Sem dúvida, o Brasil é protagonista no cenário sucroenergético mundial. Pela alta demanda de açúcar e de etanol, esse setor é um dos que mais empregam e é responsável por 5% do PIB brasileiro, contribuindo de forma significativa para o desenvolvimento do País.
Quando falamos de exportação de açúcar, o Brasil está na frente no ranking mundial. De acordo com dados da balança comercial, somente em 2017, a receita com a venda desse produto alcançou mais de US$ 9 bilhões, 9,17% a mais que em 2016, tendo como principais destinos a Índia e Bangladesh.
O País também é o maior produtor do cultivo, gerando uma receita positiva aos fornecedores de cana. Segundo o último levantamento do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, em 2017, a receita bruta para os produtores foi de R$ 71,8 bilhões, atrás apenas das plantações de soja (R$ 116 bilhões). Em um contexto mais macro, o mercado sucroenergético cumpre um papel fundamental para impulsionar a geração de empregos no País. O levantamento do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, o Caged, divulgado pelo Ministério do Trabalho, aponta a criação de 32 mil postos de trabalho no setor em 2017.
Apesar do bom desempenho, o setor passou por diferentes transições políticas e econômicas que marcaram uma desaceleração no crescimento. Isso provocou o fechamento de várias unidades e fez com que os fornecedores de cana diminuíssem os investimentos nas plantações.
A redução de cuidados, como a renovação de canaviais, a adubação e o controle de pragas, gerou uma consequência negativa em termos de produtividade e de qualidade do cultivo. Hoje, esse cenário representa um dos maiores desafios para a produção de cana-de-açúcar, tanto para o produtor, que reduziu o investimento nos canaviais, quanto para as empresas e instituições do setor, que estão estudando novas tecnologias para o desenvolvimento sustentável do mercado sucroenergético.
Outra questão recente no País é a mecanização do sistema produtivo. Esse ponto mudou totalmente a dinâmica de produção e exigiu dos produtores uma atenção redobrada em relação ao manejo de pragas e de doenças. A palhada, que antes era retirada durante as queimadas, potencializou a incidência do bicudo-da-cana (Sphenophorus levis), da broca (Diatraea saccharalis) e da broca-gigante (Telchin licus). Além disso, doenças que eram problemas somente em outras culturas também se tornaram relevantes para a cana, pois interferem desde a brotação no plantio até o desenvolvimento vegetativo na pré-colheita.
As principais pragas, doenças e plantas daninhas que ocorrem no canavial podem gerar uma perda significativa de produtividade, com destaque para as cigarrinhas Sphenophorus e broca. Por isso é tão alta a importância do investimento em manejo e em soluções que permitam que o canavial expresse todo o seu potencial produtivo.
Nesse sentido, os fornecedores de tecnologias do setor têm um papel fundamental para suprir os produtores de ferramentas que possibilitem uma maior rentabilidade ao produtor. As empresas devem se movimentar para a retomada do crescimento do mercado, sem esquecer os diferentes perfis dos produtores.
Quando falamos de perfil, nos referimos ao tamanho da área plantada, da região, da adoção de tecnologia, entre outros fatores que fazem a diferença na tomada de decisão. Mais do que oferecer soluções inovadoras, as empresas devem fornecer informações relevantes, transparentes e de qualidade para que os produtores consigam aumentar a eficiência e a longevidade do seu negócio.
Os desafios exigem uma solução cada vez mais assertiva. Dessa forma, torna-se necessário incentivar a cocriação para estimular a criatividade e, assim, identificar novas oportunidades para o setor. As empresas devem investir não somente em projetos próprios, mas também propiciar a troca de informações com instituições, centros de pesquisa e universidades.
A Basf incentiva a inovação aberta, compartilhando conhecimento para oferecer melhores práticas e soluções tecnológicas, potencializando o desenvolvimento da cultura, de forma sustentável e rentável. Além disso, temos buscado consolidar e ampliar, a cada safra de cana-de-açúcar, o compartilhamento desse conhecimento técnico, auxiliando o produtor na execução de uma gestão mais efetiva no canavial. Em 2017, por exemplo, investimos aproximadamente €507 milhões globalmente em pesquisa e em desenvolvimento de novas soluções para a proteção de cultivos. Isso equivale a 27% de todo o investimento em pesquisa da empresa.
Para 2018, já temos planejado alguns lançamentos, dentre eles, destaca-se uma solução disruptiva a ser empregada no plantio de cana. Além de controle de pragas e de doenças, a solução adicionará níveis significativos de produtividade aos canaviais e, por conseguinte, maior rentabilidade aos produtores.
Fomos pioneiros na operação de mudas pré-brotadas (MPB). Com a tecnologia AgMusa, é possível a formação de viveiros de mudas que garante sanidade, velocidade e qualidade para a cultura da cana-de-açúcar. O sistema também proporciona uma rentabilidade expressiva com o uso da técnica conhecida como Meiosi. O AgMusa em Meiosi com o cultivo de amendoim, por exemplo, tem proporcionado uma economia de 15% a 20% no processo de reforma do canavial, além do menor risco de ocorrência de pragas e de doenças.
Exemplos de tecnologias como essas são possíveis em função da cocriação junto a produtores, a pesquisadores, a instituições de pesquisa e a investimentos da companhia, com o foco em disponibilizar aos produtores soluções que geram valor e contribuem para o desenvolvimento sustentável do setor sucroenergético brasileiro. Vale ressaltar, ainda, a importância de estabelecer políticas públicas estruturadas que vão ao encontro das necessidades dos produtores rurais. Dessa forma, criaremos condições para aumentar a produtividade e a longevidade e nos destacarmos ainda mais no mercado mundial de açúcar e de etanol.