

 

  • Aumento de parcerias com clientes e operadores logísticos para investir em terminais, centro de armazenagens de terminais intermodais, material rodante, equipamentos de movimentação e transbordo, caracterizando a criatividade para essas operações dentro da cadeia logística;
  • Abertura de capital em Bolsa, por parte da ALL, com captação recursos e valorização das ações de 13,16% em relação à oferta primária;
  • Conclusão do processo de cisão da FERROBAN para a ALL e FCA, com conversão de parcela do patrimônio cindido à concessionária;
  • Declaração pública da intenção da MRS negociar, em curto prazo, suas ações em bolsa de valores;
  • Diversificação e segmentação da oferta dos serviços aos clientes por parte da CVRD, consolidando os negócios na área da logística – planejamento, transporte, distribuição e armazenagem;
  • Apresentação da Nova Transnordestina com um redirecionamento estratégico para os pólos de demanda potencial (Centro-Oeste), apresentando-se como solução para a integração da malha ferroviária nacional;
  • Participação do modal ferroviário no planejamento estratégico de alguns Estados, como a BA, SP, CE, PI, MG, PR, SC e RSl, dentre outros; e
  • Aumento do lucro líquido da maioria das empresas, tendo algumas ultrapassando recordes.

As Concessionárias Ferroviárias têm cumprido o seu papel de investir nas malhas concedidas, tendo inclusive aplicado mais recursos que o Governo Federal nas rodovias. No ano de 2004, as Associadas da ANTF investiram cerca de R$ 2 bilhões, basicamente em: obras em infra-estrutura (construção de linhas férreas e terminais, ampliação de pátios e terminais, reconstrução de trechos e recuperação da infra e superestrutura da via permanente), meio ambiente, tecnologias e capacitação do pessoal, bem como aquisição e remodelação de material rodante.

Deste modo, ao final de 2004 a realidade das malhas concedidas e de seus ativos é bem diferente da situação encontrada na época da desestatização, pois, além das conseqüências econômicas como aumento da produção, geração de empregos indiretos e maior arrecadação de impostos, a atuação das empresas ferroviárias revitalizou a industria nacional do setor, tendo adquirido 104 locomotivas e 4951 vagões, em 2004, para atender ao crescimento de volume de cargas.

Esses números são impressionantes para uma indústria que há 10 anos, estava condenada à extinção. Quanto ao panorama econômico e político, cabe destacar que não influenciaram no desempenho apresentado pelo setor ferroviário, já que falta orçamento e ações condizentes com as necessidades de eliminação dos gargalos físicos e operacionais existentes na infra-estrutura ferroviária, além do aperfeiçoamento do aparelho regulatório do setor.

Ressalte-se a importância do Governo Federal dar andamento às propostas já formuladas pelas concessionárias para investir em novas obras de infra-estrutura e, principalmente, nas afetas as questões de invasão de faixa de domínio das ferroviárias e de excesso de passagens de nível. Além disso, falta uma agenda com visão de futuro para efetivar a implantação do Plano de Revitalização das Ferrovias, que até o momento somente foi lançado pela Presidência da República, em maio de 2003. Todas estas ações comprovam que o setor ferroviário está retomando o seu processo de crescimento, colaborando para o desenvolvimento econômico do país.