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Roberto Henrique Ritter

Diretor Geral da Renner Herrmann

Op-AA-07

Tintas anticorrosivas e ecológicas

Até há pouco tempo, uma marca consolidada no ramo de anticorrosivos necessitava, principalmente, de ótimo desempenho de seus produtos e de aumento significativo do tempo de  vida  útil  do  equipamento ou da estrutura aplicada.  Poluição,  efeitos  comprometedores em trabalhadores e no meio ambiente  não  eram  levados em consideração, pois pouca relevância era dada a estes quesitos.

As constantes pesquisas relacionadas à degradação de nosso meio ambiente, assim  como a preocupação com o contato de produtos nocivos, fizeram com que a indústria de tintas anticorrosivas passasse a buscar um avanço tecnológico para minimização de tais efeitos nocivos. As  restrições  impostas no exterior, principalmente nos EUA e na Europa, em  relação  à  quantidade  de  solventes  emanados (VOC), fizeram com que fabricantes e usuários optassem por produtos com baixo VOC, obviamente visando minimizar a poluição com solventes.

Além dessas restrições a VOC, a  pigmentação com metais pesados também vem sendo restrita e proibida em várias empresas, com foco na qualidade operacional e ambiental. Outro dado importante, relacionado a tratamento de superfície, refere-se ao jateamento abrasivo com areia seca, que é um dos mais tradicionais e eficientes métodos de preparação de superfície. A doença operacional causada pelo método, Silicose, inutiliza o  operador.

Ante  a  esta agressividade,  outros métodos foram sendo implantados, como o jateamento com  areia  úmida,  e  a  substituição da areia por outros abrasivos, como granalhas de aço, óxido de alumínio, escórias de cobre, etc. A mais recente alternativa, o hidrojateamento,   vem sendo utilizado cada vez mais, devido aos ótimos resultados e apelo ecológico.

Ressaltamos,  porém,  que  o  hidrojateamento  somente regenera o perfil de rugosidade da superfície adquirida na pintura original e remove corrosão  e  pinturas em mau estado. O hidrojateamento pode ser executado em  paralelo  com  serviços  de caldeiraria, reparos elétricos e pintura. Isto  leva  a  uma  redução do prazo da obra e a uma conseqüente diminuição nos custos. Outro fato relevante é o de sais solúveis, como cloretos e sulfetos,  ficam na faixa de  0,97 a 2,10 g/cm2, enquanto no jateamento com  areia  seca,  variam  entre 15,00 e 25,0 g/cm2 (5). A contaminação do substrato  com sais solúveis é um dos fatores mais importantes no caso de corrosão prematura.

Em um momento decisivo, resolvemos direcionar esforços para a produção de produtos  menos  agressivos,  garantindo  durabilidade  e  facilidade  de aplicação.  Entre  as várias fases de estudos comparativos, entre produtos base água e aqueles de menor teor ou isentos de VOC, foram feitos de produtos de baixo VOC e No VOC.

Além de uma performance infinitamente superior dos produtos No VOC, acreditamos ser muito melhor produzirmos tintas com  produtos especialmente fabricados para a finalidade de coatings, ao invés  de  utilizarmos  água,  um  bem  de  consumo  cada  vez mais raro, contribuindo, assim, para nosso ecossistema. A fabricação  de  produtos de baixo VOC não é novidade na Renner. Produtos com  altos  níveis de sólidos em epóxi são produzidos há mais de 15 anos, como o Oxibar DST 535, com 80% de sólidos por volume.

A  preocupação  em ofertar ao mercado produtos cada vez menos agressivos, tanto em solventes, quanto em pigmentação, gerou sucessivas pesquisas e procura   por   matérias-primas alternativas,  que  pudessem  melhorar  a qualidade  nos  locais  de  aplicação  e no meio ambiente, garantindo boa aplicabilidade  e  performance.  A  evolução  desta  tecnologia  de alto sólido levou a uma nova geração de produtos.

Hoje,  oferecemos  ao  mercado  o  produto Revran ECO NVC 997, com mais de 1.000.000  m²  de  aplicação  em  obras offshore, ambientes hospitalares, refeitórios  e  tanques de água potável. Este produto tem características únicas. A  aplicação  sobre  superfícies úmidas o faz totalmente compatível com o hidrojateamento, permitindo  que  seja  aplicado  logo após sua execução sobre  a  superfície úmida, evitando a recontaminação desta pelos sais  solúveis.

A aplicação wet-on-wet (úmido sobre úmido), permite que se  complete  um  esquema  de  pintura  de 600µm em apenas uma jornada de trabalho,   sem   prejudicar   a  performance  anticorrosiva.  Outro  dado importantíssimo é a aplicação até 100% de URA. A mudança foi possível com a utilização de matérias-primas diferenciadas, de  menor  peso  molecular; moléculas de características reativas e baixa viscosidade; assim como aditivos convencionados superdispersores.  

A  obtenção  de  resultados  significativamente  positivos,  com  produtos isentos  de  VOC,  em sinergia com pigmentação destituída de metais pesados e tratamento  de  superfície,  utilizado  com umidade residual e superfícies totalmente molhadas, demonstram a possibilidade de aplicação de um sistema  anti-corrosivo  e  de  alta  resistência  química, com performance superior, mantendo total respeito ao ser humano e ao meio ambiente.

A  superioridade  destes  produtos,  ante  aos  anteriores,  são visíveis e constituem uma quebra de paradigmas em um sistema de pintura, quanto a URA,  tratamento  de  superfície  e durabilidade. Conseguimos aliar estes novos  conceitos  a  produtos  de  tecnologia  totalmente desenvolvida em nossos   laboratórios, e, principalmente, contribuir  para  a melhora significativa no ambiente de trabalho e para uma vida mais prolongada de nosso planeta. As gerações futuras certamente nos agradecerão pela atenção dada a este assunto.