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João Paulo Pivetta

Gerente de Marketing Operacional da Bayer

Op-AA-56

É simples assim? Não!
Coautor:
Paulo Cesar Hidalgo Donadoni, Gerente de Marketing Estratégico Cana-de-Açucar da Bayer 

Mais proteção e menos perdas. 
 
Mesmo com diversas técnicas atuais, modernas, capazes de oferecer ao produtor a situação de desempenho da lavoura a quilômetros de distância, o que ainda conta, e muito, é o bom planejamento para aplicação de insumos, que são capazes de assegurar o vigor das plantas e o valor da produção agrícola. Sem essa parte do processo agroindustrial da produção de cana, a boa execução agronômica com qualidade, como parte da estratégia para uma safra de resultados promissores em produtividade, não haverá bons rendimentos. É simples assim? Não! 
 
Isso pelo fato de que o ambiente para se produzir mais e melhor cana mudou; aliás, ele se transformou e não mais se vem transformando, como observamos ao longo dos últimos anos. Chegamos ao futuro que visualizamos em relação ao impacto do aumento de pragas, doenças, plantas que persistem em sobreviver frente a compostos herbicidas, dificuldade em desinfestação da lavoura, aumento do tráfego de máquinas e equipamentos cruzando lavouras e informações não bem entendidas e que podem surgir como falsas verdades, podendo prejudicar a evolução do campo, que, em alguns casos, só são números agrupados e mal interpretados. 
 
Outra problemática que comentarei mais a frente. O que parece fato é que muitas técnicas que achávamos ser um algo a mais para esperar um nível maior em produtividade, hoje, se tornaram essenciais no campo e servem como alavanca para buscar retorno sobre o investimento na cana. 
 
O pacote tecnológico atual de uma lavoura moderna canavieira deve conter protetores mais robustos e ambientalmente mais seguros, que carregam entregas práticas diferentes no campo, possibilitando ao canavicultor investir mais na gestão das operações planejadas. 
 
Além da indústria, o agrícola também pode rodar como um “reloginho”, como se diz no âmbito das usinas. Desde que o aspecto clima, o fator soberano para qualquer cultivo, siga contribuindo para resultados superiores. O agrícola é que determina o jogo a ser ganho no negócio cana, fazendo com que todo o planejamento e a execução das boas práticas de cultivo valham a pena. Nesse contexto, o efeito crop efficiency, cada vez mais, se faz necessário, e é outro plano de uso que deve estar na pauta do investimento agrícola.  
 
A partir da premissa de uma gestão inovadora no campo, investir em conceitos e técnicas modernas vem fazendo a diferença nos grupos empresariais do setor que se despontam no quadrante de mais lucro por meio do menor custo de produção da tonelada de cana, frente à produção por hectare obtida. Plantar e colher cana, atualmente, não é a mesma coisa de uma década atrás, e os resultados não estão vindos para produtores que ainda insistem em não experimentar novas tecnologias. 
 
Os dados mostram isso. Atualmente, cerca de 8 a 12 kg de ATR são consumidos pelas impurezas do campo à indústria. Estudos mostram que efeitos adversos do clima podem ser manejados com técnicas já existentes, de alto retorno sobre o investimento, como a inibição dos efeitos da isoporização, que tendem a ser recorrentes em 7 de 10 anos observados: danos provocados por manchas foliares que reduzem o potencial de produção de fotoassimilados, a mecanização intensa funcionando com uma espécie de ponte para disseminar riscos à saúde e ao pleno potencial das plantas de cana. 
 
Todo esse conjunto de fatores, quando geridos de forma planejada, visando mitigá-los e somados a conceitos novos, buscando incremento da produção agrícola, é o divisor de rentabilidade para o negócio. Não é mais possível o produtor de cana trazer a conta para apenas uma aplicação de inseticida, outra de herbicida, outra de corretivo e macronutirentes minerais, confiança em variedades antigas pela baixa experimentação em materiais mais adaptados à mecanização do plantio e da colheita; todos esses olhares agronômicos de antes não são mais suficientes para obter o desempenho agrícola atual desejado. Não é mais assim que se produz cana de forma rentável e moderna. 
 
Observando dados de pesquisas de mercado sobre uso de protetores de plantas, os níveis de investimento nessas tecnologias pelo produtor são maiores do que no pico de expansão da cultura na década passada, mas, atualmente, são concentrados, regionalizados e diferem em termos de constância de adoção, indicando que existe potencial para oferecer ainda mais renda ao PIB do setor, beneficiando toda a cadeia agroindustrial. 
 
Outro ponto que gostaria de elevar é a conexão do uso de insumos modernos com práticas de gestão avançadas, como a internet das coisas, presente cada vez mais no campo. O avolumado de dados carregados por ferramentas digitais e que se conectam em tempo real, mesmo em áreas agrícolas remotas em alguns casos, surge como outra tela de análise para tomada de decisão quanto à proteção e ao incremento no campo. 
 
O ponto é saber dosar o tempo investido nessas análises, a agregação de valor que elas podem de fato assumir como investimento bem-feito em tempo e recurso. Em alguns casos, o que é disponibilizado não reduz de fato a visualização in loco na lavoura, não substitui decisões tomadas pelo time agrícola, discutindo alternativas em conjunto e pode até mesmo limitar atalhos valiosos em termos de soluções práticas necessárias e somente percebidas por meio de fóruns de técnicos comprometidos e que carregam o valor do olhar do campo, aquele que se constrói dia a dia, acompanhando desde o plantio até a colheita. 
 
Em suma, não se pode colocar toda a solução em algoritmos. Vivenciamos a agronomia como ciência para melhorar os cultivos, e isso envolve uma dinâmica enorme de situações em que nos deparamos quando cultivamos plantas em altíssima escala. Confesso que me sinto entusiasmado em poder observar e participar de todo esse ambiente atual da agricultura canavieira. O momento é intenso em termos de realizações e oportunidades para quem aposta na visão holística da agricultura moderna. 
 
Retomando, meu ponto não é colocar em xeque ou deixar de lado as soluções digitais disponíveis, pelo contrário, é incentivar o melhor uso das ferramentas de precisão e de dados, visando aproveitar melhor todo o desempenho que os insumos e manejos modernos podem oferecer. Ser digital na agricultura é ser ainda mais flexível pela forma de conectividade oferecida por essa gama de dados do campo, orientando melhor as escolhas a serem seguidas, monitorando mais áreas, visando reduzir as margens de erros de avaliação agronômica e, claro, reduzir perdas por pragas, doenças e competição de plantas, além de incrementar o yield da cultura. 
 
Adotar inovação e ser referência como produtor, buscando melhorar a rentabilidade da produção e construindo uma agricultura canavieira moderna, passaram a ser condição chave para o executivo do campo prosperar no setor sucroenergético em tempos atuais. 
 
O cultivo da cana mudou, e o perfil do produtor precisou evoluir para não sair ou entregar o negócio a quem saiba entender o contexto de hoje e o de amanhã. Esperamos que a visão de retorno no longo prazo possa contaminar o desejo de investimento em novas possibilidades para os canaviais do Centro-Sul e do Nordeste, já que as expectativas sobre a energia na forma de alimento, fibra e combustível, ofertada pela cana, se renovam constantemente. Assim como a energia renovável que esse cultivo carrega como essência. 
 
Uma ótima safra a todos os envolvidos nos negócios que englobam a cultura da cana. Desfrutem ao máximo do potencial desse cultivo ao longo de toda a safra 2018/2019.