Me chame no WhatsApp Agora!

Mário Dias da Costa Filho

Gerente Corporativo de Desenvolvimento Agronômico da BP Bioenergy

OpAA84

Bioestimulantes no controle de estresse abiótico
Um dos maiores desafios do setor sucroenergético hoje, sem dúvida, é a produtividade agrícola. E, quando dividimos a safra em três períodos (início, meio e fim), o desafio é ainda maior. A cana colhida nesse período é exposta a um estresse abiótico mais acentuado. 

O estresse abiótico da cana-de-açúcar refere-se a qualquer fator não biológico do ambiente que afeta negativamente o crescimento, desenvolvimento ou produtividade da planta. Esses estresses comprometem processos fisiológicos e bioquímicos essenciais, como a fotossíntese, a absorção de nutrientes e o metabolismo energético. 

Dentre eles, os mais relevantes são o déficit hídrico (seca), que é quatro, cinco vezes maior nas canas de final de safra, e as altas temperaturas e radiação solar excessiva. Todas elas combinadas geram estresse oxidativo, que é uma das principais consequências do estresse abiótico em plantas e está diretamente ligada à produção e acúmulo excessivo de espécies reativas de oxigênio, causando redução de crescimento, queda na taxa fotossintética, amarelamento e queima das folhas (perda de clorofila), enfraquecimento da planta e queda de produtividade. 

Tudo isso implica em uma qualidade menor desta cana processada, com menor pureza, mais fibra e uma quantidade maior de açúcares redutores, onde temos relevantes impactos na indústria. 

Comparativo entre áreas aplicadas com bioestimulantes pós-seca e testemunho com 20 dias após aplicação.


Adicionalmente a este desafio da qualidade, temos uma redução de produtividade média nesse período, em torno de 25% a 35%, impactando na manutenção de performance de colheita, havendo a necessidade de estrutura adicional e, por consequência, aumentando os custos de produção. 

Diante desta realidade, a BP Bioenergy tem como umas das estratégias agrícolas implementar e desenvolver novas alternativas que reduzam este efeito, garantindo melhores condições para o nosso negócio, dentre elas a utilização de bioestimulantes.

A nossa jornada na utilização de bioestimulantes começou há 10 anos no plantio mecanizado, com uso de extratos de algas que estimulavam o enraizamento mais rápido, melhorando assim a brotação, mitigando parte do efeito dos danos mecânicos inerentes à operação. Em seguida, iniciamos as operações foliares com nutrição e extratos de algas. Inicialmente com uma única aplicação e depois conseguimos expandir para até três aplicações, dependendo das condições.

Há quatro anos começamos a utilização de complexos de aminoácidos, inicialmente junto com extratos de algas e foliares nutricionais e, atualmente, começamos a explorar mais a nossa experimentação, pois notamos que haveria oportunidades no estudo deste manejo.

Intensificamos nossa experimentação e, hoje, estamos utilizando um pacote de bioestimulantes à base de aminoácidos e extratos de algas com foco no arranque e/ou destravamento do canavial no início das chuvas, antes das aplicações com foliares nutricionais. 

Embora ainda houvesse uma melhoria no canavial pós-estresse, havia o paradigma “do que mais faremos” para melhorar a cana de final de safra. Foi aí que iniciamos os estudos no manejo pré-seca, que consiste em proteger a lavoura antes do início da estiagem. 
Para o nosso setor, de fato, é uma quebra de paradigma, pois, no manejo convencional, sempre se trabalhou para estimular o crescimento da planta e não no conceito de regulagem de fluxo de dreno, fortalecendo raízes e rizomas, antes da colheita. 

Desta forma, na BP Bioenergy, aplicamos aminoácidos, extrato de algas e alguns nutrientes em três aplicações, realizadas na última janela de favorabilidade no final das chuvas. Os intervalos variam conforme a condição climática, podendo alternar entre 10 e 20 dias. 
 
Embora haja variações entre anos, notamos que, além de reduzir a perda de produtividade, conseguimos um aumento de seis toneladas em média no final de safra, aumento de quase dois pontos de pureza e uma melhoria de brotação, que deve ser em função da maior quantidade de amido das áreas aplicadas, que chegam a 50%. 

E, por fim, sobre os últimos avanços das tecnologias em bioestimulações na BP Bioenergy, é válido mencionar que, no ano passado, validamos o uso de ácido giberélico em janeiro, com foco no crescimento. Olhando a dinâmica do Centro-Sul, mesmo sendo uma época de abundância de chuvas, é um período em que temos uma redução de radiação, e as aplicações de giberelina isolada ajudam a destravar nossa lavoura a alongar os colmos, dando excelentes resultados. 

Atualmente, a empresa aplica aproximadamente nove vezes a área total com algum tipo de bioestimulante (55% aminoácidos, 20% precursores hormonais, 17% pré-seca e 8% hormônio). Contudo, mesmo com todo esse manejo, ainda se faz necessário continuar investindo em experimentações de alto nível para entender até onde poderemos chegar com o manejo de bioestimulações. 

Ademais, a BP Bioenergy, além de investir fortemente em experimentação, também investe em outras técnicas para reduzir os impactos de clima, como manejo de água, correção de solo, utilização de variedades modernas e resistentes a seca e investimentos em irrigação que chegam a média de R$ 100 milhões por ano. 

Comparativo entre áreas testemunho (1) e aplicadas com pré-seca (2)