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Rodrigo Perez Verna

Gerente de TI da Usina Estiva

OpAA82

Governança de TI no setor bioenergético: liderança estratégica e adaptação para a inovação sustentável
A governança de Tecnologia da Informação (TI) deixou de ser um fator de apoio para se tornar um elemento central para o sucesso de qualquer organização. No setor bioenergético, a integração entre tecnologia, campo e indústria é essencial para garantir eficiência operacional, inovação sustentável e competitividade. No entanto, muitas corporações ainda resistem às inovações e mantêm processos ultrapassados, representando uma verdadeira ameaça à transformação digital e à sustentabilidade dos empregos.

A transformação digital não é uma opção; é uma necessidade no ambiente de negócios atual. O setor bioenergético, ao lidar com a pressão por eficiência e sustentabilidade, precisa adotar uma abordagem integrada, combinando automação, big data, Internet das Coisas (IoT) e inteligência artificial (IA). No entanto, um investimento mal direcionado em tecnologia pode resultar em ineficiências e falhas operacionais. A governança de TI deve assegurar que a inovação tecnológica esteja alinhada aos objetivos estratégicos da companhia, e as pessoas, em todos os níveis, devem ser preparadas para essa jornada.

Governança de TI – O alinhamento entre estratégia e tecnologia: 
A governança de TI é um conjunto de práticas que orienta as iniciativas tecnológicas para agregar valor ao negócio e mitigar riscos. No setor bioenergético, essa governança atua como uma ponte estratégica entre a TI e as necessidades da usina, garantindo que a digitalização de processos agrícolas, a automação da produção e o uso de plataformas inteligentes para análise de dados contribuam diretamente para o alcance dos KPIs e OKRs estratégicos.

O papel da governança de TI é assegurar a eficiência dessa integração por meio de uma gestão sólida e estratégica, que deve incluir:
• Gestão de riscos tecnológicos: A segurança cibernética é crítica em um ambiente industrial e operacional interconectado, onde ataques podem comprometer tanto a produção quanto a integridade dos dados. A governança deve garantir políticas robustas de proteção e recuperação, bem como a conformidade regulatória.

• Transição de sistemas legados: A substituição gradual de tecnologias antigas é necessária para evitar rupturas na operação. É fundamental que a integração entre sistemas novos e antigos seja bem planejada, garantindo a continuidade e minimizando impactos no fluxo operacional.

• Agilidade na tomada de decisão: Em mercados dinâmicos, a capacidade de adaptação é um diferencial competitivo. A governança deve apoiar decisões ágeis e orientadas por dados, permitindo que líderes respondam rapidamente a mudanças no mercado e no ambiente regulatório.

• Desenvolvimento das pessoas: A transformação tecnológica só é bem-sucedida quando acompanhada pelo desenvolvimento humano. A governança de TI deve garantir que as equipes sejam capacitadas para lidar com novas ferramentas e processos, fomentando uma cultura de aprendizado contínuo. Programas de treinamento e iniciativas de gestão de mudança são essenciais para preparar os colaboradores da companhia para novas tecnologias e assegurar o engajamento durante o processo de transformação. A adoção de um mindset digital entre todos os níveis da organização é um fator decisivo para o sucesso.

Resistência à mudança: o verdadeiro obstáculo: 
Muitas organizações investem em tecnologia acreditando que a inovação, por si só, resolverá seus problemas. No entanto, a maior ameaça para o futuro do trabalho não é a adoção de inovações disruptivas como a IA, mas a resistência à mudança e a falta de visão estratégica. A tecnologia é apenas uma ferramenta. Sem uma liderança eficaz e uma cultura organizacional aberta à transformação, a empresa corre o risco de automatizar e acelerar ineficiências já existentes.

Empresas que não promovem essa mudança cultural acabam em situações em que grandes investimentos tecnológicos não geram o retorno esperado. Não se trata apenas de implementar novos sistemas, mas de capacitar pessoas e otimizar processos para que a inovação se torne um vetor de crescimento, e não uma fonte de frustração.

Integração de tecnologia e adaptação organizacional: 
Para que a gestão de Tecnologia da Informação tenha êxito, é crucial que a tecnologia e a adaptação organizacional estejam em sintonia. A introdução de novas tecnologias exige que todas as partes interessadas (stakeholders) compreendam seu valor e impacto. Um modelo de liderança ágil é necessário para facilitar essa transição, promovendo uma cultura de aprendizado contínuo e colaboração.

Algumas estratégias eficazes incluem:
1. Treinamento e capacitação constantes: Preparar a equipe para trabalhar com novas ferramentas e plataformas é essencial para evitar resistências e aumentar a produtividade.

2. Comunicação clara: Líderes precisam comunicar o propósito das mudanças e os benefícios esperados de forma transparente e objetiva.

3. Inovação colaborativa: As melhores soluções surgem quando a tecnologia é desenvolvida e adotada com a participação ativa de todos os níveis da organização.  

Liderança no futuro do trabalho e da tecnologia: 
A transformação digital não é apenas uma questão técnica; é um desafio de gestão e liderança. Um líder que não considera o impacto humano da tecnologia corre o risco de criar um ambiente hostil à inovação. Empresas líderes devem alinhar sua estratégia tecnológica a uma cultura organizacional que promova aprendizado e evolução contínuos. 

Um exemplo prático de como realizar essa integração são projetos que promovem essa transição de forma eficaz. Um deles é o projeto "Conectando Gerações", no qual jovens ajudam pessoas mais velhas a se familiarizarem com a tecnologia, promovendo convivência intergeracional e facilitando o aprendizado mútuo. 

Outro caso inspirador é o da Casa Ondina Lobo, em São Paulo, que criou uma iniciativa inovadora: um ônibus itinerante que oferece aulas digitais em bairros vulneráveis, ampliando o acesso ao aprendizado tecnológico. Por que não adotar práticas como essas nas usinas?

A governança de TI não é apenas um conjunto de ferramentas e frameworks; é uma estratégia essencial para garantir que a tecnologia entregue valor ao negócio de forma sustentável. 

Sem uma governança eficaz, dificilmente os investimentos tecnológicos resultarão em benefícios sustentáveis para a organização. A gestão tecnológica deve harmonizar tecnologia e pessoas, promovendo uma cultura de adaptação e evolução contínua. Não é a IA que ameaça o futuro do trabalho, mas a falta de visão e a resistência à mudança.