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Eduardo José de Farias

Vice-presidente do Grupo Farias

Op-AA-10

A visão estratégica dos produtores

Acelera-se o processo de consolidação setorial, com crescente número de fusões, incorporações, aquisições e implantação de novas unidades industriais, num ambicioso apetite de produtores brasileiros, ávidos pela realização de investimentos. Crescente também tem sido o interesse de produtores europeus e de tradings líderes do agronegócio no cenário global em se instalarem no mercado nacional.

Embora se aproxime de uma centena o número de novos projetos de unidades produtoras de açúcar e álcool, parece ainda insuficiente diante de projeções das necessidades dos próximos anos. Empresas especializadas sinalizam demandas para os produtos brasileiros da ordem de 33 milhões de toneladas de açúcar e mais de 27 bilhões de litros de álcool na safra 2010/11.

Neste mesmo período, o reflexo direto na agricultura dar-se-á pela necessidade de crescimento anual, em cerca de 7 % na cultura da cana-de-açúcar. Um visitante informal do setor sucroalcooleiro pode imaginar que se vive uma bolha de desenvolvimento, o que, em parte, pode até ser verdade. No entanto, aos olhos do analista mais cuidadoso, este momento está sendo alavancado por ações que se originaram no início deste milênio.

A migração interna dos produtores do Nordeste para a região Centro-Sul vem ocorrendo neste período de forma continuada, embora a mídia somente agora tenha realizado esta percepção. O Grupo Farias teve a capacidade de antever e acreditar neste cenário de desenvolvimento e tem se preparado para dele participar, com ações proativas, criando a musculatura necessária para fundamentar as ações de crescimento, hoje exteriorizadas.

Sabendo que crescimento se faz com pessoas, implementou-se ações para atrair e reter talentos, através de um programa próprio de meritocracia, que incentiva o cumprimento de objetivos e metas. Paralelamente, foi estabelecido um sistema de gestão centralizada, com uma diretoria e gerências corporativas, que parametrizam e orientam as ações que ocorrem nas bases operacionais.

Anualmente, são realizados 2 workshop nacionais, onde são estabelecidas as ações semestrais e medidos os desempenhos alcançados, além de proporcionar a adequada integração da equipe. É também neste forum que as metas de produção são definidas, tendo o último estabelecido, para 2010, o processamento de 15 milhões de toneladas de cana, e para 2.015, próximo de 30 milhões.

Implementou-se um sistema de ERP centralizado em linguagem web, utilizando-se do e-business suite da Oracle, onde também são englobadas as ferramentas de controle agrícola, industrial e comercial da empresa. O Grupo Farias está nesta safra 06/07, com 5 unidades em produção (Baia Formosa-RN, Pedroza-PE, Itapaci-GO, Anicuns-GO e São José-SP). Para a próxima safra, entrará em operação mais uma (Itapuranga-GO) e em 2008, mais 3 (Álcool Verde-AC, Bom Sucesso-GO e Taquarituba-SP). Já em estudo encontram-se 3 projetos, para 2009.

Ainda que o Grupo Farias tenha a vocação de atuar na fronteira agrícola, o mercado tem acompanhado com interesse os investimentos em implementação no Acre. As razões são diversas:

1. trata-se de um estado importador de açúcar e álcool, possuindo, num raio de 750 km, mais de 30 milhões de habitantes, oferecendo, assim, um mercado consumidor bastante interessante.
2. As condições edáficas são da pré-amazônia, com período seco definido, semelhante a regiões como o Mato Grosso ou o Maranhão.
3. Existe hoje mais de 80.000 ha disponíveis, com pastagens no entorno do projeto.
4. A já iniciada construção da rodovia Transoceânica, que fará a ligação do projeto a portos do Peru (com, no mínimo, 3 dias mais próximo da Ásia que qualquer outro porto brasileiro).
5. A pré-disposição de plantar cana de produtores locais, inclusive de assentados que integram o projeto e oferecem a adequada sustentabilidade social.
6. A possibilidade de cogerar energia, pois o Acre constitui-se num sistema isolado no país, utilizando-se de termoelétricas acionadas a óleo diesel e,
7. incentivo e adequada gestão governamental para superar possíveis dificuldades logísticas, contribuindo para a viabilização do projeto.

Apesar de serem incentivadas a inovação de gestão e a quebra de paradigmas, uma constante no Grupo Farias é que somente se altera uma tecnologia quando sua utilização ultrapassa os 90% de seu valor ótimo. Assim, se procura extrair dos equipamentos seu pleno desempenho, para sua posterior substituição.

Como as ofertas de localização, hoje, são fartas, não se deve deixar para trás as condições edafoclimáticas do lugar, aprendendo com a história que indica que, no cenário atual, os empreendimentos lucrativos estão fundados em solos da melhor qualidade, que permitem a colheita mecanizada, com boa distribuição das chuvas e com logística de produto acabado adequada.

Destaca-se que, num futuro próximo, não haverá como conceber usinas ou grupos que não estejam engajadas a grandes players do mercado. Assim, alinhando os fatores de produção, como recursos humanos, gestão, conhecimento, capital, comercialização e logística, pode-se pensar em crescimento de forma sustentável, perpetuando-se os grupos empresariais deste setor.