Diretor da Multiplus, Promotora da Fenasucro e Agrocana
Op-AA-04
Desde 1993 temos trabalhado com o mercado de álcool de maneira indireta, porém, estabelecendo contatos e parcerias com autoridades, especialistas, profissionais e empresários que atuam neste segmento e que de alguma forma interferem nos destinos do setor sucroalcooleiro. Assim, mesmo não sendo estudiosos do assunto, acabamos nos transformando em grandes admiradores da força da agroindústria canavieira e incentiva-dores da conquista de novos horizontes por esta vigorosa cadeia econômica verde e amarela.
Promovemos a Fenasucro, há 13 anos, e a Agrocana, desde 2003. Durante todos estes anos, pudemos acompanhar os ciclos, ora favoráveis, ora contrários, ao setor. Atravessamos planos econômicos, troca de moeda, quebradeiras na Rússia, nos Tigres Asiáticos e na Argentina, superproduções acompanhadas de preços minguados, entre outras interferências.
O segmento a tudo sobreviveu, tirou suas lições e se fortaleceu. Hoje, vive um ciclo virtuoso, onde as oportunidades estão se abrindo, não ao acaso, mas fruto de muito trabalho, organização, talento e empreendedorismo. Sim, o mundo quer e precisa do álcool. O etanol transformar-se-á numa commodity, ganhará regras mais claras e seguras, ajudará a poluir menos a atmosfera do planeta. O Brasil tem tudo para se beneficiar dentro deste novo cenário, já que dispõe de área, tecnologia, tradição e até mesmo infra-estrutura.
Obviamente que ajustes precisam ser feitos, bem como esforços nas esferas política, comercial e diplomática, mas tudo indica que o mercado mundial do álcool é algo que estamos construindo dia a dia e que em poucos anos estará pulsante, gerando negócios entre as nações produtoras e consumidoras. Acreditamos nestas perspectivas e trabalhamos para que aconteçam.
Aprimoramos a cada ano a realização da Fenasucro, que este ano será realizada simultaneamente com a Agrocana, de 20 a 23 de setembro no novo Centro Zanini de Eventos, em Sertãozinho, aglutinando produtos, equipamentos, serviços e tecnologias, tanto para a área industrial, quanto para a área agrícola das usinas. O evento vem crescendo e evoluindo desde sua primeira edição, atraindo o interesse de usinas e profissionais que atuam no setor, do Brasil e do exterior, interessados nos avanços e tecnologias disponíveis no maior pólo mundial sucroalcooleiro.
Em 2004, tivemos a visita de profissionais de 26 países. Com o objetivo de oferecer uma melhor infra-estrutura de recepção aos visitantes, criamos, em 2000, o Brasil Cana Show, um programa que inclui, além da Fenasucro e as vantagens do turismo receptivo, oportunidades de conhecer in loco algumas das principais usinas da região de Sertãozinho.
Estamos caminhando para a quinta edição do Brasil Cana Show e, neste período, centenas de estrangeiros de 20 diferentes países puderam ver e conferir de perto porque o Brasil desponta na produção mundial de açúcar e álcool. Este intercâmbio tem colaborado para aumentar o interesse de outros países pelo etanol brasileiro e também em saber como ele é produzido.
As visitas estrangeiras a Fenasucro mostram ainda nossa capacidade de gerar tecnologia e novos processos. Em outras palavras, se as usinas brasileiras ou estrangeiras quiserem se modernizar ou aumentar sua produção, podem ir tranquilamente às compras na Feira, pois lá estará concentrada toda a tecnologia existente no setor.
Este é um dos propósitos da Fenasucro que, este ano, ao lado da Agrocana, reunirá cerca de 450 expositores num novo espaço, um dos maiores do interior do Brasil: o Centro Zanini de Eventos, em fase final de construção e remodelagem. Traduzindo, o maior encontro mundial da cadeia sucroalcooleira, em fase de expansão, pretende reforçar que este setor está bem preparado para crescer e atender as expectativas do mercado mundial.
O Protocolo de Kyoto já entrou em vigor e dezenas de nações, precisarão, em breve, reduzir a emissão de poluentes. O etanol brasileiro, cada vez mais, parece ser uma solução prática, racional e disponível no curto prazo. Vale ressaltar que, na abertura da Fenasucro 2005, a Unica promoverá o Fórum do Álcool, evento que vai tratar dos assuntos “Etanol como commodity”, “Capacidade de exportação brasileira” e “Infra-estrutura e logística para a exportação de álcool”.
Em 2004, o Brasil exportou cerca de 2,3 bilhões de litros de álcool. Poderá em breve comercializar 4, 6 ou 8 bilhões de litros. Com a demanda interna crescente em resultado do sucesso estrondoso dos veículos flex-fuel, as usinas brasileiras terão também que suprir este mercado. Mas o Brasil pode facilmente aumentar sua produção interna anual de etanol de 13 para 15, 17 ou 20 bilhões de litros de álcool, nos próximos cinco anos. Novas usinas e destilarias estão em construção para garantir o fornecimento.
O Brasil saberá pavimentar, com muita negociação, diplomacia e capacidade de produção e escoamento, um caminho seguro para o mercado mundial de álcool. Trata-se de uma oportunidade histórica, para o setor e para a economia nacional, e não podemos nos dar ao luxo de perder a dianteira neste cenário. Temos que, fazer a nossa lição de casa, com investimentos, tecnologia e muita criatividade.
O papel da Fenasucro e da Agrocana é trabalhar com vigor, em parceria com entidades de peso, como a Unica, Stab, Ceise/Ciesp, Abimaq, Sebrae-SP, Unesp, Copercana, Canaoeste, Prefeitura e Sindicato Rural de Sertãozinho, entre outras. Quem visitar as duas Feiras em setembro, ou participar de algum dos seus 10 eventos simultâneos, constatará que estamos, de fato, preparados para conquistar o mercado mundial do etanol. Que venha a expansão do comércio do álcool no mundo!