Gerente de Marketing da DMB
Op-AA-28
O plantio mecanizado da cana-de-açúcar foi desenvolvido na Austrália na década de 70, num modelo de produção caracterizado por pequenas áreas, condução normalmente familiar, preparo de solo muito bem feito, regime de chuvas bem definido, irrigação bastante utilizada, entre outros fatores que contribuem para um bom desenvolvimento da cultura.
As tentativas de introdução do plantio mecanizado no Brasil, nas décadas de 80 e 90, esbarraram nas dificuldades inerentes ao modelo de produção brasileiro, com plantio em grandes áreas, preparo de solo muitas vezes feito às pressas, grande preocupação com a conservação de solo, etc.
Mas o sistema não decolou, principalmente, devido à grande disponibilidade de mão de obra braçal. Como grande parte do plantio da cana é feita na entressafra, era prudente para as usinas segurar aquela mão de obra. Com o gradual avanço da colheita mecanizada da cana, começou haver um deslocamento da mão de obra para outras áreas.
Como as áreas de plantio eram basicamente pequenas expansões somadas às áreas de reforma, não houve uma percepção desse movimento. Entre 2003/2004, quando começou a corrida para o aumento das áreas de plantio motivada pelas boas perspectivas de mercado, percebeu-se a falta de mão de obra para o plantio.
A implantação de novas unidades proporcionou a expansão das áreas de plantio da cana para novas fronteiras, em terras antes ocupadas por grãos ou gado, que utilizavam pouca mão de obra braçal, e foi um agravante significativo. Nesse cenário, a necessidade se fez recorrer ao plantio mecanizado da cana, e, a partir daí, a procura por plantadoras de cana começou a crescer.
Atualmente, apenas 10% da área de plantio são feitos por sistema mecanizado, e as projeções prevêem que, em 2020, cerca de 90% da área serão plantados mecanicamente. Esse é um caminho sem volta. O plantio mecanizado tem crescido mais rapidamente do que a colheita mecanizada no seu tempo. A necessidade fez com que produtores, fabricantes, gestores, supervisores, líderes, operadores, etc.,se unissem, se preparassem e aprendessem a trabalhar com essa nova modalidade.
Para aderir ao sistema de plantio mecanizado, não basta apenas ter capital e investir em máquinas e infraestrutura. É preciso estar disposto a aprender planejar, executar e controlar um novo sistema de plantar cana. Diferente da cultura de grãos que, após alguns meses, podemos plantar novamente e corrigir possíveis erros cometidos, a cultura da cana não nos dá essa oportunidade.
Após o plantio, teremos que trabalhar com os erros ou acertos pelos próximos cinco anos, ou mais. O plantio mecanizado da cana é influenciado por inúmeros fatores, que podem determinar um resultado de ótima ou péssima qualidade. Ele requer especial atenção a quatro importantes itens: preparo do solo, qualidade das mudas, mão de obra envolvida no processo e o plantio propriamente dito.
O preparo de solo deve considerar esse tempo. Análise de solo nas profundidades de 25 e 50 centímetros, aplicação de calcário e gesso em profundidade, eliminação de camadas de compactação, aração, gradagem, aplainamento da área são algumas das práticas que devem ser aplicadas para se obter uma base adequada para a implantação do futuro canavial.
O preparo de solo bem feito facilita também o trabalho da plantadora, mantendo a uniformidade na profundidade do plantio e na cobertura dos sulcos. A qualidade das mudas é o outro fator de sucesso. A idade deve estar na faixa entre 7 e 10 meses, e a colhedora deve ter emborrachamento das partes metálicas que entram em contato com as gemas da cana para não danificá-las. Não se pode esquecer da limpeza das mudas.
O desponte muito alto e o corte muito baixo contribuem para o depósito de muita palha seca e ponteiros verdes dentro do transbordo. Sendo um material mais leve que os rebolos, ao se abastecer a plantadora, ficam por cima, cobrindo as mudas, dificultando a visão do operador, para um controle adequado do fluxo de rebolos nas esteiras da plantadora.
Isso causa um gasto excessivo de mudas e grandes alterações na uniformidade da distribuição dos rebolos no sulco de plantio. Deixar de colher algumas gemas a mais compensa o benefício da limpeza da carga de mudas, em função da uniformidade e qualidade do plantio.
A qualidade da mão de obra envolvida em todo o processo é de fundamental importância. A regra é formar a equipe. Tem-se que colocar na Sala de Treinamento operadores de plantadora e colhedora, tratoristas, encarregados, líderes de plantio e demais envolvidos no processo, com o objetivo de se criar um comprometimento mútuo na busca de um trabalho de alta qualidade, para se conhecer os conceitos e mecanismos de acompanhamento de desempenho e controles dessa nova modalidade de plantio.
Todos os envolvidos devem conhecer os equipamentos, seus mecanismos, suas regulagens, os controles operacionais e as manutenções necessárias. E, por fim, o treinamento deve ir para o campo de plantio. O plantio propriamente dito é onde o processo todo se realiza, e, aqui, o fundamental é o desempenho da plantadora. A DMB trabalha nesse projeto, tomando a experiência de cada cliente como fonte de informação privilegiada para a melhoria contínua e consolidação do sistema.
Hoje, a DMB detém 49% na participação do mercado de plantadoras de cana no Brasil. O segredo do sucesso da consolidação desse ainda novo sistema será aceitar fazer parte de um contínuo processo coletivo de aprendizado, tendo, na busca da excelência operacional, uma visão coletiva de conquista. Se um dia acreditarmos que já aprendemos tudo, fatalmente estaremos prontos para cometer os nossos grandes erros.