Diretor-presidente da Companhia Docas de São Paulo - Codesp
Op-AA-39
O ano de 2013 foi próspero para a Codesp e para o Porto de Santos. Atingimos resultados expressivos, apesar da instabilidade econômica global. No que se refere ao desempenho operacional do Porto, nossa expectativa inicial era movimentar cerca de 109 milhões de toneladas, marca amplamente suplantada por mais um recorde anual de 114 milhões de toneladas.
Acreditamos que esse acelerado crescimento deve perdurar por alguns anos, dadas as projeções apontadas no estudo de expansão realizado em 2008. De acordo com esse estudo, em 2024, o Porto deverá movimentar em torno de 230 milhões de toneladas.
Esse cenário trouxe situações desafiadoras para o Porto de Santos e para a Codesp. A principal delas foi aperfeiçoar a gestão de tráfego de caminhões no Porto, objetivando contribuir para o aprimoramento da logística que envolve esse complexo portuário. Através de investimentos em novas tecnologias, encontramos meios para minimizar os problemas de acessibilidade e de falta de capacidade de armazenagem na origem, verificados durante o escoamento das safras agrícolas. A predominância do transporte dessas cargas pelo modal rodoviário trouxe sérios reflexos negativos para o tráfego de veículos na Baixada Santista e, mais especificamente, para o Porto de Santos. Os problemas de acesso concentraram-se, principalmente, fora da área portuária.
Essa conjuntura estabeleceu-se em função de o Brasil se destacar no cenário internacional do agronegócio, principalmente pela oferta de terra, água e produtividade, fatores que se convertem em aumentos expressivos dos volumes de embarques de importantes safras, como soja, milho e açúcar, que crescem a cada ano, exigindo investimentos e alternativas eficazes para a acessibilidade ao Porto de Santos.
Nesse contexto, consideramos fundamentais as iniciativas que promovam a expansão da infraestrutura de acesso ao porto pelos governos Federal, estadual e municipal, bem como a integração de modais e o aperfeiçoamento da gestão do processo logístico, em uma visão integrada, desde o produtor até o complexo portuário. Percebe-se um foco nos investimentos de curto prazo, mas é primordial que seja iniciado, de imediato, o planejamento das necessidades de médio e de longo prazos. Há a necessidade, ainda, de ações que permitam equilibrar a matriz de transportes, elevando a participação do modal ferroviário para, no mínimo, 35%, e que fomentem a utilização da cabotagem nos transportes domésticos.
Cabe ressaltar que, apesar dos problemas no tráfego verificados nos primeiros seis meses do ano passado, o segundo semestre transcorreu sem transtornos, em que pesem as excelentes performances mensais verificadas na movimentação de cargas, com destaque para o mês de agosto, que atingiu a marca recorde absoluta de 11,5 milhões de toneladas. Onze meses do ano traduziram-se em recordes, fato inédito no Porto de Santos. O desempenho operacional foi impulsionado, principalmente, pelos embarques de granéis sólidos de origem vegetal. Para atender a todas essas demandas geradas pela indústria e pelo agronegócio brasileiros, trabalhamos com afinco e dedicação, buscando alternativas a curto e médio prazos.
Acreditamos que 2014 será, novamente, um ano desafiador. Nossa projeção é atingir 122 milhões de toneladas. Entretanto esperamos minimizar a ocorrência dos problemas verificados durante o escoamento das safras agrícolas no último ano, com as obras de infraestrutura viabilizadas com recursos do Governo Federal, através da Secretaria de Portos (SEP), a implantação da gestão de tráfego e outros procedimentos apontados pelo grupo interministerial – integrado pela SEP e ministérios dos Transportes e Agricultura –, que vem desenvolvendo alternativas em Santos, desde o mês de novembro do ano passado.
Cabe destacar o aprimoramento do sistema de agendamento da chegada de caminhões ao porto, que será monitorada desde a área produtiva até o complexo portuário. Para que esse planejamento funcione com eficácia, é necessário o comprometimento e a colaboração de todos os agentes envolvidos, principalmente os produtores agrícolas, traders, caminhoneiros e terminais portuários. Com isso, todos saem ganhando no processo logístico.
Todos esses fatores lançam desafios importantes à Autoridade Portuária e ao conjunto do Porto de Santos. Entretanto temos um histórico comprovado de sucesso e acreditamos estar bem posicionados para aproveitar as oportunidades de crescimento que temos à frente.