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Alfredo Durval Villela Cortez

Superintendente da ASSUCAL-AL

Op-AA-04

Breve visão do mercado mundial do etanol

No momento em que o mundo preocupa-se de forma acentuada com o problema da preservação do meio-ambiente, a não degradação da camada de ozônio, o efeito estufa, a adesão ao protocolo de Kyoto, etc., o etanol destaca-se como uma das melhores alternativas para a solução dos problemas ambientais causados pelos combustíveis fósseis.

Alagoas, apesar das suas dimensões, tornou-se o maior produtor de etanol e açúcar da região nordeste e detém no seu setor sucroalcooleiro, uma área de preservação ambiental superior ao somatório das áreas similares do Ibama na região. Em relação à área cultivada com cana, o setor tem ainda o maior índice de irrigação do país, com cerca de 60%, usando para tal, não apenas água dos mananciais, mas todas as águas residuais de processo e a vinhaça decorrente da produção do álcool.

O Etanol tem um histórico importante em Alagoas, visto que vem sendo produzido desde os anos 30, e quando da 2ª Guerra mundial, ocasião em que a falta de combustíveis era patente, foi lançado no mercado, por uma usina local, o combustível renovável produzido a partir da cana, o chamado USGA, mistura de etanol e éter etílico, o qual minimizou o problema do abastecimento dos veículos dotados de motores do ciclo Otto.

Com a implantação, em 1975, do Proálcool no Brasil, o etanol passou a desempenhar um papel importante na matriz energética do país. Uma senóide de altos e baixos tem ocorrido na produção e comercialização do etanol e na credibilidade do programa. Mas, visualiza-se uma nova fase otimista da sua adoção como solução natural à preservação do meio ambiente, face à eminente queda da oferta dos combustíveis fósseis e a inviabilização de outras alternativas pelos seu custo e risco, tais como o emprego do hidrogênio, acumuladores e da energia nuclear.

Atualmente, apenas três países produzem em quantidades significativas o etanol, a partir da cana, do seu melaço ou da beterraba. O Brasil, a principal nação, seguida da França e da Índia, devendo a Colômbia, em futuro próximo, juntar-se a este grupo. Sem embargo, existem outros países produtores de cana que têm potencial para produzir etanol em tempos vindouros, tais como Guatemala, Austrália, Tailândia e África do Sul.

A tendência do crescimento da demanda de álcool no Brasil é deveras significativa. Tomando-se o ano de 1982, a demanda era da ordem de 2 milhões de m3, mas as projeções que se têm permitem assinalar para 2015 a necessidade de uma oferta de cerca de 25 milhões de m3, visto que se estima para os anos de 2010-15 um crescimento em torno de 10% ao ano.

Neste cenário de crescimento, o Brasil apresenta-se numa posição altamente confortável: dispõe de tecnologia, experiência confirmada e elevada disponibilidade de terras agricultáveis, fatores que permitirão uma expansão significativa da sua produção. Neste aumento acentuado da demanda, o crescimento maior estima-se para AEHC, face o advento dos veículos bicombustível.

O bloco formado pela Tailândia, Índia, Guatemala, Colômbia, Austrália e Brasil, deverá estar consumindo, em 2015, algo como 37 milhões de m³. Se incluirmos a China, Japão, a UE e outros, pode-se chegar a uma demanda superior a 70.000.000 M3. Os EUA face às suas peculiaridades, será seguramente o mais forte mercado do etanol combustível em futuro próximo. Os EUA vem adotando um programa com forte expansão na produção do álcool de milho, tendo atingido em 2004, 13,38 milhões de m³.

As projeções para este ano prevêem a produção de 15 milhões de m3. Não fosse a elevada taxa de importação aplicada ao etanol brasileiro - Us$ 0,54 por galão, mais adicional de 2,50% ad-valorem, os EUA seria um mercado altamente atrativo, com um performance bem melhor que os 425 milhões de litros importados no ano passado.

Em 2004 os principais importadores do álcool brasileiro foram: A Índia com 477 mil m3, os EUA com 425, a Coréia com 239, o Japão com 220, a Suécia com 194, os Países Baixos com 162, a Jamaica com 133, a Costa Rica com 107 e a Nigéria com 105. Outros países, com valores fracionados consumiram mais 259 mil m3. Com relação aos mercados mundiais observamos que temos boas condições de melhora do comércio com os Estados Unidos, desde que haja queda das barreiras alfandegárias e expansão do consumo na Costa Leste; com a Índia, desde que persista a atual crise na lavoura canavieira; com o Japão, com o término do monopólio do ENDO em 2006 e a adoção efetiva da mistura; na Coréia, a depender dos acordos comerciais; da União Européia, a depender das políticas a serem adotadas pela CE; da China, a depender de uma política mais efetiva de controle ambiental, e lá estima-se, em 2010, uma demanda em torno de 4,8 milhões de m3 de álcool como aditivo.

Em função da conscientização da necessidade de preservação do meio ambiente na maioria dos países do mundo, acreditamos que o etanol terá uma forte participação no mercado mundial de combustíveis, já no futuro próximo, com forte expansão entre 2010 e 2015. O Brasil desfruta de uma posição privilegiada e poderá ser o acionador deste processo de adoção em larga escala do etanol como fonte de energia renovável em todo o mundo.