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Derci Alcântara

Banco do Brasil

Op-AA-02

Mercado brasileiro de cogeração

Crescimento econômico e energia são variáveis com alto índice de correlação, pois não há crescimento sem oferta constante e segura de energia. Por isso, é cada vez mais urgente a necessidade de o País encontrar novas formas de produzi-la. As diretrizes gerais de planejamento do setor energético brasileiro orientam para uma expansão da oferta de energia elétrica, com a participação da iniciativa privada, com especial atenção para a implantação de empreendimentos destinados à cogeração, pela vantagens efetivas que essa modalidade de produção de energia na contribuição para a racionalidade da matriz energética brasileira.

A utilização de processos de cogeração permite elevar o nível de eficiência energética e contribui para a maior segurança do suprimento. A instalação de unidades de cogeração de pequeno e médio portes, em unidades industriais e no setor de serviços eleva a confiabilidade dos sistemas de distribuição e reduz os investimentos e custos das concessionárias relativos à garantia de fornecimento a todos os consumidores.

Os sistemas de cogeração configuram-se como a tecnologia mais racional para a utilização de combustíveis. No agronegócio, destacam-se as indústrias sucroalcooleiras e de papel e celulose, que além de demandar potência elétrica e térmica, dispõem de combustíveis residuais que se integram de modo favorável ao processo de cogeração. Só no estado de São Paulo o setor sucroalcooleiro gera, para consumo próprio, entre 1.200 e 1.500 megawatts.

Cerca de 40 usinas já produzem excedentes que contribuem para o fornecimento de energia a diversas cidades de pequeno e médio porte. Tudo indica que o setor poderá contribuir muito mais, fornecendo energia que entraria no mercado do Centro-Sul no período da seca, quando os reservatórios das hidrelétricas, responsáveis pela maior parte da energia produzida no País, estão baixos.

Além disso, a cogeração com bagaço de cana melhora a economicidade da produção sucroalcooleira, aumentando ainda mais a competitividade do álcool carburante. Outro fator relevante, é que a destinação do resíduo representa importantes benefícios ambientais. São evidentes as vantagens para as empresas que investem na cogeração. Além de solucionar a questão do resíduo oriundo do processo de produção, ainda gera a energia elétrica necessária a sua atividade com excedentes comercializáveis.

Embora as empresas brasileiras conheçam os benefícios da cogeração, o fator limitante aos novos investimentos nesse negócio é a inexistência de garantia de preços para a compra de energia no País. No entanto, muitas usinas de açúcar optaram por ampliar o seu parque gerador, vislumbrando a oportunidade de vender energia excedente para distribuidoras de energia por um preço mais atraente, em função da sazonalidade, considerando que o período de seca coincide com o período de moagem nas usinas.

Espera-se que haja um aumento considerável na utilização de biomassa como fonte de energia, através de uma política clara de comercialização e geração descentralizada, próxima aos pontos de carga. Desse modo, a priorização desses empreendimentos refletirá na minimização dos custos econômicos para a sociedade, nele incluídos os custos sócio-ambientais e os de racionamento e de interrupção dos serviços de energia elétrica.

Outra oportunidade que surge com a cogeração de energia elétrica é a possibilidade de participar do crescente mercado de créditos de carbono, por tratar-se de mecanismo de desenvolvimento limpo, previsto no Protocolo de Quioto. Tudo indica que a médio ou a longo prazo os créditos de carbono, oriundos de projetos de redução de emissão, venham a se tornar uma nova commodity comercializada tanto nos mercados de balcão quanto nas bolsas de mercadorias de futuros.

O Banco do Brasil, como agente financeiro do BNDES, dispõe de linha de financiamento para fomento à implantação e à criação de projetos de cogeração. No momento, está selecionando várias propostas, principalmente do setor sucroalcooleiro. Portanto, o estabelecimento de estratégia de comercialização para o setor, com regras que ofereçam preços firmes e remuneratórios, transformará a cogeração de energia, efetivamente, em parte dos negócios das empresas que utilizam tal mecanismo. Haverá, assim, maior empenho em produzir e comercializar excedentes de energia, o que contribuirá para a estabilização do setor e o crescimento econômico do País.