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Igor Montenegro Celestino Otto

Presidente da Goiás Parcerias - Cia. de Investimentos e Parcerias do Estado de Goiás

Op-AA-39

Soluções para o apagão da infraestrutura

Quer saber quais serão as manchetes dos jornais durante o escoamento da próxima safra? A resposta é fácil: fila no Porto de Santos. Prejuízos no transporte afetam produtores. Obras das ferrovias não avançam. Hidrovias continuam no papel. Etanolduto ainda é um sonho para os produtores.

Quer saber quais serão as respostas oficiais? Esta também é fácil: houve muita chuva, houve excesso de produção, faltou investimento na infraestrutura rodoviária (ou ferroviária ou hidroviária ou dutoviária), o planejamento deu errado, houve escassez de trabalhadores no porto, o orçamento não foi suficiente para realizar as obras, o cronograma de obras atrasou, o tribunal de contas embargou as obras. Bem, essas são as manchetes e as respostas oficiais de sempre. A verdade nua e crua é que estamos tendo um apagão da infraestrutura.

No apagão da infraestrutura, nós não ficamos sem energia em casa e nem há racionamento de água, assim pouca gente percebe os efeitos. E, então, não há pressão popular suficiente no governo por investimentos urgentes em infraestrutura. Acontece que o Brasil perde bilhões de reais todos os anos com a nossa ineficiência nessa área. Esse dinheiro perdido poderia gerar mais investimentos da iniciativa privada e do poder público, mas nós simplesmente jogamos fora parte da riqueza produzida. O caminho é buscar soluções para enfrentar o problema.

Cansado de esperar que o Governo Federal encontre as soluções de que precisamos, o setor produtivo agrícola e industrial do Centro-Oeste se uniu para realizar um estudo inédito chamado Projeto Centro-Oeste Competitivo, liderado pelas Federações de Indústrias e de Agricultura de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal, além da CNA e CNI. Esse estudo é um planejamento estratégico da infraestrutura de transporte e logística de carga da região Centro-Oeste e para o Brasil, que tem os seguintes objetivos:
• Integrar física e economicamente os estados envolvidos e demais regiões do Brasil;
• Identificar os sistemas de logística de menor custo, voltados para o mercado externo e interno, formados pela infraestrutura de transporte de cargas, e torná-los mais competitivos;
• Transformar os sistemas de logística em eixos integrados de desenvolvimento, à medida que forem complementados com investimentos em energia, telecomunicações e capital humano, atraindo as atividades econômicas, gerando emprego e renda, fomentando uma maior inserção da região e do Brasil na economia mundial;
• Liderar o processo de reconstrução e melhoria da infraestrutura brasileira, com a participação da iniciativa privada.



O planejamento estratégico revelou que existem atualmente 307 projetos de investimento para o desenvolvimento da infraestrutura e logística do Centro-Oeste visando ao escoamento da produção para exportação. São 113 projetos rodoviários, 68 projetos hidroviários, 68 projetos ferroviários, 44 projetos de portos, 4 projetos de aeroportos, 10 projetos dutoviários. Caso todos os projetos sejam executados, o custo total deles soma R$ 159 bilhões. Ficou claro que há falta de foco nesse conjunto de projetos. Obviamente, é preciso priorizar os projetos mais importantes, que trarão mais retorno e que ajudarão a resolver mais rápido o apagão da infraestrutura na região.

Atualmente, o custo logístico de transporte da região Centro-Oeste é de R$ 31,6 bilhões. Esse custo inclui frete interno, pedágio, custo de transbordo, custo de terminais, tarifas portuárias e frete marítimo. O total do custo logístico corresponde a 8,7% do PIB do Centro-Oeste. Com os volumes que devem ser transportados em 2020, o custo logístico de transporte da região Centro-Oeste, em 2020, quase vai dobrar, chegando a R$ 60,9 bilhões.

Portanto todo investimento em infraestrutura na região precisa ter por objetivos melhorar a infraestrutura e reduzir esse custo logístico. O Projeto Centro-Oeste Competitivo propõe a priorização dos investimentos em infraestrutura na região, em 10 eixos de integração, sendo 5 eixos ferroviários, 2 eixos hidroviários e 3 eixos rodoviários. Os projetos de infraestrutura definidos como prioritários para a logística do Centro-Oeste são os seguintes:
01. Ferrovia Norte-Sul, via Vila do Conde;
02. Ferrovia Norte-Sul, via Estrela d’Oeste e Santos;
03. Ferrovia ALL Malha Oeste Corumbá-Santos;
04. Ferrovia Maracaju-Guaíra-Paranaguá;
05. Ferrovia Lucas do Rio Verde-Santos;
06. Hidrovia do Rio Paraguai, desde Santo Antônio das Lendas;
07. Hidrovia Juruena-Tapajós, via Santarém e Vila do Conde;
08. Rodovia BR-242 + Ferrovia Norte-Sul Lucas RV-Alvorada-Vila do Conde;
09. Rodovia BR-364 + Hidrovia do Rio Madeira; e
10. Rodovia BR-163 via Mirituba, Santarém e Vila do Conde.

Com a implementação desses 10 eixos de integração, a redução de custo de transporte na região Centro-Oeste será de R$ 7,2 bilhões ao ano – uma redução estimada de 11,8% em relação ao custo atual da logística na região. Além disso, esses investimentos serão capazes de estimular um maior desenvolvimento econômico e social dessa região, que ainda é uma das principais fronteiras do agronegócio mundial. Portanto de importância altamente estratégica para o Brasil.

Esse planejamento estratégico da infraestrutura de transporte e logística de carga, realizado pelo setor produtivo da região Centro-Oeste, precisa ser realizado em todas as regiões do Brasil. Assim, conseguiremos priorizar, em escala nacional, as soluções mais viáveis e com melhores resultados para o País.

Já passou o tempo em que esperávamos que os governantes nos oferecessem novas propostas, plataformas ou promessas que pudessem diminuir os nossos problemas. Também já passou o tempo em que esperávamos que os governos fossem centros de poder, capazes de dirigir sozinhos a nossa nação rumo ao caminho que almejamos. Está provado que aqueles tempos não funcionaram como deveriam.

Vivemos uma era em que o poder está difuso na sociedade. Grupos de pessoas, empresas, organizações não governamentais e instituições privadas agora são centros informais de poder e capazes de pressionar por melhorias nas ações do setor público. Chega do tempo de sociedade do lado de cá e governo do lado de lá. O nosso destino é comum a todos, não há como nos separar. Somos uma só nação, com interesse mútuo no desenvolvimento econômico e na melhoria de vida de nossa gente. Esse é tempo de investir nas melhores soluções para a nossa nação. Esse é tempo de agir e agir certo.