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Rogério Mian

Diretor Executivo da UDOP – União Nacional da Bioenergia

OpAA85

Novas fronteiras, novos desafios e um legado a ser cumprido
Falar sobre os desafios do setor bioenergético brasileiro é, também, falar sobre os rumos do Brasil e do planeta. Afinal, poucos setores têm tanto potencial para contribuir com uma transição energética segura, eficiente e de baixo carbono quanto o nosso. Mas, para que essa contribuição se amplifique e se torne cada vez mais estratégica, é fundamental encarar de frente os obstáculos e as oportunidades que ainda se colocam no caminho da bioenergia nacional.
 
Na UDOP – União Nacional da Bioenergia, temos clareza de que esses desafios não devem nos paralisar, mas sim nos mobilizar. Nosso compromisso, como entidade representativa, é estar na linha de frente. Protagonizar. Influenciar políticas públicas, formar profissionais, articular o setor com os centros de pesquisa, com o governo e com a sociedade.
 
Foi com esse espírito que lançamos recentemente nossa nova marca, moderna, mas sem perder a essência do que nos trouxe até aqui: o ser humano por trás de um setor que movimenta bilhões, que gera milhões de empregos e que, fundamentalmente, fala de vida — daquilo que é BIO, da bioenergia, ou a energia da vida.

Nossa nova identidade visual reflete aquilo que consideramos essencial para a manutenção de um legado herdado ao longo das quatro décadas de nossa existência como entidade: a união, a capacitação, a transição energética e a energia que nos move...

E é dessa energia que todos os desafios da bioenergia se derivam.

Estamos diante de uma nova era que exige novas competências. A digitalização, a gestão de dados, a inovação aberta e a bioeconomia demandam profissionais preparados, com visão sistêmica e capacidade de atuar em contextos cada vez mais interdependentes. Este é um compromisso que assumimos com firmeza em nossa entidade: ser ponte entre o conhecimento e a prática.

Conectando esses pontos, estamos fortalecendo e abrindo novas fronteiras de atuação, trazendo soluções em que o ser humano e a capacitação profissional se tornam peças indissociáveis no processo de transição que vivemos.

Conscientes de que o setor bioenergético brasileiro tem vocação, competência e estrutura para liderar a transição energética segura do País, temos trabalhado intensamente na UDOP para criar um ambiente mais favorável à inovação, ao investimento e à sustentabilidade.

Nosso papel, como ente representativo, é o de fortalecer essa travessia. Queremos ser a entidade que antecipa tendências, que promove o diálogo, que investe na formação e que impulsiona o setor a ocupar o espaço estratégico que lhe é devido na matriz energética do futuro.

Mas, para alcançarmos esse estágio, é necessário enfrentar alguns desafios urgentes. Dentre eles, destaca-se a insegurança regulatória e política, com a falta de previsibilidade nas políticas públicas e o descompasso entre o discurso da transição energética e a efetiva priorização do setor nos planos estratégicos nacionais.

Não somos uma entidade política, mas acreditamos que não é possível viver à margem desses temas. Por isso, a UDOP está irmanada com a Bioenergia Brasil — entidade que representa hoje cerca de 60% das usinas de cana-de-açúcar e 100% das usinas de etanol de milho do Brasil — e com outras importantes entidades coirmãs, como a UNICA – União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia, que desenvolvem trabalhos sólidos e eficazes para o enfrentamento desses desafios.

Alterações tributárias e a ausência de um plano nacional consistente de transição energética criam incertezas que desestimulam investimentos e comprometem o planejamento de médio e longo prazo. Faltam diretrizes claras que assegurem à bioenergia o protagonismo que ela já exerce na prática, mas que ainda não é plenamente reconhecido em termos institucionais. Nesse ponto, estamos atentos e sempre presentes, de forma ativa, nos principais fóruns e eventos que envolvem nosso setor.

Esse contexto regulatório desfavorável está diretamente ligado a um segundo ponto: a competitividade econômica frente aos combustíveis fósseis. Hoje, o etanol, por exemplo, enfrenta uma carga tributária consideravelmente maior que a da gasolina. Além disso, políticas de controle de preços, mesmo que justificadas por conjunturas econômicas, muitas vezes reduzem artificialmente o valor dos combustíveis fósseis, gerando uma concorrência desleal com os biocombustíveis. Esse é outro pleito urgente do setor, e que precisa ser corrigido.
 
O trabalho diário de evidenciar as externalidades positivas de toda a nossa cadeia é uma frente constante no dia a dia da equipe UDOP. Por meio de nosso portal de notícias, da web TV UDOP, das redes sociais e de nossos eventos — que reúnem milhares de pessoas —, temos intensificado uma comunicação proativa, que evidencia todos os benefícios diretos e indiretos que o setor oferece. Expandir o percentual de carros flex abastecidos com etanol é, por exemplo, um grande desafio para o setor e que temos buscado abordar em nossos eventos e nas participações de nossos executivos e diretores.
 
Com uma frota de veículos leves mais concentrada nas regiões Sudeste e Sul, o desafio maior agora é ampliarmos o uso do etanol nas demais regiões deste País continental. No campo técnico, outro desafio relevante é a renovação e modernização dos canaviais. A produtividade agrícola média do setor ainda está aquém do potencial, especialmente nas regiões onde os custos de renovação são mais altos e o acesso à tecnologia é mais limitado. Melhorar a eficiência dos canaviais exige inovação, acesso ao crédito e assistência técnica, e a UDOP está atenta e atuante nessas frentes.
 
Por meio de parcerias com institutos de pesquisa, universidades, entidades e, agora, com empresas de expertise reconhecida, queremos ampliar nosso trabalho de fomento a tecnologias e sistemas de gestão que contribuam decisivamente para o aumento da produtividade.

Com dois novos serviços, queremos difundir de forma técnica e sistemática as boas práticas e as inovações em diferentes campos. Com o UDOPLab, ferramenta que permitirá uma imersão em temas técnicos altamente aplicáveis ao dia a dia das usinas, buscamos contribuir para a melhoria dos processos e incentivar o intercâmbio entre nossas mais de 80 associadas, localizadas em 11 estados brasileiros e, também, na Argentina.

Por meio desses eventos, queremos reconhecer os avanços, mas também deixar evidente que muitos produtores ainda enfrentam dificuldades para investir em automação, inteligência artificial, biotecnologia e uso de dados no campo e na indústria. Além da escassez de mão de obra qualificada para operar essas novas tecnologias.

Reconhecendo que os desafios e as fronteiras a serem desbravadas são múltiplos, aqui na UDOP queremos ser o elo de conexão de um setor estratégico e altamente capaz de gerar resultados e impactos positivos, de forma perene, para toda a sociedade.

Não podemos desperdiçar essa oportunidade. Seguiremos firmes nesse propósito.