Presidente do Sindaçúcar - PE
Op-AA-03
Fixamos a nossa análise nas operações de logística que são efetuadas sob a gestão do Sindaçúcar no Terminal Açucareiro do Recife, isto é, o escoamento internacional de açúcar a granel, por onde embarcamos, a cada safra, em média, 60% do açúcar produzido no estado, o equivalente a 33% da pauta de exportações de Pernambuco, ou seja, 800 mil toneladas de açúcar, sendo 500 mil a granel e 300 mil ensacados.
Observamos a logística como ferramenta chave para o desenvolvimento do segmento sucroalcooleiro, e, portanto, para que nossos bons desempenhos nas exportações não sejam obstruídos pelos gargalos do crescimento, encontrados no Brasil, é preciso que tenhamos uma consistente e contínua política de infra-estrutura.
No tocante à produção e exportação do açúcar, temos grande vantagem competitiva em relação aos nossos concorrentes, visto que, possuímos custos de produção, que estão entre os menores do mundo, destacando que a região Nordeste perde apenas para a região Centro-Sul do país. Além de termos um baixo custo com transporte das nossas unidades agrofabris ao terminal no porto do Recife, já que a distância média é de aproximadamente 70 km, nosso custo é em média US$ 9,70 por tonelada no embarque a granel com frete da usina para o terminal já incluído.
Isto faz com que Pernambuco tenha tendência natural à exportação. Por outro lado, sofremos com os problemas existentes no país no que diz respeito à infra-estrutura. Nosso principal gargalo no Terminal do Recife é a descontinuidade de dragagem, por parte do Governo Federal, posto que, temos recebido navios, em média, de até 26 mil toneladas, quando precisamos estar aptos para aqueles com capacidade acima de 35 mil toneladas.
Devemos destacar também, a importância de dinamizarmos outros modais, principalmente, o ferroviário, já que somente algumas poucas usinas dispõem de ferrovia para transportar açúcar a granel até o nosso terminal. No entanto, o Estado dispõe de malha ferroviária deteriorada, fato comum no país, podendo alguns trechos sofrer recuperação sob a formatação de PPP’s, com o governo federal e ou CFN. Esta inclusão do modal ferroviário na logística do setor sucroalcooleiro, diminuiria significativamente nossos custos com transporte.
Por esses motivos, é de grande importância que as PPP’s (Parcerias Público-Privadas) torne-se realidade prática e que sejam bem direcionadas para colhermos os benefícios de forma rápida e eficiente. Assim, quem for operar ferrovias com açúcar ganhará um fluxo rotineiro ao longo do tempo, o que será estimulador para o operador de negócios nas PPP‘s.
No tocante às exportações de etanol, o SINDAÇÚCAR-PE e a UNIDA, União Nordestina dos Fornecedores de Cana, estão confeccionando um projeto de álcoolduto costeiro em torno de 400 Km, distando 60 Km do litoral com o objetivo de escoamento para o exterior e, por cabotagem, para o próprio Brasil, de cerca de 1 bilhão de litros de etanol por safra, ou seja, aproximadamente US$ 250 a 300 milhões em exportações anuais.
A Transpetro e outras tradings parceiras estão sendo consultadas para uma operação conjunta com vistas à construção, que pode ocorrer em módulos de 100 Km. Como se observa, o nosso segmento apresenta oportunidades logísticas com fluxo de utilização continuada, inclusive pela sazonalidade de safra complementar àquela do Centro-Sul do país, posto que o ciclo produtivo no Nordeste é complementar às épocas do Centro-Sul, o que favorece o Brasil com fluxo de suprimento mais perene e anualizado.
Nosso potencial é estarmos em um local estratégico, geograficamente próximo dos grandes mercados consumidores - EUA, leste Europeu, Rússia, norte da África, etc, e certamente com a vitória do Brasil nos painéis jurídicos da Organização Mundial do Comércio no que se refere ao açúcar e com aumento do consumo do etanol, teremos um incremento na demanda internacional e, conseqüentemente, Pernambuco deverá estar preparado para atender aos potenciais mercados consumidores fortalecendo o cluster do setor sucroalcooleiro, gerando, com isso, mais emprego e renda para a região Nordeste, com nosso produto interno bruto regional nivelando-se mais adequadamente às demais regiões avançadas do país.