Presidente da Dedini Indústrias de Base
Op-AA-23
O tempo é o senhor da razão! Passamos pelo Proálcool, enfrentamos as barreiras políticas e econômicas, tivemos os altos e baixos, recebemos críticas injustas, e às vezes até maldosas, mas o tempo está mostrando que o etanol está se tornando uma commodity internacional e de reconhecimento mundial como combustível limpo e renovável.
No mundo inteiro, escuta-se sempre a mesma frase: precisamos nos desvencilhar da dependência de combustíveis fósseis e buscar fontes de energia limpas. No entanto a prática tem ficado longe da teoria nesses anos todos, e 2010 pode ser o ano que represente o início da colheita de tantos anos de trabalho e esforço ilimitado de vários profissionais no Brasil e exterior.
Porém, para que essa alternativa se torne uma commodity real e sustentável, é extremamente necessário que novos países sejam inseridos no mercado produtivo. Somente o Brasil como produtor de etanol não é suficiente para atender à demanda mundial. O conhecimento brasileiro para produção de etanol e as inovações tecnológicas ao longo das últimas décadas permitem que o País produza hoje o combustível a um preço extremamente competitivo em relação à gasolina, acrescido da vantagem de não emitir gases do efeito estufa, logo é uma opção compatível com a equalização do conflito entre mitigação do aquecimento global e competitividade.
Cerca de 80% da produção brasileira já são destinados ao consumo interno, boa parte para atender ao mercado crescente de veículos flex fuel, que já respondem por 90% das vendas de automóveis no País. Além de automóveis, existe uma extensa lista de outros veículos que podem utilizar etanol (alguns, ainda em estudo), como motos, ônibus, aviões, isso sem incluir a emergente indústria alcoolquímica.
Logo, mesmo que a produção de etanol aumente, a tendência é que boa parte dela seja voltada para o próprio mercado brasileiro. Os brasileiros são donos do conhecimento e da tecnologia para que o etanol possa ganhar o mundo e precisam assumir o posto de exportador nesse setor. As empresas brasileiras estão cada vez mais em busca de mercados produtores promissores, para expandir seu mercado de atuação.
A Dedini é uma empresa que se tem voltado para a exportação: atualmente, entre 10 e 15% do faturamento da empresa correspondem a maquinário e equipamentos do setor sucroalcooleiro dedicados ao mercado externo. Para que nos tornemos um player ainda mais forte, é necessário que a indústria nacional de equipamentos se capacite para oferecer soluções tecnológicas que permitam novos usos, além do automotivo, como a geração estacionária de energia elétrica.
A ampliação dos mercados consumidores e produtores de etanol é altamente benéfica para o Brasil. Estabelecendo novos mercados, abre-se todo um mundo de oportunidade de negócios para a indústria nacional, além de colaborar para programas importantes de desenvolvimento de outros países.
A declaração da Agência Americana de Proteção Ambiental afirmando que o etanol produzido no Brasil é o mais avançado do mundo e menos poluente do que o etanol de milho (produzido nos EUA) e o biodiesel europeu é somente mais uma demonstração de que o País está no caminho certo e de que realmente temos tudo para nos transformarmos em uma verdadeira potência desse combustível.
A decisão é um passo importante para que a barreira tarifária ao produto nos EUA seja derrubada. Porém, para atender a essa demanda internacional, os produtores nacionais devem investir para ampliar sua produção por meio de avanço tecnológico. Hoje em dia, já existe no País tecnologia agrícola e industrial capaz de aumentar a produtividade média em até 25%, proporcionando ganhos a todas as partes interessadas e fortalecendo o setor.
A recente aliança firmada entre Shell e Cosan é outro ponto que mostra como os biocombustíveis estão ganhando cada vez mais força em território internacional. As duas empresas formam uma aliança estratégica histórica para o setor, quebrando paradigmas importantes e abrindo o setor para uma nova fase crescente e sustentável. O terreno já foi preparado para o crescimento do etanol, interna e externamente. Agora, cabe às empresas e ao governo se unirem para que essa semente germine e se transforme numa planta forte e produtiva.