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Miguel Rubens Tranin

Presidente da Alcopar

Op-AA-33

A presidenta sinalizou com o indispensável apoio

O setor sucroenergético nacional tem razões para acreditar que o período de incertezas pelo qual vem passando está prestes a terminar. Cumprindo importante papel econômico, social e ambiental, a atividade é um dos orgulhos brasileiros e, admitam ou não alguns críticos, solução admirada mundialmente para a redução dos gases de efeito estufa. Recentemente, a presidenta Dilma manifestou-se sobre o apoio à retomada dos investimentos, lembrando que o segmento vem passando, no momento, por grandes dificuldades.

Entre 2000 a 2009, o setor apresentou índices de crescimento superiores a 10% ao ano. Após 2009/10, entretanto, mergulhou em profunda crise que resultou na retração que se observa atualmente. Para se ter ideia da situação, em 2010, foram industrializados, no Centro-Sul, algo em torno de 561 milhões de toneladas de cana, produzidos 33,5 milhões de toneladas de açúcar e 25,6 bilhões de litros de etanol.

Na safra atual (2012/13), a produção de matéria-prima é estimada em 493 milhões de toneladas, a de açúcar em 31,3 milhões de toneladas e a de etanol em 20,5 bilhões de litros. O desânimo é tão grande, que alguns especialistas acreditam em números ainda menores, de 470 milhões de toneladas de cana no Centro-Sul.  

Atribui-se a dois principais fatores a razão por esse declínio. O primeiro, inquestionavelmente, é o aspecto econômico, que inibiu o investimento na renovação dos canaviais e a continuidade da expansão de áreas agrícolas e parques industriais. Em função da perda de competitividade do etanol frente à gasolina, os investidores ficaram inseguros quanto ao retorno de investimentos, que, com isso, foram protelados ou mesmo cancelados.

Assim, de exportador de etanol, o Brasil passou a importador, onerando significativamente a balança brasileira. Ao mesmo tempo, minguaram os recursos da Petrobras para novos investimentos. A propósito, o País é também importador de gasolina, lembrando que a frota nacional de veículos vem crescendo em ritmo acelerado.

Com novos planos, a estatal brasileira do petróleo refez suas metas e anuncia que deverá produzir menos petróleo, tendo que substituí-lo pela importação de mais gasolina e do etanol americano ou pelo etanol de cana. O segundo fator a considerar, e não menos importante, é de ordem climática, o que prejudicou de maneira substancial a produção no Centro-Sul.

De 80 a 82 toneladas por hectare, a média de produtividade agrícola na região caiu para menos de 70 toneladas, sendo que o rendimento industrial foi reduzido em 3,5% em ATR. Diante desse cenário, o País, que antes ocupava um lugar de destaque no esforço pela redução das emissões de CO2, através da substituição de combustíveis fósseis por renováveis, passa a priorizar o combustível poluente em detrimento do renovável.

Atento a tudo isso, o governo federal já tomou algumas medidas visando corrigir essa distorção. Entre elas, destacamos a implantação do selo de melhores práticas no trabalho da cana, em que governo e setor apresentam para toda a sociedade os avanços implementados na área da segurança e na qualidade dos empregos, muito acima do previsto na legislação, transformando o setor em exemplo.

A realização de protocolos agroambientais nos estados produtores buscam alternativas para reduzir significativamente os impactos ambientais, tornando a atividade sustentável. Importante mencionar que, em relação a isso, o Paraná já investiu mais de R$ 600 milhões e deverá investir mais R$ 1,5 bilhão em breve.

Outra medida importante tomada pelo governo foi a disponibilização de recursos financeiros para a retomada da produção e, com certeza, irá possibilitar mecanismos que assegurem a competitividade do setor e a retomada do crescimento na participação na matriz energética nacional.

Em pronunciamento recente, a presidenta Dilma afirmou: "Agora se aproxima uma etapa de estímulo ao investimento", mencionando ainda que a indústria sucroenergética "é hoje um setor já com um nível de estruturação; em alguns casos, uma verticalização forte. É um setor que respeita os trabalhadores, que maturou, no que se refere a sua regulação.

E agora eu acho que uma nova etapa se aproxima. Essa etapa é uma ampliação dos níveis de investimento. O governo federal é parceiro para isso".

Os empresários receberam muito bem o posicionamento manifestado pela presidenta e aguardam pela efetivação das medidas. É o que precisam para arregaçar as mangas e trabalhar em direção à retomada do crescimento, acreditando nwo governo e apoiando-o. E dispostos, como sempre o fizeram, a dar sua definitiva parcela de contribuição para construirmos um Brasil melhor – em termos sociais, econômicos e ambientais.