O Brasil é o maior produtor de cana-de-açúcar do mundo, com uma produção média anual acima de 600 milhões de toneladas, segundo fontes confiáveis, o que o coloca em primeiro lugar na produção mundial de açúcar e em segundo na produção de etanol. As excelentes condições agrícolas e climáticas sempre contribuíram para essa extraordinária posição de destaque ocupada pelo país.
A cana-de-açúcar é esmagada em mais de 360 unidades industriais espalhadas pelo país, majoritariamente nas regiões Centro-Sul e Nordeste. O parque industrial brasileiro conta com uma cadeia produtiva de excelência, altamente especializada e totalmente nacionalizada, tanto no que diz respeito aos insumos industriais quanto ao suprimento e à reposição de máquinas, equipamentos, serviços, sistemas e tecnologias em geral. Sem dúvida alguma, o Brasil é uma referência mundial no processamento de cana-de-açúcar.
É indiscutível, também, a grande importância do setor sucroenergético para a economia brasileira na medida em que representa em torno de 2% do PIB nacional, com a geração de mais de 700 mil postos de trabalho diretos, além de diversas outras contribuições, como a geração de quase 5% da energia elétrica do país.
A indústria sucroenergética deve explorar a maior gama possível de produtos e serviços que estejam ao seu alcance. Dos mais aos menos nobres, é inevitável o aproveitamento de todas as oportunidades existentes. E elas não são poucas.
A cogeração de energia elétrica é exemplo de aproveitamento de uma oportunidade muito interessante. Tratando-se de energia elétrica renovável proveniente de biomassa (bagaço da cana-de-açúcar), sem qualquer agressão ao meio ambiente, disponível nos períodos de estiagem quando os reservatórios deixam de ser irrigados pelas chuvas.
Ainda no que diz respeito à cogeração de energia elétrica, não podemos nos esquecer da possibilidade de incremento de sua produção valendo-se do biogás que pode ser extraído da vinhaça. Estudos recentes demonstram que existe viabilidade de comercialização do próprio produto, da sua utilização para substituição do diesel em caminhões e demais veículos a serviço da unidade industrial.
Temos ainda o etanol de milho e o etanol de segunda geração. O milho utilizado na produção é totalmente aproveitado, separando-se o amido, utilizado na produção do etanol, da fibra, gordura e proteína, utilizados na fabricação de produtos de nutrição animal, gerando assim um novo produto para a unidade industrial.
Já o etanol de segunda geração, derivado do aproveitamento de resíduos da cana-de-açúcar e do seu processamento, tais como palha, bagaço etc., afigura-se também como mais uma oportunidade valiosa de produto. Apesar de quimicamente iguais, o etanol de segunda geração possui precificação bastante diferente do etanol, dada a sua sustentabilidade.
Mais do que uma capacidade de produção de vários produtos, o mais importante é a existência de uma capacidade de flexibilização do mix de produção etanol/açúcar. Tanto o etanol hidratado quanto o anidro competem com combustíveis de origem fóssil, cujos preços ficam sujeitos a inúmeras injunções das mais variadas naturezas, nacionais e internacionais. Isso reflete diretamente no preço do etanol, independentemente dos seus custos de produção.
Com o açúcar não é muito diferente, além de sofrer com as oscilações do etanol, sofre também com as questões relacionadas à oferta e estoques internacionais. Não por outra razão, a flexibilização do mix de produção é uma característica de suma importância para qualquer unidade industrial.
A Cerradão produz açúcar branco e açúcar VHP. Produz, também, etanol anidro e etanol hidratado. A flexibilidade em nosso mix de produção nos permite o direcionamento de até 60% da cana-de-açúcar para fabricação de açúcar ou até 70% para fabricação de etanol. Na atual safra 2023/24, temos uma previsão de moagem de 5,5 milhões de toneladas de cana-de-açúcar.
A cogeração de energia elétrica é outro dos orgulhos da Cerradão. E a quantidade de energia elétrica gerada tem se mantido ao longo do tempo, em termos de MWh por tonelada de cana-de-açúcar esmagada, seguindo o aumento substancial de moagem havida nestes últimos anos.
Outro fator importante que contribui para uma boa atuação no setor sucroenergético é a gestão digitalizada do processo industrial conciliada com modernas soluções tecnológicas. O mundo passa por alterações significativas, além de vivenciar inúmeras exigências e requisitos antes impensáveis. Se tratando de commodities, como o açúcar e o etanol, a indústria da cana-de-açúcar deverá buscar novos parâmetros e novas condições para sobrevivência e perpetuação do negócio.
A conexão de todo o processo produtivo, com a geração de dados e informações de produção em tempo real, permite o controle eficiente da produção. Conjugado com o mapeamento do processo produtivo, a digitalização propicia respostas rápidas e eficazes para o melhor aproveitamento da produção, com a possibilidade de aprimoramento do processo industrial a cada novo ciclo.
Em resumo, é isso que temos buscado realizar na Cerradão, na qualidade de Diretor Industrial e em conjunto com os demais Diretores, Conselheiros e Acionistas. Não por outra razão, acreditamos e temos colhidos bons resultados em nossa gestão. O biogás, e tantas outras alternativas já existentes ou que venham a existir, estará sempre no radar.
Nosso negócio requer muito investimento em equipamentos e tecnologia, mas acreditamos que as pessoas fazem a diferença. Não por outra razão, investimos muito em treinamento e desenvolvimento de nossos colaboradores, no planejamento e sistematização de nossos processos, além de inúmeras políticas de ESG.