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Ary Corrêa Junior

Presidente da MCA-Sul

Op-AA-06

Logística: armazenagem, transporte e portos

Armazenagem: A armazenagem vem sendo considerada uma peça importante para cadenciar os fluxos e o Brasil tem evoluído muito neste importante item da complexa cadeia logística. Com o auxilio do conhecimento de especialistas em solo, sub-solo e estruturas de concreto, para edificação a serem instaladas em solos mais complicados - leia-se portos, houve um avanço significativo na redução dos custos, prazos de execução e, principalmente, no aumento da resistência e da estabilidade das estruturas que suportam uma instalação de armazenagem.

A evolução da engenharia nesta área tem viabilizado importante ações de aumento de performance, de eficiência e eficácia, com representativa redução de custos. São muitas as ferramentas disponíveis para encurtar o tempo da construção e a utilização efetiva do graneleiro. O sistema de pré-moldado vem revolucionando a construção civil.

Num passado recente precisávamos esperar até 10 dias para desenformar um pilar ou uma placa da parede. Hoje, com o concreto de secagem rápida são apenas 24 horas e com um padrão de controle e de acabamento incomparável. Utilizando esta tecnologia, registramos nos dois últimos anos, a construção de 4 armazéns graneleiros, cada um com capacidade estática entre 80 a 100 mil toneladas, todos construídos em menos de 150 dias.

A adição da microssilica, para evitar o ataque de gás orgânico no concreto, também foi uma grande descoberta. Os aços especiais disponíveis hoje garantem uma resistência mecânica e contra a corrosão muito superior. Com essa evolução, os valores para a construção de um sistema de armazenagem que, há poucos anos, ultrapassava os U$ 160 por tonelada, vêm sendo significativamente reduzidos.

Com este advento, aliado aos volumes crescentes de açúcar a granel, temos observado, nos últimos 5 anos, um crescimento sustentado no número e na capacidade de armazéns graneleiros, que vem sendo edificados nas usinas, nas proximidades destas com a finalidade exclusiva de transbordo retro-portuário, bem como nos terminais portuários.  

Transporte: Em se tratando de logística, no Brasil, quase tudo está para ser feito. Assim como na área portuária, o nosso sistema de transporte ainda tem um longo caminho a ser percorrido.

As rodovias, ferrovias e terminais portuários recém transferidos à iniciativa privada, têm melhorado muito, entretanto, para acompanhar o crescimento geométrico da capacidade de produção do setor, iremos precisar de investimentos maciços, mas a disponibilidade ainda está longe do montante necessário para recuperar as décadas de esquecimento do setor. Vale a pena ressaltar a criatividade adotada para a expansão e obtenção do melhor aproveitamento da nossa malha rodoviária e ferroviária.

Destacam-se dentre inúmeros casos inteligentes e inovadores, os embarques hidroviários feitos em São Simão-GO, tendo como destino o porto de Santos; os embarques feitos em chatas, na cidade de Itacotiara-MT; armazéns de transbordo no interior, regulando o fluxo para os portos; a aplicação pelas usinas de parte do ICMS para a pavimentação de rodovias no Triangulo Mineiro; aquisições recentes de locomotivas, com maior poder de tração e de vagões novos em parceria com os usuários; e também o uso de frotas especializadas e exclusivas, tanto de carretas, como de vagões, para o transporte exclusivo do açúcar a granel.    

Portos: Os embarques feitos pela região Sul e Sudeste foram iniciados há pouco menos de dez anos, com grande dificuldade para os produtores e exportadores, pois os envolvidos na atividade portuária consideravam o açúcar um produto estranho, com necessidade de segregação em volumes pequenos e sem a garantia de fluxos regulares e estáveis para o curto prazo.

A exceção foi o Nordeste que, na época, já contava com dois bons terminais para a exportação de açúcar a granel, e os embarques de açúcar ensacado que eram - e atualmente ainda são, feitos através de guindastes, com relativa facilidade em qualquer porto. Ainda assim, levando em consideração o fato dos terminais portuários terem sido construídos para grãos e seus derivados, com baixa produtividade para a operação com o açúcar, a insistência do setor foi maior do que o efetivo desejo dos terminais e de alguns portos, apesar de que para os proprietários destas instalações, as tarifas eram tentadoras - na verdade até abusivas. Já se cobrou mais de U$ 25 por uma só tonelada!

No entanto, para os gerentes destes terminais, manipular açúcar era um verdadeiro horror, pois a descarga dos caminhões e vagões eram feitas com dificuldade, o produto empedrava e não escoava, os equipamentos de transporte e o carregador de navios sofriam várias paradas por bloqueios, o que acabava provocando a demora de até 5 dias para o carregamento de um navio médio. Hoje, a mesma operação gasta menos de 12 horas.

Com o crescimento das exportações, a consistência nos volumes embarcados e com uma análise financeira da operação portuária, começaram então a surgir, no porto de Santos e em seguida no porto de Paranaguá, os terminais construídos especialmente para o açúcar a granel. A velocidade em que ocorreu todo este desenvolvimento fez com que o aprendizado, assim como a busca da mais adequada e melhor tecnologia, em termos de engenharia e operação, fossem pesquisadas, conhecidas e adquiridas. Acho até que essa conquista já foi obtida, pois em visita recente a dois terminais Europeus, pude constatar, mais uma vez, o excelente e plenamente satisfatório nível e estágio tecnológico que o Brasil atingiu neste setor, nesta última década.