Gerente Geral da Álcool do Paraná Terminal Portuário
Op-AA-16
Competitividade: talvez seja esse o grande desafio que as empresas, de um modo geral, encontram pela frente. Na batalha pela competitividade, deve-se chegar ao objetivo maior que é a excelência no atendimento ao cliente. Este, por sua vez, quer mais e melhor, sendo aí que as empresas, através de seus gestores e processos, devem entender, de forma clara, onde e como minimizar seus custos e vislumbrar as oportunidades, para serem eficientes em suas operações.
Um dos grandes pensadores no assunto, e especial amigo, destaca cinco características genéricas de atividades primárias, envolvidas na concorrência de qualquer empresa. Internamente, as atividades de recebimento,armazenagem e distribuição de insumos no produto e as operações que transformam os insumos no produto final. A partir daí, passamos a ter, efetivamente, o que é percebido pelo cliente, as atividades de armazenagem e distribuição física do produto final para os compradores. Atividades que se baseiam em oferecer um meio pelo qual os compradores possam adquirir seus produtos e, o mais importante, induzi-los a isso, complementando com as atividades de pós-venda.
Com o objetivo de ser competitiva e/ou sobreviver dentro de um mercado competitivo, as empresas utilizam a logística, como poderosa ferramenta. Os custos logísticos, muitas vezes, são engrenagens. Algumas até conseguem mover a roda da produtividade, de forma independente, mas, na sua grande maioria, precisam estar sincronizadas e alinhadas, trabalhando de forma única. Para transcrever sobre a logística do setor sucroalcooleiro, gostaria de apresentar seis pilares de sustentação para o assunto:
Produção: O Brasil, em relação a outros países, desponta como grande produtor de energias limpas e renováveis. Além do aspecto ambiental, uma vez que em todo o seu processo, o etanol emite cerca de 10% de CO2, em relação à gasolina, e na mistura com a mesma, melhora sua qualidade e, em um todo, favorece as condições ambientais da vida humana. Com grande potencial de desenvolvimento agrícola, o diferencial brasileiro está na grande oferta de áreas agricultáveis.
Atualmente, utiliza 10% do seu espaço territorial. A cana-de-açúcar com, aproximadamente, 0,74% de participação da matriz agrícola do país – longe dos percentuais de outras culturas, pecuária e florestas, fazendo cair por terra as insistentes e infundadas confusões entre produção de alimentos e agroenergia – traz, na safra 2007/2008, o excelente desempenho de 431 milhões de toneladas produzidas, gerando 21,5 bilhões de litros de etanol, fruto dos ganhos de produtividade, expansão das áreas agricultáveis, investimentos nas unidades industriais e eficiência no processo.
Na matriz mundial, a liderança dos Estados Unidos, com 24,5 bilhões de litros, onde, juntamente com o Brasil, atingem 85% da produção do planeta, seguidos por China e União Européia. No estado do Paraná, a safra 2007/2008 atingiu 1,86 bilhão de litros, crescendo, em relação à anterior 40%, sendo o segundo maior produtor brasileiro.
Investimentos: Até pouco tempo atrás, verificávamos pouca ou nenhuma ação governamental, no sentido de viabilizar investimentos no setor. Diante do cenário apresentado, passou-se a despertar pa-ra a grande oportunidade de desenvolvimento do país, crescimento este com consciência de proteção ao meio ambiente, criação de empregos, divisas e oportunidade de melhoria social. O segmento passou a ter como principal articulador e defensor o Presidente Lula, levando ao mundo sua proposta alternativa, com os biocombustíveis.
Nesse processo, o estado do Paraná saiu na frente, com o primeiro terminal público de álcool do Brasil, no Porto de Paranaguá, prevendo a movimentação de 1 bilhão de litros de etanol em 2010. Com investimentos da ordem de R$ 13,8 milhões, busca a redução dos custos logísticos para os produtores, frente à atual operação em terminal privado.
