Quando falamos em inovação, ou no uso dela, temos duas formas de enxergá-la. Primeiro com a utilização de algo já estudado, com resultados consolidados, mas não praticado no momento e local específico. O uso desta atividade, para o local específico, passa a ser uma inovação, pela mudança na maneira de se fazer trazendo benefícios no manejo, em produtos ou operações agrícolas.
A segunda forma é pensar, desenvolver, testar e consolidar uma ideia nova, visando ganhos relacionados ao manejo, produtos ou operações agrícolas. A segunda forma é mais trabalhosa e demorada, e o desenvolvimento poderá chegar a resultados não adequados como parte do processo, porém fundamental para a evolução.
As duas formas de se praticar a inovação são válidas na busca da melhoria contínua. Na cadeia agronômica do setor bioenergético, temos diferentes players que trabalham a inovação: instituições de pesquisa públicas e privadas, empresas de insumos, máquinas e equipamentos, profissionais autônomos, as próprias agroindústrias, além dos produtores independentes de cana-de-açúcar.
A inovação na agricultura, e aqui nos referimos à cultura da cana-de-açúcar, é um tema de crescente relevância, dado o impacto direto que as práticas agrícolas proporcionam no resultado final de toda a cadeia do setor, propiciando condições de evolução na segurança alimentar e preservação ambiental. Para este trabalho ser efetivo, eficaz e célere, é imperioso ter uma coordenação integrada dos players do processo, definindo prioridades, otimizando os desenvolvimentos e democratizando os resultados.
Toda a inovação passa pela fase de tendência para, depois de confirmada, virar prática de mercado. Como acelerar este processo, sabendo que a inovação na agricultura traz grandes benefícios, mas que também existem desafios? Como dar acesso às novas tecnologias aos pequenos agricultores, principalmente em razão de altos custos iniciais ou falta de infraestrutura adequada? Estes questionamentos, conforme a equalização, trarão a velocidade nos resultados potenciais práticos a serem atingidos pelas inovações.
A robótica, o acompanhamento das operações em tempo real, os fertilizantes e corretivos de solo “premium”, a genômica e transgenia, o melhoramento varietal tradicional, o manejo de pragas e doenças, os defensivos químicos e principalmente os biológicos são temas que vêm demonstrando celeridade no desenvolvimento e grande aceitação no uso comercial, isoladamente e no conjunto integrado das ações. Estes temas passaram da fase de tendência e estão na fase de confirmação e práticas de mercado.
No que toca a tecnologias emergentes no setor sucroenergético, vemos o uso da tecnologia de precisão como uma das principais inovações. Equipamentos como drones, sensores e imagens de satélites permitem que os produtores monitorem as lavouras em tempo real, identificando necessidades de irrigação, adubação ou controle de pragas e doenças com mais precisão. Isso resulta em uma aplicação mais eficiente e racional de insumos, reduzindo desperdício e melhorando a saúde da lavoura.
Outra inovação relevante é o uso de inteligência artificial (IA) e big data. Com essas tecnologias, é possível processar grandes quantidades de dados sobre condições climáticas, solos, histórico de safras e outras variáveis. Esses dados ajudam na tomada de decisões, prevendo problemas antes que eles aconteçam, e otimizam o planejamento de plantios e colheitas.
A Internet das Coisas (IoT) tem permitido que os equipamentos agrícolas, como tratores, caminhões e sistemas de irrigação, sejam conectados à rede de dados, permitindo automação e controle remoto. Isso facilita a gestão das operações agrícolas, especialmente em grandes propriedades, onde o controle de cada área se torna mais eficiente e preciso.
A biotecnologia também desempenha um papel essencial na inovação agrícola. Por meio da engenharia genética, novas variedades de plantas mais resistentes a pragas, doenças e condições climáticas adversas estão sendo desenvolvidas. Essas plantas geneticamente modificadas podem ajudar a cultura da cana-de-açúcar a aumentar a produtividade, principalmente em regiões onde as condições de cultivo são mais desafiadoras. Ainda há preocupação por parte de algumas áreas da sociedade em relação a possíveis impactos de algumas inovações, como o uso de organismos geneticamente modificados (OGMs) sobre o meio ambiente e a saúde humana.
Por fim, a agricultura regenerativa e a agroecologia vêm ganhando destaque com abordagens inovadoras que integram práticas sustentáveis ao cultivo comercial. Essas técnicas se concentram no ganho de produtividade pela preservação da biodiversidade, no uso responsável da água e na regeneração do solo.
O aumento do uso de produtos biológicos na cultura da cana-de-açúcar não se deve apenas ao apelo ecológico, mas principalmente ao desempenho propiciado nos controles a que eles se propõem, muitas vezes superiores aos concorrentes químicos.
O setor bioenergético voltou a entender que o solo, por ser vivo, necessitava ser visto e tratado com tal, ser regenerado, recebendo manejos e insumos agregadores e catalizadores dos processos vitais para seu equilíbrio e, consequentemente, beneficiando as lavouras. O setor, nos últimos anos, tem-se transformado rapidamente com a incorporação de novas tecnologias e práticas que buscam não apenas aumentar a produtividade, mas também tornar o uso dos recursos mais eficientes e sustentáveis.
A inovação na agricultura é essencial para garantir que o setor consiga enfrentar os desafios futuros, como o climático, o crescimento populacional e a escassez de recursos. Soluções criativas e tecnologias de ponta continuarão a desempenhar um papel crucial no desenvolvimento de uma agricultura mais eficiente, resiliente e sustentável.
O Seminário Udop de Inovações proporciona um ambiente propício para a integração de ideias inovadoras em um caminho de crescimento sustentável.