Diretor de Commodities da ALL
Op-AA-16
O crescimento na produção e movimentação de açúcar e álcool nos últimos anos não foi acompanhado pela infra-estrutura logística, tornando o modal rodoviário predominante na movimentação destes produtos e, em muitos casos, a única opção. Para mudar este cenário, desenvolvendo novas opções logísticas que estimularão a competitividade entre modais e conseqüente redução de custos para os usuários, são necessárias parcerias de longo prazo, que envolvam garantias de volume e investimentos na infra-estrutura logística como um todo, tanto para captação de carga e melhorias nos pontos de descarga, quanto para adição de novos ativos.
Deste modo, tanto o prestador de serviço tem a garantia de que pode investir, por ter volume assegurado, quanto o setor tem a garantia de uma logística mais eficiente e de menor custo. Na ALL, estamos adotando alguns modelos nos segmentos de açúcar e álcool, com destino à exportação e distribuição de álcool, para o mercado interno.
No caso do combustível para o mercado interno, o primeiro passo, sem dúvida, é a criação de bases concentradoras no interior, junto à cadeia produtiva, visando à utilização do modal ferroviário. A companhia firmou parcerias junto a grandes clientes do segmento, para a construção de oito bases de captação de álcool, em pontos estratégicos na região de São Paulo, principal produtora, nos municípios de Sertãozinho, Andradina, Araçatuba, São José do Rio Preto, Ipaussu e Uchoa, além de Jacarezinho, no Paraná, e Alto Taquari, no Mato Grosso.
A implantação destes centros concentradores permitirá o acesso ao modal ferroviário e conseqüente redução de custos logísticos para os clientes. Outro passo importante é o desenvolvimento, por parte dos produtores, de uma estrutura de recepção interligada às empresas distribuidoras de combustíveis, garantindo, aos transportadores, uma cadência de cargas linear, ao longo do ano.
A linearidade permite contratos de longo prazo e alocação de ativos dedicados à operação, com vantagens significativas para os clientes. Esta mesma infra-estrutura de carregamento para o álcool no mercado interno também pode ser utilizada quando o destino é a exportação, onde as grandes dificuldades são a sazonalidade acentuada e a falta de previsibilidade de como os volumes irão se comportar durante o ano.
A falta de previsibilidade e a sazonalidade podem ser controladas com o incremento de armazenagem, tanto no carregamento, quanto na descarga, o que permite a alocação de ativos dedicados e redução no custo logístico, que viabiliza o investimento nesta estrutura. Quando se trata do açúcar destinado à exportação, vale mencionar o modelo eficiente adotado no Paraná, um dos estados mais desenvolvidos nesta logística, com pontos concentradores de cargas altamente produtivos, tanto na recepção rodoviária, quanto na expedição ferroviária, e terminais eficientes no porto, com capacidade suficiente para suprir as oscilações de mercado e ausência de navios.
Em São Paulo, os terminais do interior ainda são pouco produtivos e, na maioria dos casos, inadequados à operação ferroviária, sem capacidade para carregar um trem-tipo - composição com 60 vagões e capacidade para 4,2 mil toneladas/dia. Já os terminais portuários em Santos são, em geral, eficientes e adequados à realidade atual do setor.
O grande salto para a economia logística no principal estado produtor de açúcar é a garantia de grandes volumes alocados em centros concentradores no interior, que permitem pesados investimentos em ativos, visando ganho substancial de produtividade, para a cadeia logística. Isso traz tanto retorno financeiro para o prestador do serviço, quanto a redução de custos para o usuário.
Deste modo, direciona-se o modal rodoviário para o abastecimento dos centros coletores e o ferroviário para a movimentação em grandes distâncias. Essas medidas, quando adotadas, refletirão em aumento da participação das ferrovias nas cargas, com destino ao porto de Santos. Serão necessárias algumas adequações nos terminais de descarga no porto, para que ele não seja um gargalo de produtividade e que sua eficiência garanta a redução de custos para os clientes. Desta maneira, a ALL pretende consolidar parcerias de peso no setor sucroalcooleiro.