O inverno costuma ser um período de atenção para o setor bioenergético, uma vez que o ar seco e a menor incidência de chuvas característicos desta estação potencializam o risco de ocorrência de incêndios que, historicamente, podem aumentar de forma significativa nos canaviais nessa época do ano.
Em 2024, no entanto, acompanhamos um forte agravamento desta questão que afetou não apenas o segmento de bioenergia, mas também diferentes setores da economia e a sociedade como um todo, colocando governos, iniciativa privada e cidadãos diante de um cenário altamente desafiador.
Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em agosto e setembro deste ano foram mais de 151 mil focos de incêndio registrados no Brasil, os maiores índices desde 2010.
No estado de São Paulo, um dos mais afetados, foi detectado neste período o maior número de focos de incêndios desde 1998, quando teve início a série histórica do Inpe – no total, foram 6.134 registros, sendo 3.612 em agosto e 2.522 em setembro. Antes, o maior número mapeado nestes dois meses tinha sido de 2.444 em 2010.
Um levantamento divulgado em meados de setembro pela Unica - União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia indicou que mais de 230 mil hectares de cana-de-açúcar foram atingidos pelo fogo no interior de São Paulo, o que representaria um prejuízo financeiro de cerca de R$ 1,2 bilhão para os produtores da região, de acordo com a Orplana – Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil .
Dados da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) relacionados a todo o país elevam esse indicador para R$ 2 bilhões, estimando em 19 milhões o número de pessoas afetadas neste cenário. Além do impacto econômico, episódios desta natureza geram outros inúmeros problemas. Os impactos ambientais, por exemplo, são bastante significativos, uma vez que as queimadas liberam gases de efeito estufa na atmosfera e causam danos à biodiversidade e degradação do solo, aumentando os problemas enfrentados pelas regiões afetadas em relação a eventos climáticos futuros, sem contar os problemas de saúde relacionados à qualidade do ar.
Diante de tudo isso, podemos constatar que prevenir e combater incêndios é uma tarefa sempre urgente e que precisa ser levada a sério por todos, incluindo órgãos governamentais, ONGs, iniciativa privada, além da população de um modo geral. A colaboração entre todos os agentes da sociedade é fundamental, afinal, não é possível pensar em soluções individuais para problemas coletivos. A intensificação de políticas públicas, o investimento em inovação tecnológica e a conscientização são fundamentais para melhorar os resultados no enfrentamento a esse desafio no Brasil.
Na BP Bioenergy, a tecnologia é uma das principais aliadas do programa Brigada 4.0, desenvolvido pela companhia com o objetivo de prevenir e combater incêndios em suas 11 unidades agroindustriais instaladas em cinco estados brasileiros. Ele está estruturado sobre quatro pilares principais: práticas preventivas, detecção rápida, combate ágil e ação segura. O programa conta com plano robusto de práticas preventivas como mapas de reincidência, aceiros e enleiramento de palha entre outras práticas, um sistema de monitoramento por satélite que alerta sobre as condições climáticas favoráveis para o aumento da propagação de focos de fogo.
Além disso, utiliza câmeras térmicas de alta definição instaladas em torres de observação que detectam tais episódios de forma rápida e precisa ? tudo isso monitorado de forma online pelo SmartHub, uma central de gestão logística integrada que abarca recursos da indústria 4.0 e acompanha durante 24 horas, em tempo real, de forma online e remota, toda a operação da companhia no campo, incluindo plantio, colheita, transbordo e transporte. Os investimentos voltados à sua implementação somam cerca de R$ 30 milhões.
O último balanço de resultados do programa mostra resultados bastante significativos. Dados registrados em 2020 apontavam 508 incêndios nas áreas de influência de nossas usinas, que com a implantação do programa foram reduzidos, em 2023, para 185 ? uma queda de 63,58%.
Já o volume de área queimada também diminuiu de forma relevante: de 37.327 hectares em 2020, para 8.059 hectares em 2023, totalizando uma redução de 78,4%. Além dos ganhos do ponto de vista operacional e financeiro, os resultados são animadores sobretudo porque mostram que, com tudo isso, estamos garantindo mais segurança para as pessoas, incluindo nossos colaboradores e cidadãos que vivem no entorno de nossas unidades.
Outro ponto a ser destacado é a estrutura de combate a incêndios da empresa, que conta com 97 caminhões-bombeiro equipados com jatos de água automatizados e controlados por joystick, 16 caminhões-pipa, 12 caminhões-tanque e 1.050 colaboradores treinados como brigadistas. Essa estrutura, inclusive, é comumente colocada à disposição da comunidade para o combate de incêndios identificados nas regiões onde atuamos, colaborando assim com os corpos de bombeiros locais e com a administração pública.
Vale mencionar ainda que a empresa colabora com grupos e comitês locais de combate ao fogo e realiza campanhas anuais de prevenção a incêndios para seus colaboradores e para a população em geral, com o objetivo de levar informação e conscientização sobre os riscos do uso do fogo e consequências dos incêndios.
Todas essas iniciativas evidenciam nossa trajetória bem-sucedida na prevenção e combate a incêndios, mas temos consciência de que os desafios diante desta temática são permanentes, pois são inúmeros os fatores que a impactam, como as questões climáticas, por exemplo, que vêm demandando um olhar de inquietude a todos os setores da sociedade, a fim de buscarmos inovações em recursos e processos que contribuam para o avanço de uma economia de baixo carbono, que proporcione um futuro mais sustentável para todos.