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Rogerio Berger e Regina Maria Filipak

Quanta Sistemas Produtivos

Op-AA-02

Viabilidade econômica-financeira dos projetos Proinfa

O gerenciamento do suprimento de energia no Brasil, sempre esteve atrelado às crises de oferta que ocorreram externa e internamente. Assim ocorreu na crise do petróleo dos anos 70 e 80 e, mais recentemente, no apagão do início dos anos 2000. Nesses momentos, os gerentes do setor descobrem o potencial do setor sucroalcooleiro como gerador de energia limpa, renovável, competitiva e ambientalmente correta.

A primeira grande contribuição do setor sucroalcooleiro ocorreu nos anos 70, com a implantação do Próalcool, Programa Nacional do Álcool, definido em novembro de 1975 e acelerado a partir de julho de 1979. A segunda está se iniciando agora com a implantação do Proinfa, Programa de Apoio a Investimentos em Fontes Alternativas de Energia Elétrica, resultante em parte da tumultuada crise do apagão de 2001.

O Proinfa - Biomassa foi contemplado inicialmente com 1,1 milhão de MW para geração de energia de biomassa, tendo como insumos energéticos o bagaço de cana e os resíduos da madeira. Somente o potencial do setor sucroalcooleiro é superior a 5,5 milhões de MW. Detalhe importante: o insumo energético sempre esteve disponível no pátio das usinas.

Gerar energia nas usinas de açúcar e álcool é uma questão gerencial e o país conta com tecnologia nacional disponível. Basicamente trata-se da substituição de caldeiras perdulárias que consumem o bagaço da cana por outras mais eficientes, demandando o mesmo consumo de bagaço. As novas caldeiras mais eficientes com capacidade entre 250 e 300 toneladas/vapor propiciam excedentes que moveriam geradores elétricos de maior capacidade e os demais equipamentos do processo industrial que utilizam o vapor como fonte de energia.

A substituição dos equipamentos essenciais para geração e venda de excedentes de energia elétrica, caldeira e gerador, também trará um benefício adicional às unidades do setor, que é a eficiência térmica em todo processo industrial. Vencida a etapa inicial de habilitação no Proinfa - Biomassa, 27 projetos foram selecionados, totalizando o potencial de geração de 570 MW de oferta na primeira fase do programa.

Para dar sustentação ao financiamento desses projetos, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, BNDES, criou uma linha de crédito específica de apoio, o Programa de Apoio a Investimentos em Fontes Alternativas de Energia Elétrica no âmbito do PROINFA, em condições favoráveis como:

 

  • Participação do BNDES: Até 70% dos itens financiáveis;
  • Taxa de juros: TJLP, Taxa de Juros a Longo Prazo, mais 3,5% ao ano, como remuneração do Banco;
  • Prazo de Carência: De até 6 meses após a entrada em operação, e
  • Prazos de Amortização: De até 10 anos.

Demonstramos a seguir, de forma direcional, as atratividades de projetos de cogeração, com a venda dos excedentes de energia elétrica sob as condições de dois diferentes cenários, utilizando-se como parâmetros as bases para o financiamento do BNDES. O resultados dessas simulações são apresentados na tabela abaixo.

Simulação: A

Cenário: Moagem de 2.300.000 de toneladas de cana por ano. Considerando o investimento em itens como caldeira, gerador, interligações elétricas e de vapor, casa de força, subestação e linha de transmissão de 10 km. Custo estimado de R$ 60,0 milhões, com financiamento do PROINFA/BNDES. Receita adicional proveniente da venda de 105.600 MWh/ano ao preço de R$ 94,00/MWh e sem custo operacional.

Simulação: B

Cenário: Ampliação da capacidade de moagem de uma usina já instalada em mais 800.000 toneladas de cana por ano. Considerando o investimento em cogeração de R$ 60,0 milhões nos mesmos itens e condições de financiamento da 1a simulação, mais investimentos de R$ 40,0 milhões em processo industrial para fabricação de açúcar e álcool pela linha de crédito FINEM/BNDES, totalizando investimentos de R$ 100,0 milhões.

Conclusão:

 

  • As duas alternativas apresentaram ótimos indicadores de viabilidade econômico-financeira;
  • A simulação B demonstrou ser a mais atrativa, dado que os investimentos em cogeração alavancam a produção de açúcar e álcool em função das melhores condições de financiamento para as utilidades, geração de vapor e energia elétrica;
  • Os detentores de parte da poupança nacional, os fundos de pensão, somente agora identificaram nos projetos Proinfa, alternativas rentáveis de investimento. Estão interessados em formar fundos de private equity para financiar esses projetos, após sua aprovação que assegura a compra de energia pela Eletrobras.