Diretor Superintendente da CE Santa Elisa
Op-AA-11
O estágio atual do comércio mundial de álcool tem adquirido uma dimensão significativa. Mais importante que o volume atingido, o crescimento rápido deste mercado, somado à diversidade das operações e ao número de países envolvidos, leva-nos a crer que ele se encaminha para se tornar uma commodity global.
Para melhor compreensão do desenvolvimento atual, temos que considerar uma perspectiva histórica recente, mais precisamente desde 2001. Apesar de ter uma história longa e ser um produto tradicional, o álcool já foi considerado o combustível favorito por pioneiros da história do automóvel, como Henry Ford e Otto Benz, antes mesmo do crescimento do petróleo. O álcool tem atraído mais a atenção de diversos países do mundo desde 2001, como aditivo e também como combustível alternativo, devido a alguns fatores relevantes:
A experiência brasileira e a expansão da visibilidade do álcool: Conhecemos de perto a realidade brasileira do álcool, pois o nosso país foi o pioneiro mundial na implantação de um programa alternativo de grande escala baseado no álcool, por ocasião das primeiras crises do petróleo.
A utilização do álcool como combustível, no caso do hidratado, não tem ainda paralelo no mundo, já que o Brasil tem cerca de 35 mil bombas com álcool combustível. Os EUA, por exemplo, tem somente cerca de mil bombas com álcool combustível, tendo o país, atualmente, um consumo de gasolina quase 20 vezes maior.
Em uma visão mais ampla, o fenômeno da opção pelo álcool só veio a adquirir visibilidade mundial, a partir do mandato para seu consumo como aditivo, estabelecido, para a Califórnia, em 2001. O interesse mundial crescente: Desde o advento deste consumo significativo pelos Estados Unidos, o interesse, especialmente de países desenvolvidos, não parou de crescer, reforçado por alguns fatores importantes:
Volumes atingem níveis de commodities: Isto tem contribuído para um comércio crescente de álcool no mercado mundial, que já atingiu um volume de 6 bilhões de litros, em 2006. Neste crescimento, que consagrou o Brasil no posto de maior exportador do mundo, os participantes deste mercado começaram a se deparar com problemas, que são típicos de produtos com comércio de grandes volumes em escala mundial. Dentre estes produtos, o grupo das commodities apresenta algumas características comuns, como:
Entraves ao livre comércio - Expansão do uso e do comércio de álcool, baseado em incentivos e barreiras locais: O uso do álcool como combustível ou como aditivo tem sido incentivado pelos governos interessados, a exemplo do que vem sendo feito pelo Brasil, desde o final da década de 70. No caso específico do álcool, o desenvolvimento de fluxos livres de cargas entre os países vem sendo influenciado por diversos fatores, tais como:
Podemos identificar que há uma pressão grande e crescente de diversas empresas e forças políticas, que trabalham para dar uma maior liberalização deste mercado mundial de álcool. A motivação central é obter maior liquidez e transparência nos preços, beneficiando importadores e consumidores finais e obtendo a garantia de abastecimento nos países.
Dentre os objetivos mais importantes para facilitar e aumentar o comércio internacional, no sentido de consolidar o álcool como uma commodity internacional, podemos destacar:
Esta consolidação do álcool como commodity internacional poderá ser benéfica aos países produtores, especialmente ao Brasil, pelos motivos seguintes:
Em conclusão, a perspectiva do álcool como uma commodity internacional é uma oportunidade ímpar para o Brasil e benéfica para outros povos, pois, no mundo globalizado, o cuidado com o meio ambiente é uma prioridade de todos.