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Tércio Marques Dalla Vecchia

CEO da Reunion Engenharia

Op-AA-53

Os desafios e as evoluções operacionais
O homem sempre foi chamado a resolver desafios. E os tem resolvido, tanto é que aqui estamos nós “vivinhos” da Silva. Em primeiro lugar, gostaria de fazer algumas considerações sobre nossos produtos.
 
Açúcar: esse produto abençoado tem vida firme pelos próximos 1.000 anos. Se os asiáticos resolvem comer metade do açúcar que consumimos no Brasil, a produção de açúcar terá de ser triplicada. Quanto à qualidade, já atingimos os píncaros – se pureza significa qualidade. Fazemos todos os tipos de açúcar. O açúcar pode ser encarado sob três aspectos:
1. Como alimento e, neste caso, não perde para ninguém na melhor relação custo/energia/sabor.
2. Como adoçante. Nesse caso pode ser substituído por centenas de produtos químicos, naturais ou não. Com o objetivo de emagrecer sem sofrimento, de reduzir a glicemia dos diabéticos ou reduzir a quantidade de cáries (essas estão quase eliminadas com a utilização de água e pastas de dentes fluoretadas). Nesse aspecto, o açúcar tende a perder mercado.
3. Como matéria prima. A sucroquímica – tanto a biológica como a química mesmo –, está em pleno desenvolvimento. A engenharia genética é capaz de alterar o DNA das leveduras com o objetivo de produzir aromas, fármacos, proteínas e uma inimaginável quantidade de outros produtos. Nesse quesito, o mercado é muito promissor.
 
Também atingimos eficiências bem elevadas na sua fabricação. No nível atual de tecnologia, recuperamos de 85 a 92% (eficiência industrial). Qualquer pequeno incremento de eficiência implica em grandes investimentos, nem sempre rentáveis. Por mais impressionantes que sejam algumas novas tecnologias, não se deve esperar grandes retornos.
 
Etanol: O etanol está sempre com a corda no pescoço. Sempre dependendo de ações governamentais e também internacionais para seu sucesso ou fracasso. Até 2030 a situação poderá ficar sustentável se o Renovabio for realmente implementado. Se olharmos para um horizonte mais longo, sua utilização como combustível poderá ser bastante questionada. As últimas decisões dos países europeus de banirem os motores à explosão terá forte impacto mundial. Poderá haver grandes excedentes de combustíveis líquidos com a consequente queda nos preços. Ouvindo a indústria automobilística, percebe-se que eles querem soluções internacionais. 
 
Isso significa que o interesse deles em avançar em tecnologias específicas para o mercado brasileiro é pequeno. O Brasil representa menos de 2% da produção mundial de veículos e eles tendem a investir em tecnologias ditas mundiais, já que as montadoras operam a nível mundial. 
 
A população em geral também tende a ver no carro elétrico a solução para os problemas de poluição das cidades. Também há forte tendência de fortalecer o transporte de massa (metrôs, VLTs, etc.) com forte repressão ao uso de veículos de transporte individual, sendo que as bicicletas estão avançando fortemente no transporte individual.

Por outro lado, o processo de fabricação do etanol através da fermentação por leveduras é, por si só, um processo de baixa eficiência. Conseguimos converter menos de 50% do carbono dos açúcares em energia na forma de etanol. Praticamente o resto do carbono segue para a atmosfera na forma de CO2. 
 
Existem tecnologias em desenvolvimento para a produção de etanol com bactérias capazes de transformar 80% do carbono em etanol, mas, em desenvolvimento.
 
Bagaço: O bagaço é um subproduto da cana-de-açúcar, ou seja, querendo ou não, ele está na usina. Sua utilização para produção de energia é bem conhecida e dominada. A produção de etanol 2G vai competir com a produção de energia por queima. A melhor taxa de retorno refletirá em seu destino. Outros usos também existem, mas são em pequenas quantidades. 
 
Palha: A palha é, sem dúvida, o produto no qual as tecnologias têm que ser muito aprimoradas. Os métodos de coleta, transporte, limpeza e processamento ainda representam muitos desafios. Voltando ao tema original, cito os desafios a serem enfrentados em cada setor operacional. São eles: 
 
Recepção de cana: Limpeza da cana. As eficiências dos sistemas atuais não chegam a 60% ficando, normalmente, até abaixo de 40%. Há que se gastar muito em pesquisa ainda.
 
Moagem: Redução na umidade do bagaço, redução de potência consumida e estabilidade operacional. 
 
Caldeiras: Capacidade de operar com altos teores de impurezas minerais e com palha – já existe a tecnologia. A operação com alta umidade de bagaço seria uma constatação da falta de eficiência no setor de extração.
 
Tratamento de caldo: Economia de vapor, redução de uso de produtos químicos e redução nas perdas.
 
Evaporação: Redução nas perdas por destruição do açúcar, economia de vapor, melhoria no sistema de vácuo e limpeza química. 
 
Fabricação de açúcar: Redução nos pontos pretos, redução do consumo de vapor e água, padronização no tamanho dos cristais. 
 
Melhoria no sistema de vácuo: Secagem, resfriamento, manuseio e armazenamento devem ser aperfeiçoados.
 
Fabricação do etanol: Redução no volume de vinhaça, redução do consumo de vapor e de água.
 
Vapor: Toda a usina deve ter programa na redução do consumo de vapor de processo. 
 
Água: Água é um bem cada vez mais caro e escasso e que assim deve ser tratado. A economia de água na usina é fundamental para o meio ambiente. Houve uma significativa redução no consumo de água. Poderemos chegar a não precisar de qualquer fonte de água externa já que a cana poderá suprir toda a água necessária nas operações do sistema industrial.
 
Automação: Objetivar a estabilidade das operações unitárias de forma a manter sempre o mesmo padrão de utilização e eficiência. A automação em geral está em desenvolvimento e deve-se esperar muito da inteligência artificial nos próximos anos.
 
Segurança: Talvez seja o maior desafio – reduzir a zero as ocorrências de risco às pessoas, ao meio ambiente e ao patrimônio.
 
Concluindo, toda empresa deve ter um plano para cada item acima. A ajuda de especialistas é muito bem vinda nessa hora.