No setor privado, no ano passado, tivemos a inauguração de duas usinas – Grupo Santa Terezinha e Grupo Alto Alegre – e até 2010, há previsão de operação de outras unidades. O terminal da PASA em Paranaguá, operando desde 2002, com eficiência e austeridade, tornou-se referência na operação de açúcar. Existem investimentos da CPA Trading, com a nova unidade de transbordo de açúcar e álcool, no norte do Paraná. A abertura de capital, parceria com centros de tecnologia, trabalhos socioambientais, investimentos em tecnologia, dão às empresas do setor responsabilidade na geração de empregos e diferencial competitivo.
Projetos: A Petrobras, revendo sua estratégia, apresenta investimentos no segmento, com o alcoolduto entre o Mato Grosso do Sul e o Porto de Paranaguá, com 1.200 km, atravessando as principais regiões produtoras destes estados, incluso no PAC – Programa de Aceleração do Crescimento, do Governo Federal.
O alcoolduto, que inicialmente ligaria Maringá e o Porto de Paranaguá, com extensão de 528 km e capacidade de transporte de 300 milhões de litros de etanol por mês, a um custo aproximado de R$ 650 milhões, passa a apresentar interesse do MS e oeste de SP.
Dessa forma, poderia atender à região oeste de SP, o MS, passando por Naviraí e Dourados e, no estado paranaense, Umuarama, Maringá, Londrina, Porto Figueira, Araucária e Paranaguá.
Os estudos de viabilidade visam ativar a já existente ligação ferroviária entre Maringá e Cianorte e a implantação de seu prolongamento, até Guaíra.
Estes últimos, envolvendo e mobilizando a concessionária ferroviária na malha sul, os produtores, prefeitos da região e o Conselho Estadual de Política e Desenvolvimento Industrial do Estado do Paraná, Associação dos Produtores de Álcool do Paraná e Mato Grosso do Sul e lideranças.
Padronização: Um aspecto que entendo de grande importância, trata das ações necessárias para a transformação do etanol em uma commodity internacional, dando ao segmento segurança e proteção nos acordos comerciais. O trabalho de assessoria técnica da IETHA, International Ethanol Trade Association, busca dar sustentação comercial, critérios, especificações, de maneira a certificar o etanol em operações comerciais consolidadas.
Com certeza, trata-se de um tema primordial e de desejo do mercado, mas, é importante o comprometimento de todos os segmentos envolvidos, com destaque para o entendimento e a participação do Governo, contemplando as diferenças e estabelecendo, assim, um processo único.
Preço: Se os cenários de produção, investimentos e projetos são deveras animadores, o preço, por sua vez, não acompanha tal satisfação.
O relatório da UFPR aponta que, no início do ano, houve queda nos preços do etanol e do açúcar (este, por sua vez, reagindo posteriormente), tanto para o mercado interno, como externo, agravado com a desvalorização cambial. Já no mercado interno, o etanol apresentou um declínio de preço nos últimos dois anos, da ordem de 33%. O consumidor, por sua vez, amarga a redução de preços em apenas 15,4%, sendo esta diferença acumulada nos lucros dos postos de abastecimento, onde se torna necessária a revisão da lei de comercialização, hoje, exclusividade dos distribuidores.
Pessoas: Muito mais do que um segmento de sucesso, parcerias de sucesso e empresas de sucesso, o setor destaca-se pelo desenvolvimento econômico, o aspecto social, a preocupação com o meio ambiente, responsabilidade social, cidadania e visão de futuro.
Há também a gestão de recursos humanos que, além do crescimento na geração de empregos, buscou observância e cumprimentos dos aspectos legais, uma vez que a relação capital-trabalho é muito mais ampla e ainda alternativa, como, por exemplo, o Programa Bolsa de Qualificação Profissional, que qualifica os trabalhadores rurais no período da entressafra, sem a perda do vínculo empregatício.
Esse setor tem como diferencial a simplicidade, a austeridade e o jeito sábio de viver. Um setor que caminha a passos firmes e consolidados, em uma realidade sintetizada por um amigo de muitos, chamado Paulo Zanetti, que diz: “quando se juntam pessoas que se gostam, se entendem, confiam umas nas outras e tenham interesses comuns, estas obterão sucesso, pois sabem que ninguém é maior do que todos juntos”.