Consultor da Valtra do Brasil
Op-AA-07
Esta publicação foi especialmente elaborada para dar sugestões e orientações aos produtores e operadores, visando a redução do custo de manutenção dos tratores Valtra, usados no setor sucroalcooleiro. Nos trabalhos de monitoramento de frota que a Valtra realiza em parceria com seus concessionários e com as próprias usinas, os técnicos da empresa buscam incorporar aos produtos soluções simples, mas que atendam todas as necessidades operacionais.
Ao longo dos anos, neste trabalho de parceria com as usinas, a Valtra coletou informações fundamentais para incorporar melhorias aos seus produtos, o que hoje nos assegura algumas vantagens. Uma delas é que os tratores Valtra dispensam a desmontagem dos conjuntos e agregados principais, como motor, transmissão e eixo dianteiro, para a realização da manutenção preventiva.
Todos esses conjuntos ultrapassam a sua vida útil estimada, conforme os técnicos da fábrica puderam constatar nas usinas. Para isto, basta que os operadores sigam as recomendações contidas no manual, como a de utilizar óleos de qualidade específica, fazer as revisões corretamente, adequar os implementos e obedecer os limites da relação peso-potência, entre outras recomendações.
Em função da evolução tecnológica dos tratores, não recomendamos a desmontagem dos principais agregados para a manutenção preventiva. Na caixa de câmbio, por exemplo, quando ela é desmontada para avaliação, normalmente se trocam os rolamentos, retentores, bomba de óleo, travas, entre outras peças. Isso gera um custo desnecessário em média 43% acima do valor de um reparo, em função de uma quebra acidental.
Portanto, não é racional a desmontagem apenas para análise, visando a prevenção. A manutenção preventiva que recomendamos é a especificada no manual do operador, que considera a quantidade de horas trabalhadas. Afora essas especificações, sugerimos apenas que, para os tratores que terminam a safra trabalhando em reboque, com o sistema hidráulico inativo por tempo prolongado, sejam acoplados implementos de três pontos, realizando-se testes para avaliar o funcionamento desse conjunto.
Assim, ao iniciarmos os trabalhos no campo, não teremos surpresas. Os dados que a Valtra dispõe, referentes aos tratores da linha pesada, comprovam que, se atendidas as recomendações, adequando-se corretamente o conjunto trator/implemento e mantendo a equipe de campo treinada, os principais conjuntos do trator, exceto os itens de desgaste normal por tempo de uso, podem ultrapassar 10.000 horas de trabalho, sem a necessidade de desmontagem para manutenção preventiva.
Caso haja incidência de quebras, com baixa quantidade de horas trabalhadas, sugerimos uma avaliação no campo. A Valtra e seus concessionários dispõem de técnicos para avaliar e propor soluções. Normalmente isso envolve a otimização do conjunto trator-implemento e treinamento. A melhor manutenção preventiva é o bom nível de treinamento dos operadores e encarregados de campo.
Uma equipe de campo bem treinada e consciente da sua importância no processo de produção é capaz de reduzir as quebras em aproximadamente 70%, garantindo menor custo de manutenção e maior disponibilidade da frota. O custo da manutenção preventiva, recomendada pelo manual do operador, com relação à troca de óleo e filtros, é baixo e garante a vida útil dos conjuntos, considerando os períodos médios dessas manutenções nas usinas. Em média, o custo é de R$ 2,47, para cada hora trabalhada do trator.
Outra manutenção fundamental que garante mais vida útil ao motor e deve ser realizada periodicamente, é a regulagem de válvulas e bicos injetores. Em média, o valor desses serviços é de R$ 0,26, por hora trabalhada do trator. Portanto, o custo total para as manutenções fundamentais especificadas no manual é R$ 2,73 por hora trabalhada. Considerando que o valor da hora trabalhada de um BH-180 é de aproximadamente R$ 70,00, o custo dessa manutenção representa 3,9% do custo da hora-máquina.
Com base nesses dados, podemos afirmar que o custo da manutenção preventiva é significativamente menor que o de uma eventual manutenção corretiva. Ressalto que algumas usinas têm laboratórios de análise de óleo, o que reduz ainda mais estes valores, pois normalmente é aumentado o período de troca dos óleos. Desde a aquisição da máquina, é preciso definir com precisão o que realmente o trator deve contemplar, para realizar todas as operações com versatilidade.
Hoje se fala muito em tecnologia incorporada nas máquinas agrícolas, com a introdução de componentes importados. Mas, na prática, nem sempre isto reflete ganho operacional e custo-benefício, devido ao alto custo de aquisição e manutenção desse tipo de máquina. Estudos realizados pela Valtra, que compararam tratores importados com o modelo BH-180, mostraram que o custo de manutenção dos tratores importados foi 31% superior aos tratores da linha BH-180, considerando uma vida útil de 12.000 horas, para as duas linhas. Normalmente, o reparo dos tratores de alta tecnologia é mais demorado, além de exigir mão-de-obra especializada, o que pode comprometer a disponibilidade da frota.