Presidente da Alcopar, Siapar, Sialpar e Sibiopar - Paraná
Op-AA-43
A esperança é sinônimo de produtor rural em nosso país. Essa é a energia que move o Brasil e nos impulsiona a continuar, mesmo que o setor sucroenergético esteja enfrentando uma das piores crises de sua história. É energia sempre renovável. Mesmo quando os prognósticos não são favoráveis, o agricultor acredita ou, pelo menos, espera que possam ser boas as condições climáticas.
E, por maior que seja sua dedicação, que faça o combate a pragas, a doenças e que aplique todos os insumos necessários, sempre estará sujeito a alterações na política agrícola, que poderá influenciar diretamente no resultado da atividade. A crise financeira mundial entre 2008 e 2009, em pleno período de expansão e de fortes investimentos do setor para atender à projeção de demanda por seus produtos, foi potencializada pelas adversidades climáticas que se seguiram, pelo abandono do setor e pelo congelamento do preço da gasolina por vários anos, situação que levou à lona nossos produtores.
Em meio a esse ambiente, nos últimos anos, o setor sucroenergético, por diversas vezes, buscou junto ao governo um interlocutor que pudesse auxiliá-lo diante da grave situação que levou diversas empresas à extrema dificuldade financeira e até a falência. É verdade que perdemos nossa produtividade, mas isso em função da absurda elevação do nosso custo de produção, do cenário negativo que ampliou a dificuldade de acesso ao crédito e da necessidade de uma rápida mecanização das operações no campo, sem o desenvolvimento de tecnologias adequadas.
Por um período, o que sustentou o setor foram os preços do açúcar, devido às adversidades nos países concorrentes. Mas, nos últimos tempos, os produtores vinham amargando anos seguidos de baixos preços do açúcar no mercado internacional. Recentemente, a retração na economia mundial e a violenta queda no preço do petróleo agravaram ainda mais o cenário. Agora, passadas as eleições, continuamos nossa busca por essa interlocução, e creio que encontramos uma pessoa sensata, de firme decisão e com função digna de sua competência.
O Ministro Aloísio Mercadante tem se mostrado atento às reivindicações, com base em referências técnicas para sua tomada de decisão e com pulso forte para cobrar de todos os compromissos assumidos, sempre pensando no bem maior, em benefício dos cidadãos brasileiros. Os produtores paranaenses apresentaram suas reivindicações. Umas já foram adotadas, algumas estão em andamento, e outras, em fase de estudo.
Dentre as importantes conquistas do setor, podemos ressaltar o estabelecimento de um cronograma para a volta da Cide – Contribuição sobre Intervenção do Domínio Econômico, sobre os combustíveis fósseis, fator fundamental para a diferenciação dos combustíveis renováveis. Também já foram incluídos, no Programa Inovar-Auto, benefícios adicionais às montadoras que desenvolverem veículos mais eficientes, com o uso do etanol hidratado, a fim de aumentar a relação econômica entre os preços do etanol e da gasolina para níveis acima dos atuais 70%.
Outra reivindicação do setor que já está em andamento é a elevação para 27% da mistura de etanol anidro na gasolina C e a restituição de 3% dos impostos cobrados sobre exportações de açúcar e etanol, dentro do Reintegra. Só isso, entretanto, não basta para reverter a grave situação em que se encontra o setor sucroenergético. Há outras medidas emergenciais a serem adotadas, sem contar a determinação da matriz energética que o País deseja, com a elaboração de uma política de longo prazo.
É preciso transformar o Prorenova e o financiamento de estoques (warrantagem) em programas permanentes de governo. Todos os anos, é necessário que o produtor renove pelo menos 20% do canavial para manutenção de seus níveis de produtividade. Além disso, como a produção é sazonal (produz em sete meses e comercializa em doze), é fundamental oferecer uma linha de financiamento para estocagem.
Outro ponto determinante para que as usinas possam voltar a produzir e a crescer, devido ao grande endividamento do setor, é o estabelecimento de um programa de renegociação de dívidas, a exemplo do Pesa – Programa Especial de Saneamento de Ativos, que alongou as dívidas do agronegócio no final da década de 1990. Medida necessária, pois o efeito seria imediato, permitindo o acesso ao crédito por muitas empresas, hoje impossibilitadas por uma série de restrições.
É preciso, ainda, desenvolver um programa de incentivo à bioeletricidade, energia elétrica produzida a partir do bagaço e da palha de cana, com a realização de leilões por fontes e regionais, além de incentivar, no Brasil, a pesquisa para a criação de veículos totalmente verdes, como o híbrido a etanol. Esse sim seria o veículo ideal, do ponto de vista ecológico. Como o desenvolvimento tecnológico é base para qualquer crescimento, é imprescindível o apoio à Embrapa, não só na pesquisa e na geração de novas variedades, mas em trabalhos que gerem soluções para os problemas criados com a forte mecanização da produção agrícola e a não queima da palha da cana, que trouxeram fortes reflexos sobre a produtividade dos canaviais.