Me chame no WhatsApp Agora!

Piero Vincenzo Parine

Presidente do Sindalcool - MT

Op-AA-08

As oportunidades de uma vitória histórica

Estamos diante da grande oportunidade de obter o pleno êxito da atividade sucroalcooleira do Brasil. Reconceituar o óbvio das perspectivas do setor sucroalcooleiro neste momento, talvez seja desnecessário, ou seja, os números e dados globais que tratam o cenário de oferta e demandas para o produto álcool no Brasil e no mundo já são bastante conhecidos e de domínio estatístico.

Porém, há de se discutir se preocupar com questões que entendo serem supra-comerciais ou além dos interesses empresariais, ou seja, de que maneira profissional, altruísta e comprometida, deveremos garantir produção, estoques e fornecimento assíduo aos nossos compatriotas consumidores que, afinal de contas, aderiram fielmente à idéia do carro flex-fuel, com a convicção de que se trata de um programa duradouro e de extensão às futuras gerações.

Construir um modelo inteligente e eficiente, capaz de disciplinar a construção de um estoque nacional regulador de etanol, cujo efeito esperado traduza-se em garantia de abastecimento, minimização das brutais volatilidades internas de preços e no aumento de credibilidade comercial internacional é, sem dúvida, o grande momento de maturidade que o setor sucroalcooleiro deveria atingir.

Nesta direção, o setor empresarial e os poderes governamentais do País podem construir, de maneira consistente e definitiva, uma inter-relação com bases claras, comprometidas e dinâmicas, tendo aí, como ponto de partida, uma definição soberana, diplomática e capital da inserção do etanol na Matriz Energética brasileira, ou ainda, o Etanol, apresentando-se nos moldes convencionais de mercado, no formato de uma commodity do agronegócio.

Ou seja, reconhecer este momento conceitual, envolvendo ambas as visões, e separar com respeito e convicção dos papéis exercidos por cada um, nos permitirão decidir a coisa certa, na hora certa, e, com interlocutores corretos.

Assim, o etanol, quando encarado pela primeira definição, ou seja, como elemento pertencente à Matriz Energética brasileira deverá receber a classe de produto de segurança nacional e caberá ao governo brasileiro estabelecer regras de monitoramento da produção, garantia de macro logísticas e distribuição, observar regras de mercado, que garantam a competitividade interna, e propor estoques de segurança, regulação e qualidade.

Quando focado pela definição seguinte, ou seja, commodity do agronegócio, caberá imediatamente ao setor empresarial liderar um movimento permanente de equilíbrio mercadológico, formação de fundos econômicos, que eventualmente possam minimizar as perdas financeiras de empresas do setor sucroalcooleiro, produzir em escala nacional um marketing virtuoso do segmento, apresentar planos de safras com a segurança suficiente para equilibrar a equação oferta-demanda, produzir modelos comerciais competitivos e, ainda, despejar investimentos em pesquisa científica, tecnológica e ambiental.

Sem dúvida, temos a maior e jamais vista oportunidade, dentro do setor primário nacional e mundial, de apresentarmos um produto, ao mesmo tempo, único e múltiplo, pois, se traduz em solução energética para o mundo e em solução econômica importante para o Brasil.

Somos, sem dúvida, um setor extremamente pró-reativo e, neste momento em que os bons ventos sopram a favor do nosso negócio, seja a médio e a longo prazo, devemos nos articular para promover uma profunda e definitiva organização do setor sucroalcooleira. Devemos pensar e agir em bloco, sintonizados com o princípio do respeito e ordem, contemplando todas as diferenças regionais, neste imenso e complexo País.

Portando, temos, de fato, a enorme oportunidade de consolidarmos nossa merecida história setorial, com o performance de inúmeras conquistas que, dentre as quais, citamos:

 

  • a inclusão da atividade na matriz energética nacional e mundial;
  • a formatação definitiva dos estoques reguladores nacionais de segurança;
  • uma ampla e justa reforma tributária no segmento, revendo as distorções regionais;
  • a consolidação de espaço nas exportações possíveis de etanol para o mundo – inclusive com a definição do tipo de produto;
  • o ingresso forte de posições negociais de contratos, junto às bolsas mercantis e de futuros no mundo;
  • protocolos de acordo e ações conjuntas entre governo e empresários, na busca de soluções sobre as grandes problemáticas estruturais de logísticas, sejam rodoviárias, ferroviárias, dutoviárias, hidroviárias e portuárias;
  • uma ampla revisão e modernização na legislação e relações trabalhistas, além, é claro, dentre outras que poderíamos sugerir,
  • a criação de uma política ambiental, dirigida de forma aplicável e profissional.