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André Ribeiro Lins de Albuquerque

Diretor da Pentagro Soluções Tecnológicas

Op-AA-65

Indústria 4.0: o futuro já chegou?
Aquela imagem de antigos engenhos de açúcar que tanto marcou a história do Brasil Colônia, definitivamente, ficou para trás. O retrato predominante, hoje, é composto por usinas sucroenergéticas cada vez mais sustentáveis e com uma gama bem maior de produtos (açúcares, biocombustíveis e bioeletricidade).

Além disso, as usinas contam com uma gestão, cada vez mais, profissional e com tecnologias avançadas, tanto no campo, como dentro da indústria. Atualmente, uma nova revolução agroindustrial, vinda na esteira da Indústria 4.0, está se tornando uma realidade para muitas usinas sucroenergéticas.

A Indústria 4.0 é a denominação empregada para se falar da Quarta Revolução Industrial, caraterizada por ser uma indústria inteligente e autônoma, cujo principal objetivo é obter um grande salto em eficiência e produtividade nos processos. Na história industrial, passamos por outras três revoluções, sendo elas: a mecanização, a eletrificação e a automatização. 
 
Em qualquer usina, na atualidade, é possível se deparar com mais de 20 mil tags sendo capturados pelo processo produtivo em tempo real, além de outras milhares de informações que são geradas ao longo de um único dia de safra pelos sistemas de gestão (ERPs). Além disso, existem ainda as variações da qualidade da matéria-prima, das condições climáticas e das disponibilidades industriais, o que acaba fazendo os gargalos da planta industrial flutuarem ao longo do tempo e da condição.

A grande questão é saber como transformar esse conjunto imenso de dados e variáveis em melhores decisões operacionais, de preferência on-line e com o mínimo de recursos. Fazendo um exercício para a construção da visão de uma usina do futuro, é possível enxergá-la totalmente autônoma e adaptativa. Sua cadeia de valor será completamente integrada e digitalizada.

Os laboratórios serão on-line e com função mais próxima à de auditor e menos operacional. Todas as atividades críticas de operação e manutenção serão digitais, preditivas e inteligentes. É certo que, hoje, no setor sucroenergético, já foi dada a largada para a corrida em busca por tecnologias ligadas à Indústria 4.0 que entreguem diferencial competitivo.

A prova disso são as iniciativas de diversos grupos em criarem comitês ou mesmo promoverem ecossistemas de inovação. Nesse sentido, a atenção dada às startups nunca foi tão grande, pois já existe o consenso de que é de lá que estão chegando as grandes inovações tecnológicas.
 
Um ponto de atenção é que vivemos uma enxurrada de informações e campanhas publicitárias ligadas ao tema da Indústria 4.0, o que acaba gerando grandes dúvidas sobre qual o melhor caminho a seguir, e muitos, na ânsia de ingressar o quanto antes nessa Quarta Revolução, acabam tomando decisões equivocadas, o que resulta num atraso ainda maior na jornada da transformação digital dessas usinas.

Para que as usinas sucroenergéticas usufruam dos benefícios que serão obtidos da Quarta Revolução Industrial, é imprescindível ter consciência de que será uma jornada de dois, cinco ou até dez anos, composta por um conjunto de projetos e iniciativas, sendo que cada projeto será a base de sustentação para o próximo e, assim, sucessivamente.

Dessa forma, é importante ter uma visão clara de qual é o ponto de partida (status quo) e ter uma visão definida de aonde e do porquê se deseja chegar a determinado patamar de inovação tecnológica. É possível classificar os projetos ligados à Indústria 4.0 em dois principais tipos, os projetos estruturantes e os projetos avançados.

Podem-se citar como projetos estruturantes aqueles ligados a gêmeo digital; digitalização de processos e rotinas; conectividade, integração e estruturação de dados; e sensores virtuais. Além de já obter ganhos de eficiência mensuráveis, esses projetos estruturantes darão a base de confiabilidade necessária para também proverem a base de sustentação para os projetos avançados que virão na sequência.

Já os projetos avançados são os ligados à IA (Inteligência Artificial); aos controles avançados; à otimização em tempo real; e ao data science. Esses projetos avançados conseguirão entregar aumento de produtividade via minimização de perdas no processo, redução de headcount e maximização on-line do mix produtivo mais rentável.
 
Nos últimos cinco anos, muitas tecnologias classificadas como oriundas da Indústria 4.0 foram testadas e aplicadas em diversas usinas sucroenergéticas. Atualmente, existem algumas poucas que podem ser consideradas consolidadas pelo mercado, sendo elas: gêmeo digital off-line e on-line; digitalização de processos; e controle avançado de processos.

Existem ainda outras iniciativas, como aplicação de sensores virtuais (principalmente em reatores de fermentação), data science e aplicação de otimização em tempo real (RTO). O potencial de ganhos de produtividade oriundo da Quarta Revolução Industrial é algo colossal.

A construção de uma cultura voltada para a inovação é algo imperativo para definir o futuro das companhias sucroenergéticas. A procrastinação pode ser fatal no médio e longo prazo, por isso já não é mais uma opção. O que se imaginou como futuro para alguns já é presente para muitos. O futuro definitivamente já chegou.