Diretor da CPFL Renováveis
Op-AA-30
A CPFL é uma empresa conhecida pela distribuição e comercialização de energia, desde a década de 1990. A partir de agosto, passou a operar a CPFL Renováveis, um braço exclusivamente dedicado a energias renováveis, na qual serão concentrados os esforços e os investimentos ligados a geração de energia por fonte de biomassa de cana-de-açúcar, por pequenas centrais hidrelétricas, por energia eólica e solar.
Um ponto importante na criação dessa empresa é exatamente o sentido da parceria. A CFPL não é uma empresa do setor sucroalcooleiro, mas tem desenvolvido formas de incentivar investimentos em energia elétrica, elevando o potencial da exploração da biomassa da cana-de-açúcar – envolvendo o bagaço, a palha e a ponta – e da biodigestão da vinhaça, uma outra fronteira que está sendo explorada, agora em processo de P&D.
O objetivo é aumentar a eficiência desse setor e possibilitar, efetivamente, o crescimento da oferta de energia de forma sustentável. A CPFL juntou os ativos de energia renováveis que possuía no portfólio da CPFL Energia com os da ERSA Energia Renováveis, que explorava PCH (Pequenas Centrais Hidrelétricas), e criou a CPFL Renováveis.
Até o final deste ano, já terá em operação quase 700 MW, dos quais um expressivo percentual instalado no setor sucroenergético, representados por uma planta, já em operação, em parceria com a Usina Baldin, de Pirassununga, e mais quatro empreendimentos que entram em operação ainda neste ano, representando um investimento de quase R$ 1 bilhão. Nossos planos prevêem que, até o final de 2012, devamos atingir 906 MW de capacidade instalada.
Até 2020, a CPFL planeja investir R$ 4,5 bilhões especificamente na produção de energia a partir de biomassa. A CPFL tem em operação 278 MW em PCH, 160 MW em biomassa e 210 MW em eólica. Estão em fase de construção projetos equivalentes a 20 MW em PCH, 170 MW de biomassa e 296 MW em eólica. Estão em fase de estudos projetos equivalentes a 508 MW em PCH, 1.361 MW em biomassa e 1.472 MW em eólica. O total envolvendo todas as áreas, considerando todas as fases, soma 4.375 MW.
Anteriormente, a política da CPFL era comprar energia das usinas, garantindo PPAs de longo prazo. Com o dinheiro desse PPA, com a garantia de contrato de energia por 20 anos, a usina tinha condição de ir ao BNDES e captar recursos, para poder fazer os investimentos necessários para ter essa energia, investindo em equipamentos, moagem e lavoura.
Em 2007, a CPFL começou a explorar o segmento de forma diferente, sendo mais do que um parceiro, e passou a investir no setor, procurando usinas que tivessem interesse em deixar que a CPFL investisse no setor de cogeração, modernizando os equipamentos, e usasse a energia para rentabilizar esse investimento. Em 2008, foi fechado o primeiro projeto, que já está em operação.
O melhor aproveitamento do potencial da bioeletricidade esbarra em 3 pontos críticos:
1. O desconhecimento da operacionalidade do setor, dado não ser viável a manutenção de uma equipe dedicada à gestão da energia, mesmo considerando que a regulação do setor elétrico e as formas de comercialização de energia são complexas.
2. Decisão de investimento na cogeração compete diretamente com os investimentos na produção de açúcar e álcool. 3. Conexão ao sistema: os custos da conexão tendem a ficar cada vez mais altos, dado que as usinas estão mais distantes das linhas de transmissão.
Há um mercado livre no qual se consegue vender energia de uma forma mais competitiva, com contratos de menor prazo, mas isso é um acesso difícil para uma usina isolada gerenciar, em função do conhecimento específico que o assunto requer. Se ela for um player com geração e uma série de contratos de venda de energia, estará exposta a um risco da não geração.
Mas, se ela participar de um grande portfólio de geração de energia, começa a diversificar esse risco, o que acaba mitigando os problemas e viabilizando mais projetos. A ideia da parceria é concentrar e localizar os investimentos e a gestão de risco numa empresa de gestão específica do setor elétrico.
Quando se trabalha com escala, fazendo uma linha de transmissão 50km para 138KV, exportando energia só na safra, durante 6 meses, efetivamente é um investimento que não consegue remunerar adequadamente, porque é muito capital para pouca energia. Mas, quando o investimento amplia o aproveitamento da biomassa, reúne esforços e eleva as condições de performance, o retorno do investimento passa a ser viável.
Essa parceria é interessante na medida em que a CPFL faz o investimento em caldeiras e turbinas, moderniza o parque gerador de energia e a cogeração, enquanto a usina concentra sua atenção específica na produção do açúcar e do etanol, recebendo a energia e o vapor necessários para a sua produção e disponibilizando o excedente para rentabilizar o investimento.
A CPFL fará a gestão voltada para a otimização da geração da energia, investindo nos equipamentos dentro da planta da usina, para melhorar a capacidade e reduzir o consumo de vapor, maximizando a condição de exportação de energia. Pelo fato de melhor gerenciar o momento da venda, não necessariamente vendendo em leilão, forma simples de se desfazer dessa energia, a usina consegue rentabilizar, ter contratos de operação, manutenção, participação da própria energia excedente, de forma que ela tenha um maior benefício com a operação de cogeração.