Diretor Técnico da Actual Consultoria e Projetos
Op-AA-07
E então? A safra foi concluída com êxito, as festas de fim de ano passaram, as férias coletivas acabaram, e agora? Bem, agora é tempo de manutenção. E então, qual é o seu planejamento? A partir de quais dados coletados na última safra serão efetuadas as manutenções corretivas, preventivas e as proativas? Você já os tem à mão? Quais serão as prioridades? O que poderá ser adiado para a próxima entressafra, sem que exista o risco de interrupção de funcionamento do equipamento na próxima safra? Afinal, você tem uma visão bem definida destes critérios e um planejamento bem elaborado?
As atuais instalações industriais, e aí se enquadram as usinas e centrais de açúcar, álcool e energia, exigem muito mais que a manutenção preventiva, executada convencional e tradicionalmente. A cada vez, as safras serão mais longas e os períodos de manutenção serão menores, pois esta é uma tendência impulsionada pela área comercial, em função de preços e demandas maiores.
Além disto, o enquadramento de muitas unidades industriais, dentro das normas mundiais de produção e manutenção, faz com que esta seja mais criteriosa e mais auditada que outrora. Ou seja, a manutenção deve ser executada sem improvisação, com os procedimentos previamente estabelecidos, com os equipamentos de testes devidamente calibrados por órgão rastreável e gerando uma memória completa dos resultados, sejam eles na forma de relatórios ou laudos.
É óbvio também que a qualificação técnica das empresas contratadas para a execução de trabalhos especializados é essencial, começando pela redação dos regulamentos, da periodicidade e dos procedimentos internos de manutenção que, se mal elaborados, podem tornar a manutenção onerosa demais. Neste quadro, um dos setores mais críticos de uma indústria é o da geração de energia, pois a partir dele será desenvolvido o restante do processo produtivo.
No caso de muitas usinas e centrais de açúcar, álcool e energia, onde este setor deixou de ser uma utilidade e passou a ser considerado como mais um setor produtivo, gerando energia elétrica, com a sua conseqüente comercialização, também se tornou crítica a conexão com a concessionária local, caminho para a entrega do produto comercializado.
Diante do já apresentado, é vital que sejam determinadas, criteriosamente, as prioridades de manutenção dos equipamentos de geração de energia elétrica, em função de algumas peculiaridades relatadas a seguir:
A manutenção preventiva, comumente denominada como revisão de entressafra, não pode ser avaliada tão somente pela relação R$/MWh, já que independente da capacidade de produção do equipamento, seja um turbogerador de 5MVA ou de 50MVA, os procedimentos de testes são semelhantes, demandando, portanto, o mesmo tempo de execução e a mesma capacitação técnica do executante.
Deste modo, os principais critérios a serem considerados na avaliação do custo/benefício da manutenção deverão ser a importância estratégica e a segurança operacional de cada equipamento e a sua real demanda por manutenção, que será determinada pelas recomendações do seu fabricante, pelas monitorações executadas durante a safra e pelos relatórios de ocorrências da equipe de operação.
Vale a pena também citar aqui o Princípio de Pareto, também conhecido como a regra do 80:20, elaborado no século XIX, pelo economista e sociólogo Vilfredo Pareto, que sintetiza o seguinte: muitas vezes, apenas poucos itens (20%) são responsáveis pela maioria dos efeitos (80%). Na manutenção industrial, esta proporção pode ser aplicada e, em alguns casos, ela é ainda maior, sendo freqüentemente considerado que 10% das causas das falhas são responsáveis por 90% das ocorrências.
Portanto, diante de prazos cada vez mais curtos, da necessidade de bem gerenciar os custos, da necessidade estratégica de uma manutenção mais abrangente possível e da suposta quantidade reduzida de causas das ocorrências, há de se analisar e planejar criteriosamente as prioridades de manutenção, sempre sob a orientação e assessoria de profissionais especializados nos equipamentos envolvidos.