Instituto de Agricultura do Estado da Saxônia, Alemanha
Op-AA-11
Este artigo trata do assunto da viabilidade técnica do etanol na Europa, especificamente, na Alemanha. Tomei como base uma pesquisa feita no setor automotivo e petrolífero, pela Universidade de Hohenheim, em 2005, na Alemanha. Desta pesquisa participaram empresas petrolíferas, que possuem postos de abastecimento (representando 65% do mercado nacional de postos de abastecimento), refinarias (30% do mercado nacional - referente ao processamento de óleo mineral) e a indústria automobilística nacional (63% do mercado nacional - referente ao cadastro de carros novos, por marca).
Por motivos energéticos, ambientais e econômicos, os biocombustíveis geram uma grande expectativa na Alemanha. Mas, as indústrias petrolífera e automobilística, atuantes no mercado nacional, têm que enfrentar a realidade econômica e técnica suscitada pelos biocombustíveis. Por conseqüência, são justamente as empresas petrolíferas que maior influência têm sobre a maneira e a forma de uso e venda dos biocombustíveis, para alcançar os objetivos estabelecidos pela União Européia.
Por questões ambientais, a UE fomenta, com a Diretriz 2003/30/EG, o uso de combustíveis renováveis, em especial, do etanol. A meta estabelecida para os biocombustíveis visa uma parcela de 5,75% do mercado total de combustíveis, até o fim de 2010. As empresas participantes desta pesquisa mostram-se, em sua maioria, interessadas nos biocombustíveis e recomendam uma política estável para os biocombustíveis que apresentarem a menor desvantagem, do ponto de vista técnico e econômico.
Na pesquisa, as empresas dos dois setores avaliaram o uso de E-5, por três questões:
a. aptidão econômica
b. aptidão como combustível de qualidade
c. aptidão logística (uso da rede logística e de processamento do etanol).
Noventa por cento das empresas petrolíferas (a porcentagem da parcela de mercado refere-se sempre aos participantes desta pesquisa) avaliam o E-5 como insatisfatório ou insuficiente, do ponto de vista econômico (numa escala que varia entre muito bom, bom, regular, suficiente, insatisfatório e insuficiente).
Quanto à qualidade, a classificação feita pelas empresas petrolíferas é a seguinte: 23% regular, 26% insatisfatória e 41% insuficiente. As mesmas empresas avaliam como pior ainda a aptidão logística: 65% insatisfatória e 29% insuficiente. A pesquisa revelou que a rejeição do uso de E-5 pelas indústrias petrolífera e automobilística dá-se, principalmente, por motivos técnicos.
Os principais motivos, citados por mais de 50% das empresas, são:
Avaliação das diversas características técnicas do E-5:
Portanto, 72% das empresas do setor automobilístico avaliam este fator de forma neutra (numa escala de muito vantajoso, vantajoso, neutro, desfavorável, muito desfavorável).
Segundo a indústria petrolífera, este fator dificulta, no inverno, a produção de um combustível, dentro dos padrões de qualidade exigidos pela norma DIN EN 228 (pressão de vapor de 60 kPa). Este mesmo fator causa dificuldades na rede logística. Por isso, 93 % das empresas petrolíferas classificam o E-5 como sendo muito desfavorável e 74% da indústria automobilística como sendo desfavorável.
Vale lembrar que esta tecnologia e o uso de etanol como combustível já foram mais desenvolvidos e aceitos pelo mercado em países como a Suécia, os EUA e, principalmente, o Brasil. A título de interesse, vale ressaltar que foi justamente uma empresa alemã que fabricou e lançou o primeiro modelo flex-fuel no Brasil.