É consenso no setor da bioenergia que sua renovação esbarra no aumento de eficiência e na redução de custos operacionais. A grande questão, no entanto, é de que forma podemos capitalizar esses esforços para que possamos sair fortalecidos, uma vez mais, nesta nova fase de desenvolvimento que será fomentada, em grande parte, pela nova Política Nacional de Biocombustíveis – o RenovaBio.
Enquanto entidade que tem em seu DNA a transferência e o compartilhamento de conhecimento, a UDOP – União dos Produtores de Bioenergia, trabalha há quase quatro décadas na qualificação e na capacitação profissional, já tendo qualificado mais de 120 mil profissionais em sua história. Por sermos uma entidade prestadora de serviços, uma nova fase se abre dentro da nossa missão: a de nos firmarmos como uma associação que sugestiona, promove a publicidade e aplicabilidade às inúmeras pesquisas que hoje são desenvolvidas em institutos e universidades públicas e privadas.
E, por essa razão, estabelecemos parcerias com centros de excelência em pesquisa no último e neste ano, para que toda a expertise oriunda de trabalhos acadêmicos possa atingir suas metas com a implementação efetiva no cotidiano das unidades agroindustriais. Infelizmente, muitas pesquisas acabam sendo engavetadas por falta de incentivo e acabamos por patinar em questões básicas, como a baixa produtividade dos nossos canaviais, que outrora já se aproximaram da casa dos três dígitos em termos de produtividade, mas, hoje, giram em torno de pouco mais de 70 toneladas por hectare. Identificar onde estão os gargalos que impedem a aplicação dessas pesquisas é um passo inicial para que possamos evitar o desperdício de conhecimento, que ocorre quando mais necessitamos de resultados.
Aprendemos que o açúcar, o etanol e a bioletricidade são produzidos no campo, através das melhores práticas agronômicas e industriais em nossa matéria-prima básica: a cana-de-açúcar. Aliado a isso, temos que trabalhar constantemente em performances mais eficientes nas indústrias para trazer resultados mais rentáveis ao setor. Por décadas, coexistimos com institutos e centros de pesquisas que difundiram e estudaram variedades e sistemas de gestão voltados para regiões tradicionais. Alguns, inclusive, incentivados e mantidos pelo próprio setor ou por organismos estatais.
No entanto, a partir de 2000, a realidade do setor se transformou com a expansão de novas fronteiras agrícolas, o que não foi acompanhado por esses institutos de pesquisa, alguns dos quais, sequer sobreviveram. Sem pesquisas adequadas, o setor foi pego num momento de expansão, que culminou no período em que precisamos dobrar nosso tamanho, mas órfão de pesquisas para essas novas fronteiras.
Muita cana comercial foi replicada, com sistemas de gestão estudados para regiões em solos mais ricos e com os resultados que vemos hoje. Nesse cenário, é imprescindível o trabalho em conjunto com instituições de pesquisa para desenvolvermos com maestria os processos operacionais e de gestão, embasados em metodologias e técnicas fundamentadas.
Pensando nisso, formatamos nossa já tradicional série de eventos para que o maior número de usinas possa compartilhar seus resultados, realizar pesquisas, tornar públicos os resultados de aplicação e, por conseguinte, difundir esses resultados, que prometem revolucionar o setor. Além do tradicional Congresso Nacional da Bioenergia, já em sua 11ª edição, se firmando como maior evento do setor, a entidade realizará, em novembro, o Seminário Udop de Inovação, onde as universidades, centros de pesquisa, startups e as próprias usinas poderão apresentar suas linhas de estudo voltadas para nosso setor.
Com isso, esperamos criar o ambiente propício para a ampla difusão da inovação em sua forma mais ampla. Formatamos ainda o Fórum Udop de Implementação Tecnológica, evento que realizaremos no mês de março de 2019, com o objetivo de mostrar os resultados práticos da aplicação das inovações, demonstrando e triando de forma segura as pesquisas que mais surtiram resultados em sua aplicabilidade nas usinas.
Entendemos que esse fomento, troca de experiências e aplicação de conhecimento possam transformar a grande mola propulsora que nos alçará, num breve futuro, para patamares de maior excelência, onde a meritocracia das usinas, estimulada pelo RenovaBio, possa ser premiada e incentivada.
O RenovaBio, inclusive, que se mostrou como clara política de Estado, e não de governo, passa a tratar o setor sucroenergético como estratégico no que se refere à matriz energética brasileira e, também, consolida o nosso país como referência no uso e no incentivo de combustíveis renováveis. Na nossa visão, o fortalecimento da Udop passa por agregar novas usinas como associadas, visando ampliar a capacitação e a qualificação dos profissionais do nosso setor.